Capítulo 21

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Jeremy POV

Merda, merda, merda, merda.

Já podia sentir o ar a faltar-me, a respiração entrecortada, difícil devido ao aperto gigantesco que se formava no meu peito, suponho que tenha sido isso a fazê-los notar que estava acordado.

- Jer! - Camila foi a primeira a exclamar, a aproximar-se mais, procurando tranquilizar-me e em qualquer situação é provável que tivesse conseguido com a mesma facilidade do costume, mas quando a questão era a possibilidade de ter traído a minha confiança, encolhi-me tanto quanto da vez que foram Torie Stone e o seu tio a encontrarem-me.

- Jeremy, calma, estamos aqui, estás bem. - Peter foi o próximo a regressar ao meu campo de visão, apertou-me o ombro ao de leve, virei-me um bocadinho, focando-me agora nele.

Não houve um comentário, um olhar zangado, desapontado ou qualquer culpa no rosto alarmado da Cami.

Relaxei contra a almofada uma vez mais, ainda incapaz de respirar normalmente, procurei nos olhos dela a resposta ao meu medo tremendo, perguntei-lhe sem proferir uma única palavra e gostava de poder ter já uma resposta explícita, com todas as letras, mas isso era impossível sem que, no caso de não saberem, ficassem desconfiados de algo.

Mas sorriu e assentiu com os seus dedos entrelaçados nos meus.

Por agora serviria.

Suspirei aliviado, esfreguei a cara com a mão livre e também lhes sorri.

- Como é que estás? - perguntou Cami.

- Bem, eu acho...

- Bem?! Meu atreves-te a não comer mais alguma vez e juro que passo a obrigar-te a almoçares lá em casa todos os dias! - exclamou Ben, vindo sentar-se ao meu lado - Imagino o susto que ela não apanhou!

Não comer...? Mas eu comi!

Virei-me para a Camila, confuso que dói.

Ela parecia fingir que não via.

Suponho que não seja suposto questionar.

- Epah desculpem, eu, eu, esqueci-me, estava de volta de umas merdas e...

- Estás bem, isso é que interessa. - cortou Camila.

Tal bastou para que os meus três amigos trocassem olhares e fosse o loiro a dirigir-me um provocador sorriso. Aliás, talvez todos o tenham feito, no entanto, optei por me focar em Peter, na tentativa de não reparar se Derek estava ou não confortável com o assunto. Era muito cedo para lidar com isso, muito cedo para resolver a alhada em que me meti e a minha cabeça ainda estava um bocado para lá de confusa.

- Bem, já vimos que estás bem entregue então vamos andando, não é malta? - sugeriu Pete, a quem abanei a cabeça em desaprovação conforme me sentava e os via afastarem-se em direção à porta.

Analisei-o com atenção pela primeira vez, ainda há umas horas estava a dizer que não ia nem sequer à festa de Halloween desta noite e agora estava aqui, os cabelos ainda meio desgrenhados e roupas muito mais básicas e confortáveis que aquelas que costuma usar em público.

Dei por mim a sorrir, sorrir a sério, sem ser do constrangimento dos seus comentários. Porque estava claro que se levantou porque soube que algo me acontecera, que veio até aqui por isso, sem pensar muito. De repente senti-me um estúpido e pensei tanto em contar-lhes...!

Tinha uma sensação estranha na barriga de cada vez que pensava em ter pessoas que se importam de verdade à minha volta.

Mesmo que não lhes contasse a minha vida toda, que tivesse sido dos últimos a entrar para aquele grupo de amigos, eles importam-se comigo e não fazem mil perguntas quando coisas acontecem.

There's Nothing Holding Me BackOnde histórias criam vida. Descubra agora