Ou o Person era muito bom ator ou havíamos entendido tudo errado.
O “Ataque Vermelho” como ficou conhecido por todos, havia deixado não apenas a corte e os pais dos alunos em completo pânico, mas como o diretor também.
Meus pais naturalmente ficaram preocupados, mas eu não pude deixar de notar o tom orgulhoso do meu pai quando falou que a corte inteira ficou bem surpresa da melhor forma comigo, então no fundo eu sabia que eles sabiam que eu sabia me cuidar e isso os deixava mais tranquilos.
E Charlie, bem, só faltava me colocar nos ombros e sair gritando para todo mundo que a lindinha dele era foda.
Mas de todos, a reação que estava mais me deixando preocupada era do Person, que parecia estar mais em pânico do que eu achava prudente um diretor ficar, pânico o suficiente para me chamar na sua sala na manhã seguinte após sermos liberados para sair dos quartos.
— Entre — sua voz enjoada soou depois que bati na porta.
Abri a porta e entrei a fechando rapidamente atrás de mim. Quanto mais rápido eu entrasse, mais rápido poderia sair, era o que eu esperava, pelo menos.
— Sente-se — ele indicou a cadeira à minha frente.
Suspirei e ajeitei a bolsa no ombro antes de me sentar, estava torcendo para ele falar algo rápido o suficiente para nem precisar me sentar.
— Então, por que estou aqui? — disse, quando ele permaneceu em silêncio depois que me ajeitei na cadeira.
O homem me analisou alguns segundos até eu erguer as sobrancelhas e ele suspirar cansado, massageando a testa.
— Eu e a corte devemos um agradecimento a você — ele disse, claramente contrariado — os corredores estavam indo bem, mas quem controlou a situação foi você.
Franzi o cenho e quando ele não disse mais nada, ajeitei a postura.
— Ta, qual a pegadinha?
— Não tem pegadinha.
— Está me dizendo que estou aqui pra você me agradecer?
Ele parecia estar desejando a morte.
— Sim, acho que fui muito duro com você por achar que oferecia algum risco à escola, mas na verdade você… — ele respirou fundo como se falar aquilo fosse doloroso — estamos do mesmo lado, senhorita, e não posso ignorar o fato de ser muito boa no que faz.
— Obrigada — disse desconfiada.
— E com isso, a corte pediu para tirar as restrições dos poderes dentro da escola, e você e qualquer outro aluno que quiser receber treinamento físico e tiver um corredor qualificado para isso, está autorizado.
Agora eu sorri de verdade.
— Posso voltar a usar minha espada?
— Ainda sou contra o fato de você ter uma espada, sem ser corredora, mas para todos os efeitos, pode usá-la no treino — ele assentiu — vou dar o comunicado oficial hoje no café, mas queria que soubesse que é por sua culpa.
— Ok — assenti — obrigada, eu acho. Posso ir?
Ele me dispensou com um aceno de cabeça e rapidamente me levantei para ir embora.
— E garota — o olhei — já pensou em seguir a carreira docente no futuro?
— Sem ofensas, senhor, mas prefiro a morte.
Ele riu e eu decidi ir embora antes que ele pudesse se ofender com meu comentário.
***
Fazia tanto tempo que eu não usava minha espada, que o uso impulsivo e descuidado gerou uns pequenos cortes no meu corpo naquela manhã.
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(Sem) Medo - II
Teen FictionApós serem impedidos de se envolverem com os casos da Corte, Charlie e Emily começam uma investigação particular, tendo que se esquivar da nova direção da escola e do próprio conselho em meio a novos ataques que começam a afetá-los ainda mais do que...