Capítulo 23

328 44 5
                                    


Eu conhecia essa garota a alguns minutos e já amava ela.

E não era só eu.

Sim, Janja estava super encantada com ela, e por ela ter enfrentado a Soraya e ter, meio, que saído como vencedora, o colégio todo estava pirando por ela, mas Leila estava cagando para isso, já que não quis dar papo para ninguém além de mim e da minha melhor amiga.

E sério, ela era muito legal, eu sentia falta de ter amigos do Brasil, o jeito das pessoas de lá era diferente, e eu não era muito chegada em mauricinhos chatos, preferia as crias do Brasil, porque lá o bagulho é doido.

E Leila tinha o Brasil nas veias.

Quer dizer, nem todos os alunos estavam amando-a, visto que os populares supremos, queriam ver a caveira e não a minha nova amiga, claro, que isso é uma influência da minha (infelizmente) crush. Se olhares matassem, eu e Leila estaríamos mortas, eu via a ameaça explícita nos olhos castanhos de Soraya, mas Leila era doida, quando a via olhando para ela, levantava o dedo do meio, ou mandava ela tomar no cu, e isso deixaria, obviamente, Soraya mais revoltada, que só não avançou em Leila novamente porque Carlos Cesar (o namorado ridículo dela) a segurava. O bom, é que, Leila tinha um jeito tão doido, que até me deixou entretida, me fazendo não pensar tanto em meu sofrimento por Soraya. Ela tinha apelidado Soraya de a "Vadia surtada" e eu não podia negar que isso combinava muito com ela. Eu só tinha medo do que aconteceria nos próximos capítulos dessa guerra declarada, tanto por Soraya quanto por Lelê (Apelido da Leila), Soraya era faixa preta no Karatê, era muito boa em briga, e Leila treina boxe, além disso as regras aqui no colégio são severas, para ambas ganharem uma expulsão não precisava de muito. Eu temia uma briga das duas, mesmos admitindo que seria quase impossível não acontecer, Soraya é muito nervosa e impulsiva, se Leila a afrontasse, ela não pensaria duas vezes em avançar nela, ainda mais se estivesse sozinha, e Lelê não ia deixar quieto, ela é meio cabeça quente também. Eu iria tentar evitar, ficando perto de Leila, e trazendo Janja junto, mesmo se não adiantasse muito, já que se eu estivesse no meio das duas furiosas, não ia poder fazer nada, eu sou a menor, e a mais fraca fisicamente, não que esteja duvidando do meu potencial, mas talvez eu levasse a pior, o máximo que luto é a famosa briga de rua. Talvez Janja fosse mais útil separando-as, é, eu alertaria a Janja para tentar separá-las, porque só eu não seria o suficiente. Por obra do destino, Lelê tinha a maioria das aulas junto comigo ou com Janja, isso era bom, quando a Janja não estivesse eu poderia fazer dupla com Leila para trabalhos.

— A porra da patricinha não para de olhar para cá, acho que perdeu a noção do ridículo aqui — ouvi Lelê murmurar, quando olhou para o lado a vi sinalizar para onde Soraya se sentava com suas amigas, quando a localizei, realmente vi que ela estava encarando com ódio.

— Deixa quieto Lelê, você acabou de entrar no colégio, não vai querer ser expulsa, não é? — A morena crispou os lábios e cruzou os braços.

— Não fui com a cara dessa mina, nem um pouco — ri e concordei com a cabeça.

— Percebi, você não é sutil — ela me acompanhou rindo também.

— Ela também não, me olha como se quisesse me ver degolada.

— Ela olha para todo mundo assim, certamente a antipatia dela com você, é menor do que a comigo!

— Vocês já tretaram? — Perguntou curiosa.

— Muito, mas a pior foi quando a gente brigou na quadra.

— Nossa — falou surpresa. — Não imaginei que você era do tipo que troca porrada — riu.

— E não sou, mas ela me provocou tanto — levantou uma das sobrancelhas. — Para você ter uma ideia, ela jogou uma bola com uma força tão grande em mim, que me deixou de olho roxo — ela murmurou um "Caramba" rindo. — Sério, eu achei que estava morrendo, já estava farta dela, tanto que não pensei duas vezes em me atracar com ela no meio do professor e tudo, mas não foi uma briga tão grande, logo nos separaram.

— Nunca imaginaria que você tão quintinha, com essa cara de bebê e suas camisetas bordadas, era desse tipo! — Tirou com minha cara, me fazendo revirar os olhos.

— PROFESSOR — ouvi a voz rouca chamar, o professor gordinho logo se virou para ela, sinalizando para ela continuar. — Eu gostaria de prestar atenção, e com tantas pessoas conversando fica um pouco complicado — semicerrei os olhos em sua direção, eu sabia que ela estava falando isso para mim e Lelê, mas a confirmação veio logo em seguida. — A Tebet e a aluna nova não param de ficar de papinho — deu de ombros inocentemente, ouvi Lila rosnar, mas segurei seu braço antes que ela pudesse se levantar.

— Me desculpe, Thronicke — falei olhando diretamente para ela. — Não sabia que estávamos te incomodando, eu só estava comentando com a Lelê, que seu shorts é meio curto, e não sei, posso estar enganada, mas me lembro que tem uma regra sobre usar shorts aqui no colégio, principalmente os curtos — dei de ombros também, Soraya me fuzilou com os olhos e trincou a mandíbula. — Não é, professor?

— Realmente, é um pouco curto Soraya, você sabe das regras, e você não pode achar que para você elas não se aplicam — falou sem jeito, a verdade é que ninguém seguia as regras, mas quando alguém às falava em voz alta, a direção era obrigada a fingir que as seguia, sorri vitoriosa para Soraya que estava me matando com os olhos. — Vou pedir para você ir na direção, para rever as normas do colégio — disse coçando a nuca como se estivesse se desculpando.

— Claro professor, obrigada Tebet — falou com ódio. — Por ter me lembrado da existência dessa "Regrinha" — fez aspas com os dedos, e toda a sala observava a cena atentamente, Soraya bufou e saiu batendo a porta.

— Eu te amo Simone, você acabou de virar minha melhor amiga e ídola! — Ouvi Lelê rir e engoli em seco, a Thronicke ia querer me matar, e eu não queria, mas estava me sentindo mal por ter ferrado com ela.

Sou uma otária mesmo.

— É.

Hidden Feeling - ADAPTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora