Capítulo 22

320 47 13
                                    


"Hey, Sisa... " - Soraya.T

"Eii, porque você não está me respondendo?!". - Soraya.T

"Quero falar com você..." - Soraya.T

"Porra Simone, está com esse celular enfiado onde?". - Soraya.T

"Eu vou furar o pneu da sua moto se você não me responder" - Soraya.T

"Sisa??!" - Soraya.T

Bloqueado

Desde ontem, Soraya me encheu meu celular de mensagens, eu claro não respondi, ela devia achar que eu era uma palhaça. O namorado dela não transava direito, então ela me chamava só para fazê-la gozar e matar a curiosidade dela, eu podia ser iludida e estar gostando de uma cretina, mas não ia me humilhar desse jeito.

Agora tudo fazia sentido, é claro que ela não se importava em ficar comigo escondido apenas, esse era o objetivo dela, depois voltava para o namorado dela, eu que era uma idiota, por achar que ela podia estar sentindo alguma coisa por mim, eu estava com tanta raiva e frustação que queria me socar. Quando vi aquele beijo dela com o namorado dela, na frente de toda a escola, me liguei que isso era o que sempre ia acontecer, ele e ela para todos, enquanto eu ficava com as fodas escondidas.

Eu era uma imbecil!

Estava me sentindo péssima, descartável, a sensação de ser segunda opção era horrível, mas eu não ia dar o gostinho de saber disso para ela, ia fingir indiferença e nosso caso ficaria soterrado, ninguém ia saber dessa minha vergonha. Talvez ela e as amigas se divertiram às minhas custas, enquanto eu estava gostando dela, ela ria disso. O tempo que passamos juntas não significou nada para ela.

Eu devia imaginar.

Quando entrei no colégio, me apoiei na minha moto, após estacionar ela, estava esperando Janja chegar com seu motorista enquanto ouvia algumas músicas de sofrência sertaneja do meu país, Brasil. Estava pensando sobre o quão imbecil eu era quando uma BMW, preta, igual a que minha melhor amiga chegava passou na minha frente, eu olhei esperando encontrar Janja, mas encontrei só uma garota morena, devia ser nova pois nunca a vi, mas julguei isso irrelevante e voltei para meu jogo de quebrar pedras e minha música de sofrência sertaneja. Eu estava submersa em meus pensamentos quando senti alguém me cutucar, levantei o olhar, e encontrei a mesma garota da BMW, ela era bem bonita até, tinha olhos castanhos escuros, cabelos castanhos bem claros, e estava vestida como uma marginal, algo que me fez simpatizar com ela.

— Simone Nassar Tebet? — falou parecendo uma psicopata e eu franzi os cenhos, nunca tinha visto ela, como ela sabia meu nome?

— Como você...? — Perguntei desconfiada.

— Está bordado na manga da sua camiseta jeans, igual as crianças do primário — riu e apontou para minha camiseta que estava amarrada na cintura, quando abaixei a visão, vi que realmente estava bordado meu nome ali!

— Porra! Eu já falei para minha mãe parar de fazer isso! — Falei irritada tentando esconder meu nome bordado, minha mãe sempre fazia isso nas minhas camisetas porque ela falava que eu vivia perdendo-as, então ela mandava bordar para quem achar me devolver, eu já tinha pedido para ela parar, mas ela nunca me ouvia. Na pressa eu nem percebi que tinha pegado uma camiseta com meu nome bordado na manga!

— OK — falou com uma careta estranha. — Onde é a direção? Preciso pegar meus horários.

— É... Não vou saber explicar, vem eu te levo lá, duvido que Janja vá chegar agora — a garota concordou parecendo entediada e me seguiu. — É nova na cidade? — Perguntei tentando puxar assunto, pois tinha me simpatizado com seu jeito de traficante.

— Sim, vim do Brasil — falou olhando distraída para as paredes.

— Sério? De onde?

— Mato Grosso — a olhei surpresa. — O que foi?

— Eu morava lá, antes da minha mãe ganhar na loteria a alguns anos atrás — falei sorrindo.

— Caramba, bem que você tem cara te ser de lá mesmo — ergueu a mão para eu fazer um toca aqui, e eu não demorei a fazer. — Que foda, achei que eu ia encontrar apenas filhos de papai aqui.

— Você não me parece bolsista — comentei surpresa.

— E não sou, minha mãe se casou com um velho rico aí, daí vim morar aqui em Miami com ela e o vovô — disse neutra.

— Nossa, ele tem quantos anos?

— Noventa e nove, está quase morrendo, mamãe diz que foi amor à primeira vista — deu de ombros.

— Imagino — falei perplexa, nesse exato momento, um carro freou bem em cima de nós duas, engoli em seco e quando encontrei quem tinha feito isso, quase quis socar ela.

— Está cega Tebet?! Olha por onde anda porra!

— Quem está cega aqui é você bonitinha! — Minha nova recém-descoberta amiga falou, já puta.

— E quem é você, vadia?! — Soraya já estava vermelha de raiva e fuzilava a morena que retribuía o olhar.

— Primeiro, olha o jeito que fala comigo, não sou da sua espécie e depois, se liga, a quilômetros de distância dá para ver quem é vadia aqui, e é você.

E eu estava no meio, olhando de uma para a outra, mas resolvi interferir quando vi Soraya abrindo a porta do carro para sair.

— Ei... Vamos sair daqui, não quero ser expulsa — segurei seu braço.

— Relaxa, esse tipo de gente é igual animal, se demonstrar medo é pior — levantou uma das mãos.

— Você provavelmente deve ser retardada, mas eu vou te falar só uma vez... — Começou Soraya marchando em nossa direção com o dedo indicador levantado.

— Pode funcionar com esses mauricinhos daqui suas ameaças, mas comigo, querida, só me fazem rir... — Negou com a cabeça, quando Soraya se aproximou dela, já a empurrando pelos ombros eu arregalei os olhos.

— Porra! Para! — A morena sorriu e avançou em Soraya, dando um empurrão tão forte que a fez cair no chão, mas ela se levantou igual um demônio, para avançar novamente na morena, mas eu me meti na frente, tentando segurar ela. — Para Soraya! Está louca?!

— Me solta Tebet, eu vou acabar com essa desgraçada!

— Vem, estou esperando — debochou.

— Por favor, para, daqui a pouco já vai estar professores aqui! — Pedi para a morena que revirou os olhos, mas concordou com a cabeça.

— Me SOLTA! — Soraya estava revoltada.

— Cala a boca! Você quer ser expulsa?!

— Olha quem está ali! CESAR!! — Gritei. — Vem cuidar da sua namoradinha! — o rapaz estava branco, mas correu para segurar Soraya que já estava se acalmando.

— Vem — rindo de nervoso, chamei a morena que estava observando a cena com uma expressão divertida. — Foi a segunda a enfrentar ela, como é seu nome, afinal? — Perguntei quando chegamos ao corredor.

— Leila Barros, e quem foi a primeira?

— Simone Tebet — estendi minha mão e ela não demorou a apertar. — E fui eu, prazer!

Hidden Feeling - ADAPTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora