Capítulo 2

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Capítulo 2


Poliana


— Eu.. ahm... — comecei a gaguejar sob a mira de seu olhar intimidador — vim pegar meu celular que esqueci ontem ... ahm... por causa do lance da piscina.

— Você estava bisbilhotando! — Sua voz foi dura e forte assim como a mão firme que ainda me mantinha presa.

Arqueei as sobrancelhas e ri tentando aliviar a situação.

— Não, eu bisbilhotando nunca, bom... pelo menos não dentro de um ano quando eu tiver me formado em jornalismo, mas ainda tem o ano todo pela frente e eu ainda estou pensando sobre o que será meu trabalho de conclusão, sou apaixonada por tantas coisas que nem sei... — Falo rápido, (mais rápido que o normal, e o meu normal já é mais rápido do que a maioria das pessoas) e vou recuando passo a passo para trás, mas ele não me solta. Eu o estou bombardeando de informações. — Acho que estou indo rápido demais... talvez você nem esteja entendo o que eu estou falando, meu namorado Beto, sabe aquele altão que veio aqui comigo ontem a noite? Ele sempre diz que eu sou tipo uma metralhadora ambulante, aliás falando na noite de ontem , os cookies você rejeitou nós comemos todos, ou melhor, eu comi todos, porque o Beto não come tanto quanto eu, sabe ele é meio fanático com exercícios, está sempre cuidando do físico, porque ele é policial militar sabe, então você deve imaginar. Ahm... o que estava falando mesmo ...

Não há humor nele nem qualquer vestígio de que esteja suavizando com meu bombardeio, mas não consigo evitar.

Eu continuo recuando e ele continua dando passos em minha direção.

— Ah... lembrei... Eu apareci pra pegar o celular, fiquei apertada para ir no banheiro, e eu sei que eu não deveria estar andando pelo seu apartamento, que diga-se de passagem é lindo. Dá os parabéns para a pessoa que decorou. Realmente muito bom gosto. O que me faz lembrar do meu apartamento. Você acredita que eu só tenho um sofá e uma televisão na sala e nem foi por opção, eu ganhei dos meus pais quando comecei a morar sozinha. Hoje até comprei uma bateria, o barulho que fiz hoje tocando não te incomoda né? Ahm... será que você pode soltar o meu braço? — Pedi assim que minhas costas tocaram a parede fria.

Ele não soltou. E na olhadela rápida que dei para a mão dele vi letras tatuadas entre os nós dos dedos cheios de anéis.

— A única coisa que está me incomodando é você invadindo minha residência menos de vinte quatro horas.

— Ah... — eu rio — mas eu já me desculpei por isso, não precisa se preocupar eu não vou roubar nada, e prometo que isso não vai voltar a acontecer, eu conheço todos os moradores aqui do prédio, do primeiro ao décimo oitavo, eu sou do décimo nono. Não posso dizer que conheço o senhor porque ainda não sei seu nome, mas por nossas poucas interações já posso perceber que é um homem reservado, poucas palavras. Deve ser do tipo que só responde as mensagens do whatsapp com reação, sabe aquelas opções tipo, curtir, coração polegar, eu nunca uso esse tipo de coisa , sou mais do tipo que manda áudio e daqueles bem longos. — Umedeço os lábios ligeiramente e continuo. — Eu realmente preciso ir, ou vou acabar me mijando aqui mesmo. E isso seria mais constrangedor do que o encontro de ontem, na verdade quem gostaria de ver algo do tipo seria o meu cachorro Lilo, ele sempre se mija todo de alegria quando chego em casa. Não que eu estivesse me urinando de felicidade por sua causa, é só porque eu bebi muita água mesmo, eu bebo sei lá... uns quatro litros por dia deve ser porque eu falo demais, e fico com a boca seca, é meio que um círculo vicioso, falatório, sede, xixi...

— Poli!? Aí está você! — Greta, me chama.

Graças a Deus! Olho na direção da porta e vejo as três me esperando na porta de entrada. O moreno mal educado solta meu braço.

Meu Malvado favorito -Onde histórias criam vida. Descubra agora