4- o clube

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Já havia perdido até o último fio de minha sanidade.

Estava me deixando levar completamente pela música. Minha cabeça já estava em outro lugar, e meu corpo se mexia por contra própria, uma sensação que confesso nunca ter sentido antes.

A música alta não me incomodava mais, assim como a multidão. Já havia gargalhado com estranhos, pulado até não aguentar mais, bebido de outros copos.

O apelido "Ladybug" não me soa mais embaraçoso, até ouvir outros como "Queen bee". Sério, é muita humilhação se auto nomear "rainha".

O centro do galpão conseguiu se lotar mais. Fui de dançar valsa (sim, eu sei) até pular histericamente. Mas é aquela coisa, só se vive uma vez.

Descobri que o orgulhoso que me abordou é, simplesmente, o dono daqui. E não me entra na cabeça que literalmente todos o veem como algo superior, quando tudo que ele faz é dar em cima de qualquer uma que vê pela frente.

— Vejo que está se divertindo sem mim.

Falando no diabo...

— Não enche. Estou finalmente começando a achar graça em se aglomerar com um bando de estranhos. — continuo dançando. Talvez assim ele vá embora, se tiver o mínimo senso de percepção que está perturbando.

— Ora, não me trate assim. Eu te recebo calorosamente, e é assim que me retribui? — ele circula em volta de mim. Diminuo o ritmo e o olho.

— Mas você é insuportável! — exclamo, já impaciente. Ele, para minha surpresa, sorri.

— Repete. — seu rosto estava extremamente próximo do meu.

— Ah, o que você quer? — pergunto. Imediatamente me arrependo.

— Você sabe muito bem o que eu quero. — Chat Noir, agora, coloca uma de suas mãos em minha cintura.

Vamos jogar o jogo dele, então.

Eu ainda não resolvo enigmas. Vai ter que me esclarecer. — olho em seus olhos, através na máscara preta que usa.

— Me poupe das preliminares, Ladybug. — com a outra mão, ele segura meu rosto, levantando um pouco para me fazer olhar para ele, já que é um pouco mais alto. Eu com certeza me arrepiaria agora, se não estivesse mais impaciente do que qualquer outra coisa.

— Uma coisa que não me sai da cabeça. — me desvencilho dele. — Você tem um batalhão de garotas a sua disposição, e decide ir na única que não tem interesse? Um tanto peculiar, não acha?

— Mas é essa, justamente, a graça. — ele me olha. — Venha, quero que dance comigo.

— Mas já não estamos fazendo isso? — pergunto. Meu corpo já estava se mexendo de acordo com a música, novamente.

— Não, não. Quero que dance como antes.

Deixo toda minha vergonha e resto de dignidade de lado. Começo a dançar como antes fazia, balançando os quadris e de vez em quanto os braços, curtindo a música. Algumas garotas tentavam puxar Chat Noir para um canto, mas não adiantava; seu olhar estava fixo em mim, e o meu, nele.

Dançava indo em sua direção, agora. Deixava suas mãos percorrerem meu corpo. Céus, quem nos via de longe certamente acharia que tínhamos um caso.

Já são quase quatro da manhã. Após tudo isso, me sento em um dos sofás para me recuperar um pouco.

Estou há um passo da porta, quando sinto uma mão em meu ombro.

— Onde pensa que vai? — Chat Noir pergunta, me virando para ele. A porta de saída é um lugar significativamente mais silencioso, então só agora escuto sua voz direito.

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