Nahí
Ronquei ao despertar com o estrondo de uma porta batendo violentamente que fez as paredes tremerem. O livro caiu em meu colo quando rolei meus olhos exasperada ao redor até perceber que era apenas Hal de mau humor.
Idiota egocêntrico!
Peguei o livro, esfregando os meus olhos e conferindo a página que havia parado antes de ter caído no sono. Bom, o preço a se pagar por passar a noite em claro...
O fechei, deixando de lado na cama e conferi as horas. Espreguicei indo para o banheiro. Uma ducha ia cair bem.***
Fecho a porta do quarto de hospital com delicadeza, e minha mãe deu um sorriso fraco. Me aproximei, deixando um beijo em sua testa. Ela estava cada vez mais magra e pálida. A toca escondia sua cabeça lisa.
— Oi._ sussurrei sentando na cadeira ao lado da cama.
— Você sabe que não precisa vir todos os dias, não é?
— Não diga bobagens. Como poderia te deixar sozinha aqui?
— O TVS é longe. É perigoso... Você sempre volta tarde.
— Está me mandando embora?_ arqueio a sobrancelha.
— Nahí, você sabe que eu não quero que você me veja nesse estado. _ ela sussurrou e desviei os olhos para um canto qualquer_ Eu odeio quando você faz essa cara. Igualzinha ao seu pai! _ ela riu baixo me fazendo a olhar de esgueira.
— O visitei hoje de manhã.
— E como ele está?
— Preso. _ brinquei e minha mãe esticou os lábios me olhando de esgueira, me arrancando uma nova risada _ Está bem! Perguntou por você.
— E o Hal?
— Por que todo mundo acha que eu sei algo da vida do Harald?
— Bom, ele é o filho do melhor amigo do seu pai. Vocês se conhecem desde o dia em que você nasceu.
— Nunca falei com o Hal mãe. Ele é um idiota..._ murmurei balançando a cabeça em negativa.
— Ele deve ser um homem formado, não é? A última vez que o vi era só um menino.
— Vamos mudar de assunto! Não quero falar de Harald.
— Algo de interessado no TVS?_ Ela perguntou tranquila.
Minha mãe sabia sobre o The Villains. Com meu pai preso, eu me tornava um alvo para muitas facções que gostariam de assumir a liderança da Irmandade do Pesadelo. Ou até mesmo de dentro dela...
Porém, minha mãe nem mesmo sonhava que quem estava lidando com os assuntos sujos da irmandade, era eu. Ela mataria meu pai se soubesse.
—O garoto novo falou comigo hoje. _ maneio a cabeça apertando as sobrancelhas. Ela sabia que eu tinha um péssimo hábito de ser insociável. Minha mãe e meu pai eram as únicas pessoas que já ouviram minha voz, por tempo o bastante para chamarmos de conversar.
Houve uma época no The Villains School que boatos se espalharam sobre mim, meras especulações sobre ser muda. Isso facilitou as coisas, ninguém vinha atrapalhar minha leitura com conversas fiadas ou perguntas idiotas. Bom... Isso até hoje de manhã.
— E ele é bonito?_ ela perguntou me dando um sorrisinho e revirei os olhos.
— Na média. Usava óculos... Aquele tipo de armação redonda. Não era forte e tinha um baita cara de nerd. Uma figura bem peculiar para o TVS. _ dei de ombros e minha mãe riu de minha resposta.
— E o que ele falou com você?
— Meu pai me deu mais um livro. Então ele viu, e comentou sobre o final. Mesmo que eu discorde completamente da visão dele.
Ela dividiu um olhar cético em meu rosto.
— Você me contou uma vez que seu pai andava te dando os livros antes do lançamento oficial deles. Talvez você só esteja na frente dele, não é?
A encaro diretamente, tombando levemente minha cabeça.
— É! Faz sentido.
— Por que não fala com ele?
— Eu não falo com ninguém do TVS, mãe.
Nós ficamos falando sobre muitas coisas até que minha mãe pegou no sono. Fiquei velando seu sono por um bom tempo antes de conferir as horas e resolver que era hora de sair.***
Soltei a fumaça do cigarro que se espalhou pelo ar quando alguém da Irmandade veio ao meu encontro.
— Eles não vão incomodar mais.
— Ainda tem moscas sobrevoando a carcaça._sussurrei em um sopro olhando fixamente para frente sem humor refletido em meu rosto.
— Quer que a gente de um jeito nisso?
Fiquei em silêncio por um longo momento, a ponta do cigarro queimando entre meus dedos. Apenas abaixei meus olhos, jogando o cigarro longe.
— Estou voltando para o The Villains!_sussurrei em um sopro e liguei a moto, saindo dali.
O vento frio bateu em meu corpo, meus cabelos sacudiram a favor do vento. O único momento de liberdade e paz, quando minha mente se esvaziava e tudo ficava realmente quieto. Quando não pensava na prisão perpétua do meu pai, na doença da minha mãe ou quanto tempo mais teria que ficar indo para aquela porcaria de lugar e fingir que era cega ao que estava óbvio.
Ligar para Thomas não era uma opção. Não ia correr atrás daquele babaca. E até então, se não houvesse uma mensagem com um pedido de desculpas, aceitável o bastante, para poder pensar se valia a pena ou não o dar um chute no traseiro, também não falaria com ele.Hal
De longe, escondido nas sombras, deixando uma cortina de fumaça escapar entre os dentes, eu vi Nahí passar pelo portão, o chutando para se fechar e acelerou a moto, deixando um ronco rouco no ar. Ela estacionou, tirando o capacete e alisou os cabelos.
A analisei baixo a cima friamente.
Segurei o cigarro entre os dedos, e o joguei no chão, o esfregando com a ponta de meu coturno.
— Você sabe que vai ter volta não é?_ disse baixo, grave, e ela estagnou, abaixando o capacete e o deixando sobre o retrovisor.
Saiu de cima da Iron 883 preta, com detalhes cromados, e me olhou de esgueira daquele mesmo jeito indecifrável e frio, me dando as costas e indo para o interior do edifício.
— Vaca!_ resmunguei irritado.---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Boa leitura!
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The Villains School
Teen FictionSpencer, um jovem rapaz ansioso para ingressar em uma universidade, acaba por dar ouvidos aos seus pais que inocentemente não sabem para onde realmente mandaram o filho. O rapaz, se encontra em uma delicada situação ao descobrir a verdadeira naturez...