~06~

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Spencer

Olhei de esgueira para Hal novamente sentado na mesma mesa de ontem. Franklin Também estava o olhando de soslaio.
— Nahí deve ter feito algo que deixou o irritado. _ sussurrou sério e arqueio a sobrancelha.
— Isso é realmente estranho não acha? Você disse que eu nunca ia encontrar o Hal por aí. É já é a segunda vez em três dias. _ sussurrei e Frank arqueou a sobrancelha. Ele cobriu a boca de repente, e apertei as sobrancelhas sem entender sua reação.
— Parece que você vai entrar na sua primeira briga quatro olhos._ Ele disse abafado pela mão e balancei minha cabeça em confusão.
A gola da minha camiseta foi agarrada por trás, me puxando de um jeito seco, que bati no chão como se fosse um boneco de pano. Minha cabeça bateu no chão me deixando zonzo, e sombra se fez aos meus olhos quando um cara me olhou de cima com desdém.
— Sangue novo... _ ele me avaliou.
Tentei me levantar, mas o pé do cara apertou sobre meu ombro, me mantendo no chão. Franklin estava sentado no mesmo lugar, me olhando na mesma indiferença irritante. Ele não ia me ajudar?
O vi acender um cigarro, e dar uma boa tragada, me olhando de forma indiferente. Meu sangue subiu a cabeça, e voltei a olhar para o valentão idiota. Empurrei seu pé para fora de meu ombro e me levantei ágil, batendo minhas roupas e o olhando afiado, ajustando meus óculos de volta ao osso nasal.
Risos ecoaram, certamente zombando de mim.
— Não quero confusão!
Franklin puxou o ar entre os dentes e maneou a cabeça.
— Assinou a sentença. _ ele sussurrou com humor ácido.
O valentão riu tombando a cabeça.
— Ele não quer confusão..._ zombou de mim fazendo um bico de deboche e rolou os olhos ao redor.
— Me deixe em paz! Não quero briga com ninguém!_ grunhi na defensiva, caso aquele idiota quisesse levar aquilo adiante. Mesmo que eu fosse tomar uma sussurra mesmo assim...
Silêncio se instalou por um longo momento, o som de passos ecoou e Harald passou em direção a saída do refeitório, sem interesse nenhum na briga. Franklin atrás de mim, protegido pela mesa entre nós, deu uma boa tragada no cigarro.

***
Coloquei o saco de gelo no olho, e encarei rancoroso Franklin jogado na cama, mandando mensagem para alguma garota. Ele me olhou de soslaio
— Não me olha assim! _ praguejou sentando na cama_ Até que você se saiu bem para sua primeira briga!
— Eu não quero ficar aqui para a próxima. _ resmunguei e ele suspirou.
— Bem-vindo ao TVS, Spencer! _ Frank disse sem humor.
— Daqui a pouco você se despede de forma digna de mim! Seu traidor miserável!
— Nunca te disse que ia me enfiar em brigas por você!
— Achei que seria meu amigo dentro desse lugar!
— Também nunca disse isso!_ ele sussurrou apoiando os cotovelos sobre as coxas. _ Ninguém é amigo de ninguém aqui, Spencer! Não quer ser o saco de pancadas de alguém, então trate de arrumar fortes aliados.
Franklin se levantou, abrindo a porta do quarto e olhando para o corredor, conferindo se estava limpou. Ele levou o indicador a testa e acenou um adeus silencioso.
— Aonde você vai? O toque de recolher já tocou!
— Se alguém perguntar, você não sabe nem mesmo meu nome! Tenho uma garota para saciar._ ele disse baixo e saiu, fechando a porta atrás de si.
Esse cara era louco?

Franklin

Fiquei observando aquela rachadura por um bom tempo antes de seguir pelo corredor até o quarto da garota. Mas o som de passos distantes me fez apenas me esconder na escuridão do corredor escuro.
Passos firmes e confiantes, e o cheiro de colônia francesa me fez arquear a sobrancelha. Shelby olhou para a rachadura também, ficando parado lá por mais tempo que eu.
— Esse lugar precisa de uma reforma!_ele rosnou de um jeito ácido, quase enojado, voltando a fazer a ronda, conferindo se todos estavam fora dos corredores.

