Capítulo 5

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Nathaniel

Olhei para o ponto aceso do cigarro queimando lento entre meus dedos, dei uma tragada mais devagar agora e voltei meu olhar para minha vizinha. Meu celular ainda estava em suas mãos e o clima entre nós é tenso, ela me dá o tempo que preciso e aguarda enquanto busco as palavras certas.

Sei o que pareço aos olhos dela, um monstro cruel,um sequestrador abusador. Deixo a fumaça sair e começo não sabendo as consequências de deixar essa mulher entrar em nossas vidas, conhecer nosso passado e nossos piores momentos.

A mulher que você encontrou é minha irmã Alessandra Petrov. Somos gêmeos e apesar de termos nascidos ao mesmo tempo, sidos adotados pela mesma família, a vida não nos abençoou com a mesma sorte e a loteria genética de quem quer que fossem nossos pais, deixou para Alessandra a síndrome de asperger. Trinta anos antes ninguém entendia muito sobre isso e as peculiaridades dessa síndrome, e para as pessoas que nos adotaram Alessandra se fechar e quase nunca falar ou manter contato visual era uma fase, ou traços de uma personalidade retraída, para todos uma menininha manhosa de cinco anos tentando se adaptar a nova família.

Com o passar dos anos, minha irmã foi a predileta dos dois, para mim sobraram as surras por comportamento rebelde, porém em minha ingenuidade infantil não percebi que a predileção nesse caso não era um presente e sim um tormento.

Nós estudamos... crescemos e meu foco sempre foi ter dinheiro o suficiente para provar que eu era digno de orgulho. Com dezoito anos já tinha ganhado meu primeiro milhão com a venda um software que programei.

Eu saí de casa, mas Petrov continuava com a guarda de Alessandra e ele se recusava a deixar ela sair de casa. Era sua menina.

Lembrar de tudo faz meu estômago se revirar. Meu cigarro agora já queima só o filtro, jogo no chão e com a ponta da sola de meu sapato esmago até que vire apenas pó. Entrelaço os dedos das mãos e os aperto. Vem a pior parte agora. O sangue corre mais rápido e sinto o coração batendo com força , minhas veias das mãos já aparentes debaixo de todas as tatuagens, ficam ainda mais visíveis.

As veias se dilatam com a pressão... — comento quase para mim mesmo.

Me levanto do lugar onde estou e dou uma bufadas preciso de um tempo para recomeçar.

Poliana não me pressiona pelos detalhes e apesar de seu silêncio sinto seu olhar me acompanhando a cada passo que dou em direção às flores que ela plantou.

Cautelosa ela chega mais perto e aguarda por mais.

Quando soube da morte de nossa mãe voltei para casa no meio da noite, estava no outro lado do mundo, mas o dinheiro tem dessas... estreita qualquer distância.

Entrei em nossa antiga casa, fui até o quarto de minha irmã e o encontrei lá com ela. Na mesma cama dormindo em sua cama como se ela fosse a sua mulher. Naquele momento percebi a mentira que foi nossa infância, entendi a preferência que eles tinham por ela. Se aproveitaram de sua fragilidade. Eu me aproximei da cama e coloquei a mão sobre o ombro de minha irmã ela se assustou quando me viu na escuridão, mas quando me reconheceu fez o que eu pedi e me esperou fora do quarto.

— Eu o matei com minhas próprias mãos — Conto sem dizer os detalhes mas eles estão vivos, minhas mãos ao redor de seu pescoço, apertando com força, morte por asfixia era rápido demais para um porco com ele, então comecei a esmurrá-lo até que os ossos de sua face podre se desfizessem pelas pancadas, bati até ele não conseguir mais reagir, porque tinha que ser o mais doloroso possível.

Paro de falar e preciso de outro cigarro. Dou uma tragada e encaro Poliana, percebo seu corpo retrair-se, seus braços estão cruzados ao redor do corpo.

Meu Malvado favorito -Onde histórias criam vida. Descubra agora