12- revelações

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Estou deitada na minha cama, exausta. Não parei nem por um segundo desde que saí no dia anterior, pro desfile. Minha cabeça está a mil.

Alya ganhou ontem, e comemoramos até não aguentar mais. Após isso, a noite não durou muito. Adrien recebeu uma ligação urgente de seu pai, dizendo que sua mãe, Emilie, havia piorado. A reação de Adrien me assombra até agora. Seu corpo começou a tremer, e apenas desligou a ligação.

O acompanhei até meu apartamento, onde estavam as malas dele. Silêncio durante todo o trajeto.

"Você vai ficar bem?", havia perguntado.

"Não sou eu que tenho que ficar bem, Marin.", responde enquanto pegava as malas. "Não vou demorar tanto quanto na última vez. Prometo."

E então, em um piscar de olhos, ele parte.

Não estava com cabeça para ir à empresa hoje. Provavelmente todos estarão animados e exaltados, e não estou com energia para lidar com isso agora. De forma preguiçosa, vou até a cozinha preparar um café.

Alya me liga para saber como estão as coisas, e respondo vagamente que bem. Acho que vou naquele jardim hoje, parece uma boa hora.

Coloco roupas de frio, e saio de casa. Entro no carro e dirigi atentamente, tentando lembrar o caminho.

Recebi uma ligação, no meio do trajeto. Desbloqueio a tela do meu celular e vejo que é o Gabriel, quem me liga.

Encosto o carro e atendo, confusa.

"Preciso que fique no comando da empresa hoje, se possível. Chloe, quem ficaria, teve de sair mais cedo e não poderá ficar." — diz, disparadamente.

"Claro, senhor Agreste." — respondo, mas confusa. E, bem, teria de mudar minha rota. Volto a dirigir.

"Obrigada, Marinette. Imagino que Adrien te contou sobre a situação de Emilie, certo?"

"Contou, sim. E sinto muitíssimo pelo ocorrido." — Gabriel solta um suspiro pesado, que deu para ouvir até através do aparelho.

"Ele deve te ligar, eventualmente. Só peço, por favor, que vá para a empresa e dê ordem àquele lugar, enquanto não estou." — não entendo o porquê dele estar tão seguro em relação à Adrien me ligar, mas ignoro.

"Pode deixar, senhor. Melhoras para sua esposa, espero que ela fique bem logo." — o mesmo suspiro se repete, de forma mais dolorida. Ele finaliza a ligação.

Dirijo rapidamente, até chegar no prédio. Saio do carro e vou até o segundo andar.

— Bom dia gente. — cumprimento, tentando forçar um sorriso. — Ocorreu um imprevisto e, hoje, eu que estarei no comando aqui. Qualquer coisa é só chamar, está bem? Estarei à disposição até noite.

Concordam, então vou até minha sala.

Solto um pesado suspiro, e então começo a organizar minhas coisas. Pastas fora dos devidos lugares, o carregador do laptop embolado, rascunhos de possíveis obras, e por aí vai.

O céu estava cinza, e as vezes o vento gelado invadia a sala, pela janela semi aberta. Ora refrescante, ora desconfortável.

Começo a digitar um novo edital, e responder alguns e-mails. Se passaram alguns longos minutos, então saio da sala para ver como estavam indo as coisas.

Parece que o lugar sem uma figura de autoridade ficava perceptivelmente mais leve. Digo, eu meio que estou no comando agora, mas não é como normalmente. Sorrio de leve para alguns funcionários que passam por mim, e saio para comprar algumas revistas na bancada em frente ao prédio.

Fazia isso quando queria saber sobre os assuntos no momento, e o que estava na moda. O que faria as pessoas usarem minhas peças, o que chamaria atenção?

Mas, convenhamos, eu estava apenas matando tempo. O longo dia estava apenas começando.

•••

Assim que dá sete horas da noite, me levanto da cadeira e estico a coluna. Todos já estavam se retirando e despedindo, por finalizarem o turno. Recolho meus pertences e faço o mesmo.

Decido retornar ao que planejava fazer, mais cedo. Entro no carro e retomo meu caminho ao jardim.

Um pouco de ar fresco, após um dia inteiro presa em uma sala, não faria nada mal.

Estaciono o veículo, e saio. Levo apenas meu celular comigo, por precaução.

Chegando lá, o lugar está exatamente como da última vez. As flores, agora secas, balançavam-se uniformemente com o vento, de forma suave. Me sento no banco, o mesmo em que estava na última vez, e olho em volta. Céus, aquele lugar era realmente bonito, mesmo na escuridão que estava. Os postes de luz auxiliavam um pouco nisso, e dava até um pouco de charme.

Inalo o ar puro, com resquícios do cheiro das flores.

Mas como sempre, é impossível ter mais de dez minutos de paz.

Escuto um barulho vindo da minha esquerda, em meio ao mato. Me levanto em um pulo, tentando identificar o que era. Alguém sai correndo, de lá, até o final do caminho de pedras. Corro atrás, extremamente confusa.

Ei, espera aí! — o homem usava um conjunto de moletom de tons escuros, e corria realmente rápido.

Não obtive resposta. Que bela oportunidade para ficar correndo que nem uma histérica em plena noite de sexta feira.

— Eu disse para esperar! — consigo alcançá-lo e o empurro para o chão. Quando ele se vira para levantar, eu não consigo reagir. Apenas fico parada. — Mas que merda?

Meu corpo trava. O homem que corria era simplesmente igual à Adrien. Ou era ele? Mas não fazia sentido nenhum.

Caminho em sua direção, agora buscando não chamar muita atenção. Ele procurava uma saída, pelo portão que eu deixei trancado assim que entrei.

— Adrien? — pergunto, baixo. Após um longo instante, desisto, e volto para onde havia luz.

Meu celular toca. Seu número aparece na tela do aparelho, o que só confirma que não era ele que estava aqui. Então, quem raios era?

"Adrien, você não vai acreditar-"

"Ela se foi." — me interrompe, e simplesmente diz.

"Céus, Adrien..." — é minha honesta reação. — "Eu... eu sinto muitíssimo."

"Queria que você estivesse aqui. Seria muito mais fácil de lidar." — consigo ouvir seu suspiro. — "É errado eu estar de certa forma aliviado? Digo..."

"Não existe sentimento certo ou errado, agora. Ela estava sofrendo muito, pelo o que você me disse. E ela não está mais tendo que passar por toda essa dor."

Encaro o chão, enquanto o silêncio invade a ligação. Não consigo nem imaginar o que ele deve estar sentido. Sua voz soava chorosa, obviamente, e ao ouvi-lo, senti um inexplicável aperto no peito.

Saio do transe quando observo o mesmo homem vir em minha direção, saindo das sombras e vindo em direção à luz cauda pelos postes. Considerei até estar alucinando, era tudo muito inexplicável.

— Olá, Marinette. — ele tira o celular do meu ouvido. O aparelho se desvencilha de mim com uma facilidade ridícula.

— E quem é você? — pergunto.

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⏰ Última atualização: Sep 02, 2023 ⏰

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