15

43 4 0
                                    

Minha mãe serviu meu prato com entusiasmo e enxugou as mãos no avental.
— Você tem comido direito, querido? Parece tão anêmico.
Tenho passado tão rápido no refeitório do TVS, que comer direito é uma expressão muito forte. Mas eu não poderia falar nada disso com os meus pais de forma alguma.
— Bom, a primeira semana é a mais difícil de se adaptar.
Não havia nenhum pouco de mentira nisso. Foi um verdadeiro caos! Porém, não seria ingênuo de dizer que não dava para ficar pior, porque dava!
—Pobrezinho! E seu colega de quarto? É esforçado? Deve ser para não querer nem mesmo sair, não é?
Apenas balancei minha cabeça em positiva
— Franklin tem seu próprio jeito. _ comecei a jantar e meu pai se escorou na cadeira.
— E as garotas? _ a comida desceu seca por minha garganta e quase engasguei.
—Tem muitas, mas elas são sérias! _ murmurei.
Ou são perigosas de mais para tentar um flerte. O rosto bonito de Nahí como o de uma boneca me veio à mente, no mesmo instante que o canivete de Hal e o aviso do diretor. Eu tinha saído do The Villains, mas parece que o TVS não saía de mim.
Ainda estava tentando entender o significado da tatuagem do senhor Shelby, que apesar de seu aviso, não fez sentido nenhum para mim. Apertei as sobrancelhas tentando me lembrar de onde tinha visto algo igual... E arregalei os olhos ao me lembrar da moto da Nahí. Era o mesmo desenho.
—Tudo bem filho?_ minha mãe perguntou intrigada e concordei freneticamente.
—Só estava com saudade do seu tempero mãe. _ ela me deu um beijo na bochecha e se sentou para fazer sua refeição.
Eu deveria perguntar a Frank quando voltasse. Ele saberia me esclarecer.
— Seu pai e eu adoraríamos visita-lo um dia.
Meus olhos arregalaram e encarei minha mãe dentro dos olhos.
— É melhor não mãe! O pessoal é muito reservado! Visitas tendem a distraí-los.
—Uma visita só não faz mal! Queremos conhecer quem é seu colega de quarto. _ Meu pai insistiu e quase enfartei ali mesmo. _ Está decidido! Não precisa pegar o ônibus amanhã, vamos levar você de volta para a faculdade.
Franklin ia me matar. E não ia dar nem mesmo tempo de emprestá-lo um suéter para ou esconder os tocos de cigarro no cinzeiro. Ou de concertar a porta...
Eu estava afundando naquela cadeira casa vez que pensava em tanto para esconder. A ideia fugir, e deixar um bilhete dizendo: ”Essa vida não é para mim. Não me procurem!” parecia agora uma ideia mais do que perfeita.

Nahí

Hal continuava com a ideia estúpida de tentar me fazer chorar com as músicas. Talvez na cabeça dele o meu relacionamento com Thomas ter finalmente acabado ia me fazer sofrer de agora em diante. Ele só não contava que eu estaria dançando de baixo do chuveiro, fazendo o frasco de shampoo meu próprio microfone enquanto cantava baixinho.

Hal

Joguei meu capuz por cima da minha cabeça, escondendo meu rosto na escuridão da noite. Calcei as luvas as ajustando em meus dedos, rolei meus olhos pelo interior da casa de fraternidade que aquele merda foi realojado. Porta por porta conferi cada quarto ocupado. Meus passos foram o mesmo que o de um fantasma pela casa. Entrei no cômodo, olhando para o imbecil dormir, seu nariz estava com um curativo, certamente quebrado ou melhor, afundado para dentro de seu rosto. Tirei o cadarço do bolso do meu moletom, dando uma volta em cada mão de um jeito firme. Cutuquei seu ombro e ele sentou em um pulo, e a fina corda em minhas mãos enrolou em seu pescoço com agilidade o bastante para fazê-lo arfar e tentar se soltar do aperto.
—Shi shi shi..._sussurrei contra sua cabeça, onde ele não podia ver meu rosto._Eu coloquei um explosivo dentro da casa, e se você der um pio sequer, cada uma daquelas portas vão se abrir e uma delas é a premiada. Obviamente eu vou conseguir escapar, mas você não. Porque vai estar ocupado demais tentando entender como eu travei sua janela._sussurrei rouco em um sopro enquanto ele se debatia na cama cada vez mais sem ar graças à corda em seu pescoço._ Quando a policia vier pela manhã, diga ao policial que quando você estava no auge dos seus sonhos, em pesadelo se arrastou para dentro. E você vai dizer isso, justamente para ele e mais ninguém. Se você falar, sua irmã Percy. Adorável Percy... Tão jovem. Eu sei onde seus pais moram, onde trabalham, até o nome da amante do seu pai... Então se for chamar a polícia, lembre que eu posso acabar com a sua vida. Eu vou ser o vilão da porra a sua vida, o pior pesadelo que você vai sonhar ao se lembrar desse dia. Quer ligar para a polícia, vá em frente! Mas eu vou te caçar até no inferno se você sumir. Você mexeu com quem não devia e eu sou se capataz. Entendido?_grunhi e ele balançou a cabeça freneticamente. Dei uma boa laçada no cadarço. Um nó apertado que ele teria alguns segundos para tentar desfazer e estar ciente que eu não estava blefando.
E pela porta que entrei, parado rente a ela, segurando a maçaneta e olhando para o desgraçado se debatendo vermelho como uma pimenta tentando se libertar da corda.
—Tenha terríveis pesadelos acordado! _fechei a porta sem deixar um ruído sequer, retirei o explosivo da porta e sai, caminhando noite a dentro em meio a escuridão.

The Villains School Onde histórias criam vida. Descubra agora