Capítulo 22

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"Edgar POV"

- Professor! - chamei ao ver Mr.Stone no corredor onde me fui deixando ficar para trás mal reparei no homem, pois Kayla e Camila saíram apressadas em direção à próxima aula e isto estava a dar demasiado cabo de mim para me preocupar com o facto de termos saído muito em cima da hora quando a aula seguinte era revisão de matéria importante para a primeira frequência. - Professor Anthony!

Teríamos terminado a aula dele em dias normais, houve a troca e mesmo assim está cá, com a mesma má cara de ontem, a mesma falta de horas de sono, evidente devido às olheiras gigantescas naquele seu rosto tão belo e bem cuidado de sempre.

Os seus olhos encontraram os meus e acenei-lhe esboçando um mero meio sorriso algo constrangido. Retribuiu o sorriso e também me acenou, deixou-se ficar parado no mesmo sítio quando reparou que me esgueirava entre as pessoas para me aproximar.

- Bom dia, Edgar, precisas de alguma coisa?

- Bom, hm... preciso, tecnicamente preciso. Podemos falar num local um pouco, bem, menos público? - isto suava estranhíssimo, mas não acho de todo que seja uma boa ideia ter esta conversa no meio de uma multidão.

Talvez só soasse estranho nos meus ouvidos, pois limitou-se a assentir, indicando-me uma sala à nossa esquerda.

- Então, está tudo bem? - perguntou assim que fechei a porta atrás de mim.

Respirei fundo e voltei a fitá-lo, agora já estava encostado a uma das secretárias de olhos postos na vista dali.

- Não, não está, mas também não é comigo o problema...

Sou teimoso, curioso e preocupado, óbvio, ou não teria medicina como primeira e única opção. Estou por natureza focado em analisar os que me rodeiam e foi-me impossível tirar isto da cabeça e sei que isso não vai mudar enquanto não souber no mínimo, o que raios se passa, ou que está tudo resolvido e não está, não mesmo.

Mr. Anthony Stone faz parte da minha vida há mais de um ano e nunca deixou que tivéssemos um mero vislumbre de cansaço, quanto mais da tristeza e exaustão que carrega aos ombros neste instante!

- Hm? - voltou-se para mim, confuso.

- Acredite, a última coisa que quero é ultrapassar os meus limites, embora sinta que já o estou a fazer, mas está claro que não está bem e e quero ajudar...! Pelo menos tentar, ou ouvir, porque por vezes falar basta para que custe menos lidar com o problema. - voltei a respirar fundo, tinha passado a focar-me no vazio entretanto - Se já tiver falado com alguém e mesmo assim as coisas continuarem difíceis e achar que não posso, mesmo, mesmo fazer nada, peço desculpas por estar a intrometer-me, mas caso contrário, pelo menos fale, com alguém, comigo se precisar...! Não guarde tudo para si, vê-se à distância que o está a matar por dentro!

Não consegui evitar, precisava de o dizer, acontecesse o que acontecesse depois.

Estava pronto para que no mínimo me mandasse embora, no MÍNIMO. É claro que sendo quem é não o fez e respirei fundo quando o ouvi sorrir, até reparar como tremia dos pés à cabeça, de olhos aguados, vermelhos.

Senti o coração apertado, uma necessidade tão grande de me aproximar, mas já tinha saltado muitas barreiras para um dia.

- Mr. Stone... - murmurei ainda a vários passos do seu lado.

- É um segredo muito grande, Edgar... Não te posso pedir que guardes algo assim, ainda para mais quando conheces a minha sobrinha... Os meus pais levaram isto com eles, fui seguido por um psicólogo desde os dezesseis anos, eu, eu não posso falar disto contigo, percebes...? - estava a esforçar-se tanto para não desabar, mas os olhos, os olhos não tinham capacidade de aguentar tanta lágrima, algumas escaparam-lhe.

There's Nothing Holding Me BackOnde histórias criam vida. Descubra agora