[1] Ares quentes

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Primordialmente, a primavera é a estação das flores, do reflorescer e renascer das folhas perdidas durante às rigorosas temperaturas do inverno gélido; do erguer-se glorioso e sentido da flora.

O seu nome vem do latim primo vere, que significa "primeiro verão", fazendo alusão à seguinte estação de temperaturas marcantes e intensas.

Seria melancólico ou indecente segredar que Jimin particularmente odiava aquela estação? Não, não era por inteira, somente a transição entre o inverno e o seu início. Não tinha lógica uma estação tão devastadora e sofrida presceder a ascensão de toda a flora e todo o seu deslumbramento intrínseco. Havia beleza no inverno, assim como cada estação completava-se e narrava-se a partir de sua forma de apresentar ao mundo suas diferentes personalidades e singularidades que as faziam totalmente adoradas.

A estação dos flocos de neve, dos ventos secos e calmos, da paisagem leitosa e sólida, preenchia o interior das pessoas com o aconchego afável das cobertas quentinhas feitas de algodão, do calor cortês das relações familiares e amorosas dentro de um cômodo qualquer, da serenidade das noites de sono daqueles que tinham a quem esquentar naqueles tempos.

Contudo, não seria apenas isto que marcaria uma estação tão intensa.

A cortina gélida encobria o real, mais sincero e único segredo daquela capital. O inquestionável chocolate quente da cafeteria do centro; em cada gotinha de sua fórmula existia uma intensa ardência e afago tomando o âmago de quem o sorvesse, provocando uma admiração eletrizante por aquele líquido de puro êxtase. O Park passou a adorar frequentar aquela cafeteria de cheirinho singular e doce, desde que se mudara para a capital, Seul, só para todos os dias, após a nova rotina escolar, descarregar todo o peso que carregava sob os ombros.

"Assim que o garoto de fios chocolates atravessou a linha entre a porta e as escadas do espaço que antes ocupava junto à seu mais novo deprazer deixou um suspiro angustiado ressoar em sua boca. Descia os degraus completamente desnorteado segurando-se para não desabar ali mesmo. Uma raiva crescente consumia o corpo do Park, chegando à fazê-lo tremer em fúria e repulsa ao ter tamanho sentimento destrutivo percorrer seu corpo. Seu lado irracional sentia uma vontade imensa de encaminhar os pés que marchavam duramente sob o chão em direção ao terraço do colégio novamente para fazer o outro engolir cada palavrinha e dor que já havia lhe causado com aqueles seus comportamentos abomináveis. Já seu lado são liderava – por enquanto – informando que tudo o que estava acontecendo era fruto de uma paixão efêmera, que logo se apagaria como se nunca houvesse flamejado insistentemente para um começo que sempre esteve decidido. Talvez apenas não fosse a hora.

Mais uma vez encontrava-se no mesmo dilema sobre ter encantado-se fortemente por aquele garoto escorregadio e contraditório. Quer dizer, Jimin não conseguia entender como todas as suas tentativas de rejeitar sua necessidade de estar todo momento espiando e analisando aquele confuso veterano falharam rente aos seus olhos sem nem mesmo conseguir retrucar, sendo que o outro não correspondia a nenhum de seus olhares ou simples maneiras de chamar sua atenção. A quem queria ele enganar? Apenas o inexperiente Park estava esperançoso por algo que nunca viria e estava mais farto ainda em iludir-se com quem nunca lhe renderia mais do que descasos e conversas frias.

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