Spencer

Sai da minha aula, jogando a mochila nas costas. Franklin tinha sumido o resto da noite, e também não estava quando acordei pela manhã. O móvel que usei para travar a porta, para minha própria segurança contra qualquer tentativa de assassinato enquanto eu estivesse incapaz, ainda estava exatamente jeito que tinha deixado. Nenhum centímetro a mais, indicando que nem mesmo foi empurrando do lugar.
Meu colega de quarto era um tanto estranho, e me deu uma dura lição que eu não podia confiar nele e nem na minha própria sombra aqui dentro. Apesar disso, Frank ainda era gente boa.
Já era hora do almoço, mas eu estava com medo de ir ao refeitório e aquele valentão idiota vir procurar briga de novo. Além disso, precisava saber se existia uma biblioteca nesse lugar. E também deveria ligar para meus pais e fingir que as coisas aqui eram uma verdadeira maravilha.
Senti alguém aproximar, e olhei de esgueira para Franklin que me olhou de soslaio, acompanhando o ritmo de meus passos.
— Você parece tenso Spencer.
— Vá para o inferno!_ grunhi ainda irritado com meu colega de quarto.
— Olha só! O quatro olhos finalmente colocando as garrinhas para fora. Parece que aquela surra concertou alguns miolos seus!
Quando olhei no espelho essa manhã, com apenas um olho porque o outro estava inchado o bastante para se fechar, não foi uma visão agradável de observar.
— Se na próxima não me ajudar, então quando me perguntar se foi furto, homicídio ou terrorismo, a minha resposta vou te dar quando estiver te estrangulando enquanto você dorme!
Franklin arqueou a sobrancelha com ceticismo.
— Belo espírito de vingança! Vai precisar dele, porque estão vindo atrás de você...
Franklin desviou, mudando de direção e senti meus ombros ficarem tensos ao ouvir passos logo atrás.
De novo não! Apressei meus passos, e risadas ecoaram.
Uma mão pesou no meu ombro, me fazendo parar, e o mesmo cara de ontem me olhou com desdém.
— Indo para onde quatro olhos?
— Meu nome é Spencer! _ grunhi entre os dentes, e ele juntou as mãos atrás das costas, me olhando de cima. Avaliando o meu olho roxo por baixo dos óculos.
— Você deve ser muito burro para me olhar nos olhos! _ ele rosnou e continuei o encarando.
— Me disseram que só existem dois chefes por aqui. E não me lembro de nenhuma menção a você. Então você não deve ser importante...
Se esse lugar era cheia de gente barra pesada, então eu deveria agir como um até conseguir sair daqui. Talvez acabasse me matando mais rápido, ou fosse expulso.
O cheiro de tabaco me chamou atenção e olhei de esgueira para trás, vendo Franklin rindo baixinho e minha desgraça, segurando seu cigarro.
— E quem foi idiota que te disse isso?_ o valentão perguntou e apontei firme para Franklin.
Os olhos de meu colega de quarto arregalaram, ele engasgou com a própria saliva, olhos se voltaram para ele. E aproveitei a distração para correr o mais rápido possível dali. Bom, agora estávamos quites! E se eu tinha aprendido a não confiar em ninguém. Franklin ia aprender que eu aprendia rápido.
Virei o corredor, quase caindo, alguém virou logo atrás, me alcançando e correndo lado a lado. Franklin estava mordendo o cigarro entre os dentes enquanto seus olhos estavam arregalados.
— Eu vou te matar Spencer! _ ele grunhiu irritado.
— Traição trocada não dói!_ disse em meio ao desespero ouvindo um pequeno grupo correndo atrás de nós.
Viramos outro corredor, e desviamos abruptamente de alguém. A sensação massacrante de minha alma saindo do corpo quando Nahí sentiu a vento ao redor de seu corpo e ergueu os olhos por baixo dos cílios daquele mesmo jeito frio. Eu vi Franklin ficar pálido, estando na ponta dos pés e as mãos para cima.
Cambaleio, voltando a correr, e Franklin não ficou para trás. O grupo inteiro virou o corredor, dando de cara com Nahí, e para a infelicidade deles... a derrubaram.
Franklin arregalou os olhos, deixando seu cigarro cair e agarrou a manga de minha camiseta e me obrigando a correr ainda mais rápido como se nossas vidas dependessem de desaparecer antes que a garota olhasse para nós.
Franklin me soltou abruptamente, me empurrando com tanta força que bati na parede, cambaleando como uma barata tonta. E quase desabando no chão como uma ameba, eu vi o vislumbre dos coturnos altos, os rasgos na calça preta e a barra do moletom. Não ousei subir meus olhos para voltar a correr. Porém, foi o vislumbre rápido quando ergui minha cabeça para olhar para frente que eu vi os fios verdes de Hal.

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Boa leitura!

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