Hidden Feeling - ADAPTAÇÃO

Capítulo 40

A hora do almoço estava sendo tensa.

Mas Jair, Soraya e Cesar estavam alheios a isso.

Após o meu momento com Soraya ontem, eu disse para ela que tentaria novamente, mas se ela me magoasse, nem que eu tivesse que me mudar para a Atlântida eu ia esquecer ela. Ela pareceu ser bem sincera quando me pediu desculpas, mas com Soraya nunca dava para saber.

Jair conseguiu mandar os jovens que restavam pelos cantos embora no período da manhã, para voltarem no domingo, visto que o sábado a festa seria mais reservada, só com alguns amigos próximos. Felizmente ele contratou algumas pessoas para limparem a casa, eu estava temendo que teria que ajudar a limpar a bagunça que os jovens deixaram. Como a maioria de nós estávamos dormindo pela manhã, o momento que nos juntamos, foi quando Jair pediu para um dos empregados ir fazer compras, já que não tinha mais nenhuma comida na casa, e buscar algo para comermos também.

Ontem, eu que acabei dormindo no quarto de Soraya, Michele no meu com Leila e Damares que dormiu com Janja. Mas foi só descer as escadas ao lado de Soraya para comer algo, que eu já senti o climão espalhado pelo lugar. Os que estavam devendo, Damares, Eduardo, e Leila estavam quietos e pensativos. Eduardo e Leila estavam lado a lado, mas não trocaram nenhuma palavra, o fato do chifre ser trocado me deixou aliviada, me sentiria ruim em esconder uma traição... Se bem que eu já escondi, várias vezes, as de Soraya comigo... Mas enfim, eu fui enganada na maioria das vezes, então sou inocente.

Pela primeira vez, Janja estava ao meu lado e Michele no outro lado da mesa, nenhuma olhava para a outra e também estavam silenciosas, as únicas vozes que se ouviam na mesa, eram as de Soraya e Cesar (que estavam conversando animadamente junto com Jair, que fique claro, eu não gostei disso, mas não era Soraya para fazer escândalo) e a minha vez ou outra quando me perguntavam algo, eu estava preocupada com minha amiga, com minhas amigas na verdade, queria conversar com Leila para saber o que diabos havia acontecido, Soraya tinha achado suspeito a troca repentina de acompanhantes, mas preferiu não falar nada.

Quando o almoço acabou, o pessoal resolveu descansar um pouco, para depois entrar na praia. Mas Janja foi até Michele, sussurrou algo e as duas acabaram se afastando dos outros.

— Eu estou com sono e um pouco de dor de cabeça — ouvi Soraya dizer ao meu lado. — Vou tirar um cochilo... Você acabou comigo, Nassar — sorriu na minha direção, e eu retribui. — Mas antes eu quero conversar com Cesar.

— Você o que?! Por quê?

— Ele é meu melhor amigo antes de ex-namorado, eu preciso falar de nós para ele, não quero que ele saiba por segundos — falou me olhando preocupada. — Mas se você achar melhor...

— Não, tudo bem, você que é a ciumenta aqui — brinquei, mas por dentro era inevitável ficar incomodada. — Eu vou aproveitar para conversar com Leila... E você deveria fazer o mesmo com suas amigas...

— Por quê? — Perguntou desconfiada — O que você sabe que eu não sei, Nassar?

— Não sei de nada, mas, sério, conversa com elas, eu não tenho intimidade o suficiente para o fazer — Soraya mordeu os lábios, mas acabou concordando.

— Certo, já volto, Isa — piscou e se virou para Cesar o chamando, eu olhei para Leila que estava me olhando receosa ainda sentada na mesa, eu ri e fiz um gesto para ela me seguir.

Caminhamos em silêncio até a área de trás da casa, onde tinha uma piscina (sem motivos, afinal a casa é na frente do mar) e me sentei na beira dela, colocando os pés na água, logo sendo acompanhada por Leila.

— Leila, Leila — neguei com a cabeça.

— Juro que não fiz por maldade, eu tinha bebido, para uma hétero ela me secou muito durante toda a noite... Fomos ao banheiro e pá! Eu cheguei junto e ela não negou, na verdade abusou bastante do meu corpinho até você chegar — soltou num fôlego só. — Eu nem lembrei que ela tinha namorado na hora. E agora eu estou me sentindo mal por ele.

— Você tem bom gosto pelo menos, ela é bonita — dei de ombros. — E eu acho que o namorado dela estava um pouco ocupado para se importar com chifre.

— O que você quer dizer com isso?! Viu algo?

— Infelizmente, se você falar para alguém, juro que não te conto mais nada — lhe apontei o dedo, ela revirou os olhos, eu sabia que ela era de confiança, afinal não falou nada sobre o que eu contava sobre Soraya, mesmo morrendo de vontade. — Vi ele pagando um boquete — Leila arregalou os olhos chocada. — E sim, eu tenho certeza de que era ele, ele até tentou se explicar...

— CARALHO, você vai dizer para a Damares isso?

— Não, até porque ela não tem mérito nenhum para julgar adultério, não é? — Ri. — Foi bem engraçado na verdade, quem diria, temos um casal de caminhoneira e borboleta colorida... Será?

— Bom, pelo jeito que ela me pegou, hétero ela não é — se abanou, me fazendo lhe olhar chocada.

— E nem você pelo visto!

— Nossa, se todas as garotas forem iguais a ela, eu com certeza não sou, nem um pouco hétero... Porra ela tem uma puta pegada, eu estava quase tendo um orgasmo quando você chegou...

— Não me lembre disso — fiz uma careta.

— E você Brasileira, não tem vergonha na cara, não é? Tenho certeza de que comeu a loirona ontem — negou com a cabeça me dando um tapa no braço.

— Eu... Droga, eu meio que estou com ela agora... — Leila novamente arregalou os olhos. — Ela terminou com o Cesar, e pediu uma chance para mim... E droga não me olhe assim, você sabe que eu sou louca por ela, e juro que se ela voltar a me magoar eu não volto mais, mas ela pareceu sincera, e eu meio que entendo ela, é muita pressão, e ela se preocupa com o que pensam dela.

— Mais que com o fato de magoar a mina que ela diz estar apaixonada, não é? — Ergueu uma das sobrancelhas. — Qualé Brasileira, ela vai acabar pisando no seu coração com salto agulha, e depois ainda vai jogar pompom em cima.

— Eu espero que não, eu realmente gosto dela, Lelê, você não entenderia — me pus a olhar meus pés distraidamente.

— Eu já não entendo, mas você já é bem grandinha para saber onde está se metendo.

— Você também é, eu vejo o reflexo da Soraya na Damares, a típica líder de torcida riquinha que namora o rapaz perfeito, espero que você não esteja se alugando nela.

— Você está pirando — disse rápido demais, confirmando minhas suspeitas. — Não tem nada a ver, foi só um amasso bom.

— Eu comecei com a Soraya assim também, era só um beijo no vestuário, quando fui ver, já estava sendo trouxa nela, mas vou dizer o mesmo que você disse para mim, você já é bem grandinha para saber onde está se metendo.