Chengdu, ao leste de Xi Jin
A terra se mexeu. Não era como um terremoto e era tão irrelevante até mesmo para a formiga que passava ao lado daquela minúscula rachadura.
Dentro dessa rachadura, uma semente se movimentou almejando a vida, assim como um fantasma faminto olha para os vivos e deseja comê-los, tomar seu corpo, usufruir de sua mente patética.
Desgraça, a semente da desgraça. A abótrea* eclodiu no solo, jogando a formiga para o lado. O tronco verde, era tão escuro que a vegetação, na mesma intensidade, parecia pequenas estrelas e ela, o único ponto de vazio. As flores roxas, ainda em seus brotos, ocuparam todo esse caule que exalava o odor da morte. Uma a uma, as pétalas se abriram, deixando que a beleza desossada e crepitante exalasse seu brilho.
Uma gota sutil de seu suco derramou sob a terra e a morte se espalhou. A flor pôde se alegrar e encontrar, enfim, o destino que lhe era dado e a formiga, bebeu esse suco para prosseguir com tal destino.
†
A criança de cabelos desgrenhados correu até o rio com a cabaça de água e puxou a água, límpida e fresca. Ela parecia cansada e o suor escorria pela testa, mas havia um sorriso agradável em seu rosto.
— Pequeno Mao, espere-me! — A voz infantil veio por entre as árvores do bosque e a pequena figura desastrada, tropeçou assim que atravessou para a clareira.
O garoto na margem do rio gargalhou.
— Shimei, tome mais cuidado!
Embora sua expressão fosse alegre, o Pequeno Mao levantou-se rapidamente a socorro da irmã mais nova. Infelizmente, já era tarde demais e seu nariz estava sangrando. O rosto infantil e delicado era uma mistura de terra, folhagem e sangue.
— Venha, vamos lavar essa sujeira.
A garotinha fez beicinho e seus grandes olhos encheram-se d'agua quando fechou as pequenas mãozinhas em punho. Mas, ela não chorou. Mamãe havia lhe dito que mulheres fortes não choravam porque caíam, elas choravam quando se viam incapazes de driblar a Impermanência*.
— Por que você correu? Se você se machucar e ganhar uma cicatriz, como irá se casar? — Falou tirando as folhas da roupa da irmã.
— Eu não teria corrido se dage não tivesse ido à frente. Não culpe esta dama!
— Tudo bem Jovem Dama, apenas lave o seu rosto e vamos voltar, vovô Mao ficará preocupado.
A garotinha se agachou à beira do rio e jogou água no rosto, sentindo a temperatura gélida contra o rosto. Ela estremeceu e seu corpo foi tomado por um arrepio e sorriu alegre para o irmão.
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Falhas Eternas - Vol. 02
Romansa"- Venha comigo e dance. Beba vinho até que a lua e as estrelas fiquem bêbadas e abrace o sonho passado. Destrua toda a parede invisível que você criou. Venha comigo e beije-me!Traga-me seu desejo e permeie meu ser, visceral. Façamos um futuro junto...