Vínculos

19º-Capítulo

*3 meses*

P.O.V. Isaac

Três meses passaram desde aquela trágica noite que mudou tudo. O tempo tem sido um aliado na minha recuperação física, mas as cicatrizes emocionais continuam a pesar. A queda da varanda deixou marcas visíveis e invisíveis, mas o apoio dos amigos e a determinação em seguir em frente têm sido a minha âncora.

Enquanto os meus ossos curam e os meus músculos recuperam a força, a minha mente também tem lutado para compreender o que aconteceu. A cada dia, luto para desenterrar as memórias daquela noite, as imagens fragmentadas que surgem na minha mente. Lembro-me de conversas animadas, de risos e danças, e depois há um vazio, uma lacuna na minha memória. Uma lacuna que sei estar ligada à minha queda da varanda.

Tive muito tempo para pensar e refletir. Enquanto trabalhava na minha recuperação, comecei a ligar os pontos. Percebi que algo não estava certo com a festa naquela noite. A bebida que todos estavam a consumir, os comportamentos estranhos, os fragmentos de conversas que ouvi enquanto estava na varanda. E, finalmente, o momento em que acordei no hospital, ferido e confuso.

A verdade tornou-se clara para mim. Miry e Luim estavam envolvidos nisso. Eles drogaram as bebidas na festa. Não foi apenas uma noite de diversão inocente, foi uma armadilha. Eles queriam que todos adormecessem, exceto eu. Queriam que eu fosse a única testemunha, para que pudessem culpar-me pela minha própria queda.

O facto de eu ter ficado bêbado naquela noite tornou-me vulnerável. A bebida obscureceu o meu julgamento, enfraqueceu a minha capacidade de defender-me. Eles aproveitaram-se disso. Miry aproximou-se de mim, fingiu preocupação enquanto eu lutava para manter-me de pé. Ela guiou-me até à varanda, sabendo que estava num estado confuso.

Lembro-me das suas palavras, da sua voz cheia de ódio e triunfo. "É agora que eu vou ter a minha vingança." E depois o empurrão. Eu estava bêbado demais para me defender, para lutar. Caí da varanda, e tudo tornou-se escuridão.

Passaram-se três meses desde aquele terrível momento. Três meses de recuperação física e emocional. A dor física tem diminuído gradualmente, mas a raiva e o desejo de justiça ainda queimam dentro de mim. Tenho mantido-me discreto, continuo a investigar nos bastidores. Não posso deixar que eles escapem impunes.

A verdade está lá fora, escondida nas sombras das mentiras que Miry e Luim construíram. E eu não vou descansar até a encontrar. A minha determinação só aumentou desde que percebi o que aconteceu. Eles acharam que podiam brincar comigo, que podiam destruir-me. Mas eles subestimaram a minha força de vontade.

Enquanto os dias passam, continuo a fortalecer-me. Fisicamente, estou quase de volta à minha antiga forma. Emocionalmente, estou mais forte do que nunca.

*

Reuni os meus amigos em casa, senti um misto de ansiedade e determinação. Sabia que era hora de partilhar as minhas suspeitas com eles. A sala estava preenchida com a presença de Nick, Noah, Max, Sol, Ethan e Laura.

Olhei para cada um deles, senti a necessidade de ser direto e sincero.- Obrigado por terem vindo...- comecei, a minha voz firme, mas carregada de emoção.- Eu chamei-vos aqui porque... porque tenho algo importante para vos dizer.

Os olhares curiosos fixaram-se em mim, as expressões variaram de curiosidade a preocupação. Engoli em seco antes de continuar.- Eu tenho suspeitas de que foi a Miry e o Luim que me atiraram da varanda naquela noite.

Um momento de silêncio pairou na sala, como se as palavras precisassem de tempo para serem absorvidas. Nick foi o primeiro a falar, a sua voz séria e ponderada.