Capítulo 19

18 3 4
                                    

Victoria POV

Quem me dera poder ajudar nalguma coisa, ser uma melhor pessoa, saber o que dizer.

Vê-lo dormir nos meus braços, encolhido como se quisesse desaparecer, tremendo que nem varas verdes muito depois dos seus olhos se fecharem e descansar por fim, parece tão pouco, tão pouco tendo em conta o que agora sei.

Esqueci-me de tudo ao vê-lo desabar daquela maneira, se havia um coração no interior do meu peito, estava despedaçado e eu prossigo sem saber como reagir.

Voltei a acariciar-lhe a face de onde fui enxugando cada lágrima, aconchegou-se mais ao meu toque, mesmo que continuasse a estremecer, da nossa posição não me era possível cobri-lo nem com um lençol e acordá-lo não me passava de todo pela cabeça.

Ninguém merece algo assim.

A minha vontade era protegê-lo de tudo, quem me dera poder, conseguir...

Peguei-lhe numa das mãos frias e dei-lhe um beijito, lembrei-me dos últimos momentos e senti o coração acelerar. Era tão importante para mim, num tão curto espaço de tempo.

Não consigo perceber, holy fuck...!

Sem querer fi-lo enroscar-se mais e colocar a mãos entre nós dois e sorri voltando a mexer-lhe no cabelo, continuava preocupada, rever na minha mente o momento em que desmaiou deixava-me sem ar e arruinava-me os nervos ver como não queria de todo saber!

Toby, foda-se Toby... Eu não me importo Toby ou pelo menos nunca sei transmitir que me importo! E de repente estou aqui, porque senti que algo não estava bem, porque sabia que não te queria sozinho!

Logo é festa de Halloween, ia para me distrair pois poucas são as coisas que me fazem tão bem quanto ver-me rodeada de gente. Parecem todos tão ocupados consigo próprios que a minha comum falta de sentimentos se assemelha à normalidade. De momento não me apetece, não me apetece fingir que isto não se passa, que seria capaz de esquecê-lo uma noite inteira.

Não vou. A menos que me expulse, não conto virar-lhe as costas.

Não posso contar à Camila sem a autorização dele, não lhe trairia a confiança assim, não posso partilhar esta informação com seja quem for, aliás! Então no mínimo, se sei e mais ninguém pode saber, não conto permitir que passe por tudo sozinho, que continue a fingir que está tudo bem e a apagar-me nos braços.

Somos tão parecidos, tão desapegados da vida, tão pouco ligados a nós próprios e à grande maioria dos que nos rodeiam e mesmo assim a vida quis que acabássemos a demonstrar cada vez mais como significamos um para o outro, levou-me para casa bêbada mesmo que me tentasse afastar por ser todo atrofiado com coisas que envolvam dar importância aos outros e reparou que não estou nos meus dias por detalhes, coisinhas de nada. Quando na verdade tudo começou por mera coincidência...! Pelo acaso de que mais ninguém se dera conta do seu estado para lá de bebedíssimo e quando depois Peter se chegou à frente já eu estava demasiado enredada na situação, mas era só mais um, era-me indiferente e nunca me teria chegado à frente se mais alguém o podesse fazer, quando agora dói, tipo dor física, cada coisa que lhe acontece, cada coisa que descubro que o magoou...!

De repente estou aqui, sentada na cama do gajo com que ando enrolada desde o início do ano, ele está a dormir junto a mim e temos os dois toda a roupa vestida, por muito normal que o conceito de amigos com benefícios me seja, nunca senti este aperto no peito, nunca senti nada que se parecesse com o que estou a sentir agora e durante instantes faz-me pensar se ele não teria razão, se continuar com isto não teria sido uma péssima ideia.

Olhei lá para baixo, devia ser hora de sair, tanta gente espalhada pelo campus que pareciam ainda mais pequenos do que a natural ilusão da altura a que estamos.

There's Nothing Holding Me BackOnde histórias criam vida. Descubra agora