Vermelhinhos

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Charlie saiu tão afobado comigo no colo, que quase cai de seus braços enquanto passávamos pela floresta.

      Não foi difícil perceber porque o alarme estava soando. Assim que saímos do bosque vimos uma movimentação, e chegando mais perto vimos uma galera usando uma espécie de armadura vermelha e travando lutas corporais com os corredores, que por causa do idiota do Pearson, não estavam armados.

     Qualquer pessoa poderia pensar que era apenas uma infeliz coincidência, mas eu sabia bem que não era.

     Para azar dos vermelhinhos, os treinadores deles não pareciam tão bons assim, porque mesmo desarmados nossos corredores estavam em clara vantagem.

      — Nem pense em me pedir para ficar de fora — disse enquanto Charlie me colocava no chão.

     — Não ia pedir — segurou meu rosto e me beijou.

     Foi tão rápido, mas aquele beijo acompanhado do olhar dele depois demonstravam um pedido de cuidado, e eu retribuí.

     Tudo em tipo, dois segundos.

     Charlie estalou o pulso e foi pra dentro da multidão e eu respirei fundo antes de fazer o mesmo.

     Os vermelhinhos usavam máscaras, como as de um ninja, o que me fazia acreditar que eram pessoas conhecidas, mas se em algum momento isso me deixou relutante, quando vi um vindo em minha direção com ódio nos olhos, todo o receio foi embora.

     Estendi o braço batendo em seu pomo de Adão, e quando ele engasgou, dei uma rasteira deixando ele no chão. De lá não sairia então parti para o próximo.

     O treinamento físico estava refletido nos meus movimentos, mas a falta das armas tornava mais difícil, difícil ao ponto de que se não tivesse a telecinese e a persuasão, provavelmente já estaria com o pescoço quebrado no chão.

     Derrubei cinco apenas com um olhar antes que chegassem em mim, e na medida do possível fui ajudando quem estava perto de mim, até que o barulho do alarme parou e minha cabeça ficou mais clara.

Por que eu estava no chão, afinal?

     Pulei, me erguendo alguns metros do chão e aproveitei todos os pontos vermelhos que me olharam para persuadi-los a dormir. Sempre com os olhos fixos nos meus era mais fácil, então de uma vez, uma leva considerável foi pro chão.

     — Não olhem! — algum deles disse e eu sorri, estavam com medo?

Semicerrei os olhos centralizando minha atenção nos pontos vermelhos para erguer um por um do chão e jogar longe o suficiente para apagá-los.

     E os que ainda ficavam conscientes, estavam tontos o suficiente para tornar a tarefa dos corredores em terminar o trabalho estupidamente fácil.

Arremessei um um pouco forte, e Charlie o pegou no ar, quebrando seu pescoço antes de jogá-lo no chão. Eu sabia como ele preferia golpes fatais e práticas, ao invés de arriscar que permanecessem vivos para revidar, mas a frieza que tomava conta de seus olhos quando estava em modo batalha me assustava um pouco.

     — Manda mais, minha lindinha! — Charlie berrou e senti meu sangue ferver ainda mais.

     Enxerguei mais gente chegar durante a confusão, gente que não era rápida como os corredores para estar ali em trinta segundos depois do alarme.

    Pensei em procurar as meninas no meio de todos, só pra ter certeza que estavam bem, mas estava focada naquelas armaduras vermelhas, principalmente as que tentavam pular em mim, ou tacar fogo, água e afins para me derrubar.

(Sem) Medo - IIOnde histórias criam vida. Descubra agora