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três meses depois

Desde que Adrien partiu, ando trabalhando mais arduamente do que nunca. Durante os noventa e um dias, direto, produzo a nova coleção de inverno da marca Agreste. É, eu sei. Cedo demais? Loucura deles colocarem tamanha responsabilidade em mim?

Concordo. Mas acontece que está dando certo.

Amanhã vou para a empresa finalizar alguns toques finais, e necessários. O desfile acontecerá em uma semana, e só consigo pensar nisso ultimamente.

Alya e eu já estamos nos falando normalmente. Ela, levando meu xingamento como inspiração, agora está indo para o lado do jornalismo investigativo. Mas estão mais próximos do que nunca de prender o tal perseguidor, pelo menos.

Dois meses atrás, recebo uma mensagem de Adrien dizendo que terá que ficar mais tempo. Por conta do trabalho, e também porque sua mãe adoeceu. É totalmente errado da minha parte pedir para ele voltar antes, então demonstrei o máximo de compaixão possível. Sinto falta dele, muitas vezes. Principalmente à noite, quando me deito sozinha. Mas não podia fazer nada.

Em compensação, tenho o trabalho para me ocupar. Agora mesmo, três da manhã, estou finalizando alguns rascunhos. É, de fato, o trabalho dos meus sonhos. Mas esperava mais, sabe? Eu estou apenas começando, deve ser por isso.

Muitas coisas aconteceram em três meses. E mal posso esperar para o que tem por vir.

•••

Saio uma hora mais cedo de casa, para poder parar em uma cafeteria perto. Enquanto caminho, me deparo com alguém que não esperava ver por um bom tempo.

— Não acredito! — exclamo, ao vê-lo. — O que o maior musicista de Paris está fazendo, andando na mesma rua que eu? — brinco.

— Marinette! — exclama, com a mesma animação. — Eu que te pergunto. Fiquei sabendo que está trabalhando como estilista, né? Que bacana! — sorri.

— Ah, não. Você e minha minha mãe ainda unem forças para fofocar sobre mim? — rio.

— Não diria com essas palavras...

— Bom, eu vou parar em uma cafeteria antes do trabalho. Quer vir junto? Aí contamos as novidades.

— Me parece bom. — Luka sorri, e fomos até o local.

Assim que chegamos, sentamos e fizemos nossos pedidos. Era estranho demais olhá-lo, depois de tanto tempo. Me pergunto se ele pensa o mesmo.

— Então, pequena. O que está achando do novo trabalho? — pergunta. Ele sabe, como ninguém, da minha fascinação por moda. 

— É simplesmente inexplicável. Fui convidada para fazer a nova coleção de inverno, acredita?

— Caramba, que incrível! Deve ser muito gratificante.

— É mesmo. — sorrio. — Mas, me conte. Como estão as coisas?

— Juleika abriu uma floricultura com Rose. — diz, com empolgação. — E acabo de voltar de uma tour de seis meses! Insano, não?

— Inacreditável. E de pensar que já namorei um astro do rock. — rio, mas depois fica um silêncio constrangedor. Na minha cabeça, o comentário era menos sem noção.

Nosso pedido chega. Salva pelo gongo.

Bebo um pouco do meu café, e o olho.

— Ignora essa última parte. Como foi a tour?

— Relaxa. — ele ri fraco. — Foi bem boa, na verdade. Deu uma alavancada na carreira, sabe? — para por um momento, para morder um pedaço da baguete.

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