Carolina
Ao sair do banheiro vejo apenas Elly ali, apesar do meu corpo ainda está estranho me sinto um pouco melhor após o banho talvez a água fria tenha diminuído um pouco a febre e aliviado a fadiga que estava sentindo. Bebi o chá de coloração e cheiro duvidoso que ela fez, mas nada me preparou para o gosto horroroso que aquilo tinha, fazia com que chá de boldo, alho e qualquer chá com gosto ruim fosse um manjar dos deuses em comparação aquela mistura. Mas o que aquilo tinha de ruim tinha de eficácia pois depois de algumas horas me senti ótima novamente.
Saio para fora da cabana, mas dessa vez bem trajada para o clima frio vou até a cabana de Oliver e bato na porta de madeira. Elly me atendi e por sua cara inchada notei que estava dormindo. Então me lembro que Oliver tinha comentado que eles ficaram a noite toda acordados cuidando de mim e me senti mal por interromper seu descanso.
-Me desculpe eu não sabia que estava descansando! Digo realmente envergonhada.
- Que nada já dormi o suficiente, o que queria?. Ela sorri abrindo a porta e faz um gesto para que eu entre.
-Vim lhe chamar para me acompanhar até o mercado preciso comprar algumas coisas e item de higiene pessoal, lá tem alguma farmácia para que eu possa comprar alguns medicamentos! Ela balança a cabeça afirmando e me sento na cadeira perto da janela ao que ela entra no banheiro, cerca de cinco minutos ela sai totalmente nua e desvio meus olhos dela envergonhada.
- Por que sente vergonha, a nudez é algo natural entre nós não precisa se envergonhar disso! Diz e ouço o farfalhar de roupas.
-Aqui em Sitka pode ser natural mais em outros lugares isso é considerado impróprio a não ser que seja com alguém íntimo seu! Digo sem encara-la.
-Nos somos amigas, então somos íntimas o suficiente para ficar nua na companhia uma da outra! Diz e dessa vez a encaro me atentando em manter meus olhos apenas em seu rosto.
- Não é esse tipo de intimidade que estou falando, e realmente acho constrangedor a nudez de terceiros, principalmente se eu estiver junto! Digo a ela que ao menos se importa.
-E como você mantém relações íntimas com seu parceiro se não estiver assim?. Me abstenho de responde-la pois não quero revelar que em pleno trinta anos de idade nunca fui tocada de forma íntima por algum homem. Não quero ser zoada novamente por conta disso.
- Podemos ir?. Ela afirma ao terminar abordar sua calça e pega um par de botas de pelos esbranquiçados ao qual particularmente acho fofas. Me levanto arrumando o casaco e quando estou preste a sair de sua morada ela segura meus ombros me fazendo a olhar atenta.
- Eu realmente não sei o que lhe aconteceu para ser retraída dessa forma, mas quero que saiba que agora você tem uma amiga que estará aqui para o que precisar e que pode conversar comigo sem medo de ser julgada, eu gosto muito de você Carolina mesmo nos conhecendo a poucos dias você pode confiar em mim e em Oliver, sempre pode contar conosco para o que for! Ela diz e sinto meus olhos lacrimejarem diante suas palavras pois já passei por muitas decepções com pessoas que se diziam meus amigos e que no fim se demonstraram pessoas maldosas e falsas, por conta disso passei a não confiar muitos em pessoas e me tornei alguém totalmente solitária onde meu único amigo verdadeiro era meu pai ao qual se foi cedo demais me deixando totalmente perdida e sozinha nesse mundo. Mas ali sinto toda a sinceridade em cada palavra proferida me trazendo um pouco mais de confiança, sorrio para ela.
-Cada coisa em seu tempo! Digo a ela que entrelaça seu braço ao meu e me puxa para fora fechando a porta e a trancando deixando a chave pendurada no gancho.
Enquanto caminhamos vou fazendo várias perguntas sobre Sitka e seus habitantes e lhe conto um pouco sobre mim também, e ela até tenta me ensinar o dialeto em que é muito usado entre os habitantes antigos, já que com o passar do tempo a língua oficial de Sitka passou por várias mudanças ao decorrer dos anos.
- Que complicado! Digo a tentar falar pela vigésima vez a palavra que ela repete lentamente para que possa decorar e acabei mordendo a língua o que fez ela ter uma crise de riso. Bufo cruzando os braços em chateação com ela rindo de minha desgraça o que faz ela rir ainda mais chamando a atenção de algumas pessoas que estavam ali perto. Vejo Oliver se aproximar todo sujo de sangue enquanto carrega um cervo morto em suas costas e o joga no chão, causando um baque alto.
-O que há de tão engraçado e por quê você está brava?. Ele indaga e faço careta pelo cheiro forte de sangue.
- Eu estava ensinando alguns dialetos de Sitka para ela e ela acabou mordendo a língua ao tentar ppronunciará a palavras corretamente, agora ela está emburrada igual uma criança mimada! Diz e Oliver me encara risonho.
-Se você rir eu juro que enfio esse animal inteiro em sua garganta! Digo apontando o dedo em sua cara em aviso. Ele levanta as mãos ensaguentadas em rendição mesmo com sua feição contorcida pelo riso preso.
-Você está melhor?. Ele indaga agora sério e afirmo. - Isso é bom! Diz se afastando e volto a caminhar com Elly e acabo por estancar no lugar quando uma brisa leve passa por nós trazendo consigo o tilintar baixo de sino.
-Escutou isso?. Indago a Elly que me encara assim que percebe que não estou a seguindo, ela volta novamente.
- O que?. Questiona curiosa e novamente o tilintar baixo de sino soa e olho ao redor tentando identificar a direção que aquele som estava vindo, e vejo apenas alguns homens saindo de dentro da mata e o líder entre eles.
O som de tilintar fica mais alto como se estivesse bem próximo ao meu ouvido, levo minhas mãos até minhas orelhas abafando mais aquele barulho insuportável que para assim que mãos calejadas e quentes seguram as minhas, abro meus olhos vendo ser o líder que me encara aflito.
- Tudo bem?. Olho para ele afirmando e afasto minhas mãos de minha cabeça, mas ainda elas continua sob seu aperto quente e possessivo as puxo para próximo a meu corpo e dou um passo para longe dele. - Onde estão suas luvas?. Olha para minhas mãos agora escondida no bolsos do casaco para que aqueça.
- Eu não tenho! Digo baixo sobre seu olhar pesado e repreensivo. - Precisamos ir com licença! Digo segurando o braço de Elly a puxando para longe da presença esmagadora daquele homem, e quando estamos distante o suficiente respiro com mais leveza. -Deus esse homem é tão intimidador que tenho receio até em respirar perto dele! Confesso a ela que rir.
- Qual o problema com ele?. Ela inquiriu.
-O problema é que ele passa a vibe de que se você pisar fora da linha com ele, todo os seus ossos serão quebrados como um graveto! Digo me arrepiando. - Até arrepiei! Falo passando as mãos sobre o casaco.
- Bom por um lado você está certa, mas pode ficar tranquila ele não a machucaria! Diz dando de ombros.
-Sei não em! Falo em dúvida. -Melhor ficar longe! Digo a ela que apenas gargalha como se estivesse zombando do que acabei de dizer.
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Feral
General FictionCarolina a pedido de seu pai adotivo se muda para o pequena cidade de Sitka o lugar em que ele nasceu, o que ela não esperava era que ao invés de uma cidade a beira mar como ela virá na internet, o lugar em que seu pai a mandará era um pequeno vilar...