Há mais coisas sobre memórias e marcas do que se ouve por aí.
Com a sombra do vento de verão soprando fervorosamente em seu rosto enquanto seu cabelo voa na direção contrária, não há algum pensamento contra a idéia das suas pedaladas estarem aceleradas demais ou como conseguirá parar. O que importa é aquele momento. Quando a mente está limpa e o corpo vibra em adrenalina. O sorriso é fácil, desinibido. A liberdade é sentida em cada poro e reflete.
Isso até o freio não funcionar e uma queda já prevista ser atencipada. Um arranhão emoldurará o corpo mas como isso pode ser uma lição? Assim como uma queda e um machucado é o amor e um coração partido.
A cicatriz estará lá: presente, sangrando. A medicina estará ao seu favor em forma de antibióticos e dipirona ou talvez uma boa dose de lúpulo maltado.
No primeiro momento as impurezas externas como estilhaços e areia incomodam o lugar que sangra e você acha que é o fim do mundo por doer demais afinal os sintomas do espanto e credulidade ainda estarão presentes. No segundo momento, ainda dói mas você percebe que tem que dar um jeito de fazer aquela dor parar, as lágrimas recuarem e deixar de lamentar pelo passado que já não pode ser mudado. Você tem uma ferida que precisa de um cuidado, você tem a força para fazer esse cuidado e você deve ser forte para manter a sua palavra. É o fim do mundo mas você ainda tem alguns minutos sobrando.
No terceiro momento você já medicou a sua ferida porque seu mundo não acabou. Doeu bastante e desistir era uma palavra doce demais que estava na ponta da língua querendo atenção, no entanto você não deu a ela poder suficiente para se tornar realidade. Em um quarto momento você lembrará de tomar todos os cuidados necessários para não cair novamente, não se machucar novamente daquele modo porque agora você tem uma cicatriz com uma história e um manual bem escrito. A cicatriz é dormente, desenha sua pele em uma geometria singular e atípica mas você sabe que é uma lição. Porque uma lição é uma vivência ao mesmo que é uma advertência de um novo conhecimento e uma fagulha pertencente a maturidade. Sem a lição você não teria aquela sabedoria e sem ela você não se tornaria quem se tornou hoje.
Jimin sabia que os acontecimentos do seu passado não foram obra do acaso. Eles foram um degrau a mais para a construção da personalidade que tinha atualmente. Entretanto aquela cicatriz também lhe custou. Custou um brilho a menos em seu olhar e uma certa acidez febril em suas atitudes e palavras. A maturidade as vezes lhe tira o que há de bonito.
Depois da devida conversa com Jeon, a inicial fagulha da resolução dos seus passados em comum, Jimin ainda não se sentia completamente em paz como antes afirmou finalmente estar. Talvez ver o quão maduro havia se tornado aquele adolescente de cabelos chocolate houvesse adicionado uma grande incógnita de pesquisa em sua mente. Várias construções sintáticas envolvendo a partícula "se" trafegavam em sua mente durante múltiplas cenas do seu dia a dia. Ao seu eu do passado sempre inquiria: Se eu houvesse o pressionado para ser sincero, se não tivesse fugido. Se ele não tivesse medo, o que teria acontecido?
Fazia mais do que dois meses desde a conversa que tivera com o novo CEO da JJK naquele dia de ano novo. Ainda não haviam se encontrado uma única ocasião perdida. O que levava Jimin a fantasiar, roteirizar sobre como desenrolaria-se o próximo encontro dos dois de acordo com a vontade do tão irônico Destino. Inegavelmente, incorrigívelmente o de fios mais claros sentia uma granada belamente carregada do mais puro, pungente explosivo brincar de cabo de guerra com o seu gatilho dentro de si. Tinha a perfeita consciência de que, nos últimos tempos, vivia com suas emoções completamente expostas e amplificadas por qualquer ventania contrária que o atingisse. Chegava a parecer cômico o modo como tudo precisava ter uma explicação derradeira ou até mesmo uma resolução com final feliz.
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cor de mágoa.
FanfictionDe certa forma, Park Jimin o marcou. Uma avalanche de remorso o acometeu após sua partida levando consigo todas as palavras mal-ditas aprisionadas em sua garganta. Fazia horas que havia perdido aquele garoto e a sua mente recusava-se a acreditar. O...