Capítulo 15

358 50 13
                                    


Gleisi me olhava atentamente, e eu olhava para minhas mãos, tentando saber o que falar, depois do jogo eu pedi para ela me seguir e levei ela até o fundo do colégio, atrás dos vestuários, onde tinha um espaço bem bonito, com a grama bem cuidada e várias árvores, todos vinham até aqui para se pegar, o que certamente não era o que eu iria fazer.

Eu estava encostada em uma árvore e pensava no que falar, finalmente tomando coragem, levantei meu olhar até os negros dela.

— É... Bom, Gleisi?

— Sim? — Respondeu um pouquinho animada demais.

— Bom, eu, er... Eu não posso fazer isso... Tenho que deixar tudo claro para você...

— Claro! Pode continuar! Fala Sisinha, não enrola.

— Bom, eu acho, só acho, posso estar sendo um pouco egocêntrica, mas acho que você está um pouquinho interessada em mim, além da amizade — falei sem jeito coçando a nuca.

— Olha Sisinha, fico até um pouco sem jeito... Mas sim... Eu gosto muito de você — mordeu os lábios.

— Então... Não posso te iludir... Eu meio que... Não posso ficar com ninguém...

— Por quê?! Você gosta de garotas, não gosta? — Perguntou com o cenho franzido e lábios crispados, quase revirei os olhos, porém respirei fundo. — Formamos um lindo casal, você gosta de garotas e eu gosto de você, por que você não pode ficar com ninguém?!

— É... Er que...

— Fala Simone! Diga por quê! Você durante todo esse tempo tem dado olhares para mim, fica dando indiretas através de Janja! Eu achei que também estava a fim de mim — falou me apontando o dedo.

Eu abri a boca chocada.

— Não dei indireta alguma! Bom... Eu... É...

— Então porque Janja saía para nos deixar sozinha? Fale! Ela é sua amiga, você falou alguma coisa para ela, ou, apenas estavam rindo de mim?

— Eu... a Janja... — Então arregalei os olhos com uma ideia. — Eu falei para ela que gostava de você para tentar deixar a Janja com ciúmes... — Falei olhando para o chão.

— Vocês...? Como...? Quando...?

— Eu sou apaixonada por Janja, a amo desde sempre, mas ela não percebe... Eu tentei deixar ela com ciúmes... E não posso ficar com ninguém porque sou apaixonada por ela — falei olhando para o chão, como era péssima com mentiras, se olhasse, ela descobriria, Gleisi era completamente louca! Não que eu já não desconfiasse disso antes.

Eu era uma gênia! Como não usei isso antes? Era uma desculpa ótima, apesar de ser estranho.

— Mas a Rosângela gosta de homem.

— Eu sei, mas não mando no meu coração, bem que gostaria — o pior era que eu realmente gostaria. — Você é incrível, linda e muito legal, mas amo Rosângela, não posso fazer nada, não consigo ficar com ninguém além dela, sinto muito — suspirei dramaticamente.

— Tchau, e por favor não diga isso a Janja, ela não pode desconfiar de meus sentimentos — dei um abraço sem jeito nela e me virei andando deixando Gleisi de boca aberta me olhando.

Sai praticamente correndo, tentando encontrar Janja e matar ela, pois tudo começou por causa dela, essa rapariga!

Quando consegui entrar no colégio, suspirei aliviada, tinha conseguido me livrar de Gleisi.

Me arrumei e comecei a andar em direção ao estacionamento, como já tinha acabado as aulas, Janja deveria já ter ido embora com o motorista dela, então só faltava eu pegar a Potiguar e ir para casa.

Senti uma mão tapar minha boca e arregalei meus olhos em apavoro, a pessoa era mais forte que eu, e me pegou desprevenida, logo me arrastando até a sala dos produtos de limpeza, quando a pessoa me colocou lá dentro e se distraiu fechando a porta eu taquei uma mordida na mão macia.

— Sua Louca! Que dor! — Falou alto com a voz sofrida de dor, me virei ligando a luz com os olhos cerrados, e quando a sala clareou, confirmei minhas suspeitas. Era Soraya em toda sua gostosura, me olhando e balançando a mão mordida. — Você é uma vaca descontrolada mesmo!

— Olha! Você me respeita que não sou você, não! E por que me jogou aqui?! Está querendo me matar?

— Está apaixonada por Janja, é? — Caiu na gargalhada. — Quem cai em uma história dessas? Dá para ver que vocês são igual irmãs... Estava tão desesperada para se livrar da piu-piu assim?

— Estava ouvindo minha conversa escondida?! — Abri a boca chocada, Soraya ergueu as sobrancelhas e sorriu sem graça.

— Claro que não! Eu só estava passando e ouvi...

— Claro! — Falei fazendo uma careta. — E porque me trouxe para cá, hein?

— Ora pois... — Umedeceu os lábios para sorrir, me fazendo quase gemer — Para conversar com você Sisinha...

Ri e neguei com a cabeça, observando-a se aproximar, ergui minha mão segurando seus ombros para impedir.

— Você nem venha! Qual é a sua, hein?

— Qual é a minha...? Estou com saudades de você, ué — segurou meu braço e puxou para me aproximar, eu revirei os olhos.

— Sai.

— Porque, uhm? — Tentou me beijar e eu fiz o mais lógico, me afastei dela e virei a mão na sua cara — Ai! — Colocou uma das mãos no rosto, exagerada, pois nem bati com força. — Por que me bateu Sisa?!

Ignorei o apelido ridículo e apontei o dedo para ela.

— Você é louca? Se liga, você tem namorado, e eu, não quero nada contigo! Acha que toda hora que quiser se aproveitar de mim é só me puxar para um lugar isolado? Aquele dia eu estava bêbada, BÊBADA!

— Certo Simone, mas vai negar que gostou? — Se aproximou novamente, mesmo com meus olhares fulminantes. — Porque eu gostei... E muito... Não consegui parar de pensar em você...

— Aham, e seu namorado sabe disso? — Perguntei rodeando-a enquanto ela tentava me pegar. — Abre essa porta Thronicke, tenho mais o que fazer... Soraya me larga! — Falei quando ela conseguiu me segurar e me colocou contra a parede, sério ela era baixinha mas tem mais força nos braços do que eu. — Estou falando sério!

Soraya sorriu e grudou nossos lábios, com uma força tão grande que eu não pude fazer nada além de retribuir.

Hidden Feeling - ADAPTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora