Frustrados

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Quando recebi alta, mais ou menos uma hora depois de acordar, Charlie me levou para casa, porque meus pais não pareciam nem perto de chegar.

Charlie estava muito quieto, quieto de uma forma estranha, mas não quis importuná-lo enquanto ele dirigia, então esperei entrarmos em casa.

Fechei a porta atrás ao entrar e me apoiei ali vendo Charlie se apoiar na parede também.

— Diga — dei um leve sorriso tranquilizador e Charlie sorriu minimamente, apontando com a cabeça para o andar de cima.

Ele devia estar exausto, e mesmo eu tendo dormido muito tempo, ainda sentia que não descansei o suficiente.

Entramos no meu quarto e Charlie tirou os sapatos antes de deitar na minha cama. Repeti seu gesto me deitando ao seu lado, virando de frente para ele.

— Estou frustrado? Não sei direito — ele disse estendendo a mão para acariciar meu cabelo.

Fechei os olhos com seu toque, me aproximando um pouco mais dele.

— Se estiver sentindo o que eu estou sentindo, está frustrado — continuei de olhos fechados, envolvendo sua cintura com a mão.

Charlie suspirou e ficamos em silêncio algum tempo.

— Ninguém suspeitou dela — falei do nada — estou irada por ela ter me enganado enquanto eu estava tão certa sobre todos que estavam perto de mim — ri, brava — fui uma idiota, poderia ter evitado tudo se tivesse ficado mais atenta.

— Ela foi muito esperta, sabia como lidar com você — Charlie infiltrou os dedos nos meus cabelos, puxando um pouco para eu erguer meus olhos para ele — não é culpa sua, lindinha, em hipótese alguma é culpa sua.

Abri a boca para questionar, mas ele me beijou antes que eu pudesse pensar no que dizer. A mão em minha nuca me guiou enquanto ele subia a outra mão pela minha perna, apertando minha bunda. Suspirei contra seus lábios, apertando sua camiseta para mantê-lo perto.

— Foi usada, como todos nós fomos, não é culpa sua — ele repetiu — e eu estou realmente muito feliz por estar bem, então não estrague isso — ele sorriu e eu ri de leve antes de beijá-lo de volta.

— Fiquei preocupada com você.

— Também fiquei, lindinha, por isso Nick estava de olho em vocês, ou pelo menos, deveria estar.

— Não foi culpa dele, eu que me perdi — o olhei de perto, Nick já tinha levado bronca por aquilo, mas não queria que Charlie continuasse achando que ele não cuidou de mim.

Charlie sorriu, contornando meu lábio inferior com o polegar.

— Você defendendo ele?

Sorri também.

— É uma relação de amor e ódio.

— Eu entendo — ele riu e eu ri com ele, deitando a cabeça em seu ombro.

— E a Taylor e seu pai?

— Os dois bem — confirmou — ele quebrou o braço, a perna, ou sei lá, não ligo, mas já estava bem quando voltaram — engoli em seco, ver alguém falar dos pais daquela forma para mim era muito estranho — nunca foi lá muito talentoso, mas enfim — seus lábios tocaram minha testa — Taylor ficou quase tão preocupada com você quanto eu.

— Mesmo?

— Uhum, ficamos loucos te procurando, e por muito pouco, muito pouco mesmo, eu não matei Nick por tê-la perdido — ele riu baixinho e eu ri também, sabendo que ele não seria capaz de matá-lo, mesmo que eu estivesse morta naquele momento.

(Sem) Medo - IIOnde histórias criam vida. Descubra agora