Capítulo 36

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"Janja e Michele transaram"

Isso ficou um bom tempo rodando na minha mente até eu conseguir assimilar, abri a boca em choque enquanto Janja mordia o dorso da mão um pouco nervosa.

— Diz alguma coisa além de xingar! — Pareceu impaciente, eu ergui minhas sobrancelhas suspirando, meu cérebro estava bugado com tanta informação que recebeu em tão pouco tempo.

— Uau... Eu não sei o que dizer, como foi? Cadê ela?

— Foi quando fomos buscar bebidas... Eu fiz por impulso, estávamos tão próximas, então eu a beijei... E não sei se eu estou bêbada demais ou algo do tipo, só sei que foi muito, muito bom... Tão bom a ponto dela me puxar para a despensa e eu não conseguir fazer nada além de gemer... Por vários minutos. Eu saí correndo depois... Ela provavelmente está me procurando... E eu tenho que me esconder! — Afirmou a última parte, mas seu olhar me fazia acreditar que era uma interrogação.

— Você precisa conversar com ela, Janja! Não pode se esconder para sempre, mas... Se você gostou é porque foi bom, não é?

— Eu não sei, Simone... Eu acabei de terminar com Luiz, estávamos bêbadas e eu sou hétero... — Colocou as mãos no rosto — Ou era...

— Olha, o melhor que você faz agora é ir dormir, tomar um banho e comer algo, converse com ela amanhã, quando tudo estiver mais calmo, OK?

— Eu estou dividindo o quarto com ela, amiga.

— Droga, isso que dá trocar sua melhor amiga — brinquei, mas vendo que ela não estava no clima, logo mudei de assunto. — Vou falar com Damares para trocar com Michele, ou com a Leila, elas estão me devendo uma de qualquer forma...

— Como assim...?

— Esquece, vou te levar para o seu quarto — peguei a mão da minha amiga e a levei para o quarto onde ela ficaria, que não era tão longe. — Amanhã você não poderá fugir, só não tome uma decisão precipitada, OK? — Janja concordou com a cabeça. — Certo, boa noite, minha amiga.

Deixei um beijo na sua testa e me afastei para Janja fechar a porta, pouco segundos após ela o fazer, vi Michele subir as escadas que dava para o segundo andar, ela já não estava com roupas de banho, estava com uma bermuda jeans e um cropped, e quando me viu não demorou para correr até mim.

— Oi Simone... Você viu a Janja? Preciso falar com ela...

— Janja não está muito bem para conversar hoje Michele, e nem você pelo visto — disse, notando que ela estava visivelmente um pouco alterada. — Deixe para conversar amanhã.

— Mas eu preciso falar... Ela contou para você, não contou? — Perguntou parecendo envergonhada.

— Sim, mas eu não vou interferir em nada, isso é um negócio entre vocês, mas só dê um tempo para Janja, ela está confusa — Michele acenou com a cabeça mordendo os lábios. — Sabe onde Soraya está? — Perguntei após notar que eu não poderia invadir o banheiro com Leila e Damares provavelmente se pegando, Michele ergueu as sobrancelhas.

— Não sei ao certo, mas ela estava te procurando também, antes que me pergunte, não sei o motivo.

— Tudo bem, vou tentar achar ela... — Me virei, mas antes de chegar às escadas girei nos calcanhares me voltando novamente para ela. — Você poderia não dormir com Janja hoje? — Ela pareceu entender, mas vi um brilho de frustração em seus olhos. — Não leve a mal, OK? Como já disse, ela precisa de espaço para pensar — sorri em conforto. — Vou perguntar para Soraya se ela pode trocar com você, ou se alguma menina pode, mas pode ficar no meu quarto por enquanto, depois eu me arranjo.

— Obrigada Simone, e me desculpe pela situação — toquei seu ombro, apertando de leve para lhe confortar e deixei um sorriso, para logo descer as escadas para começar a procurar a Soraya.

Eu não fiquei muito tempo longe das pessoas da festa, mas quando voltei todos pareciam muito mais loucos, com uma careta imaginei a bagunça que ficaria amanhã. Jair corria de um lado para o outro tentando controlar as pessoas, eu ri da situação. Quando encontrei Soraya, ela estava de costas apoiada no bar, parecia estar bebendo algo, era impossível não a reconhecer, ela estava com um biquíni vermelho e uma saída de praia da branca presa ao redor da cintura, os cabelos estavam soltos caindo em cascatas pelas costas. Toquei seu ombro quando consegui a alcançar, e Soraya logo se virou para mim, fechando a cara quando viu que era eu, ela estava com os lábios inchados e vermelhos, provavelmente pela quantidade de álcool ingerida, as bochechas também estavam coradas.

— Preciso falar com você! — Gritei pelo alto volume da música, Soraya me olhou de cima a baixo, e sem nenhuma delicadeza, segurou meu braço e saiu me puxando. O aperto já estava me machucando quando chegamos a escadas, então puxei meu braço lhe encarando irritada. — Você está me machucando!

Soraya bufou, e começou a andar rápido na minha frente, eu tive que andar quase correndo para a alcançar, quando chegamos ao corredor, tinha várias pessoas se pegando pelos cantos, parecia um prostíbulo, mas Soraya pareceu não ligar para isso. Ela voltou a me segurar, e antes que eu pudesse a repreender, ela me jogou dentro de um dos quartos, o fechando após entrar.

Semicerrei os olhos em sua direção, cruzando os braços, quando ela me trancava em um lugar isso nunca dava bom. Mas ela permaneceu apoiada na porta, me encarando fixamente de braços cruzados, eu não sabia o que tinha acontecido, mas ela parecia estar bem irritada ou sem paciência, provavelmente brigou com o senhor perfeitinho, revirei os olhos internamente. Após alguns segundos de troca de olhar fixos, eu me lembrei o motivo de ter ido até ela e suspirei.

— O que queria falar comigo, Tebet? — Perguntou ríspida, eu crispei os lábios quando ela disse Tebet, ela geralmente me chamava assim quando estava irritada comigo, mas porque ela estaria irritada comigo? Mal falei com ela durante todo o dia. Eu abri a boca, pela segunda vez desde que entramos nesse quarto, para falar algo e ela novamente me interrompeu. — Já cansou de foder aquela imitação barata minha pelos cantos?!

A.

Hidden Feeling - ADAPTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora