Nahí
A porta do meu quarto abriu, e sai do banheiro para olhar quem ousou, mesmo ciente de quem seria. Hal caminhou pelo interior do meu quarto, olhando para cada detalhe, e o acompanhei com os olhos de forma afiada. Ele alisou a sobrancelha escura com o mindinho, colocando os fios no lugar.
— Só passei para dizer que eu te avisei que ia ter volta. _ ele sussurrou rouco, me olhando severo de esguelha e dando meia volta. O acompanhei com os olhos, o vendo sair e fechar a porta, a deixando bater com apenas um mero puxão.
Se alguém confundir aquele cabelo com um prato de salada, eu com certeza vou rir muito disso. Ou talvez com a cabeça do Dipsy. No mês passado parecia que alguém tinha despejado um pote de mostarda sobre ele. Ainda me lembro da época em que Hal tinha os cabelos escuros naturais, cortados baixo.
Diante do espelho, ergui a blusa, olhando para o hematoma. Ainda doía ao toque, mas não tinha fraturado nada.
Suspirei me olhando no espelho, e apoie as mãos na pia. Olhei de esgueira para fora de forma séria. Ele deve saber de alguma coisa para me ameaçar. É melhor achar mais alguma coisa para o manter neutralizado.Spencer
Acordo abruptamente, me levantando com dificuldade sobre a cama. Minha mente dando voltas e mais voltas. Franklin estava sentado sobre sua cama, olhando para mim enquanto tinha um cigarro aceso entre os dedos.
— Eu quase virei picadinho por sua causa!_ ele grunhiu balançando o cigarro.
O flash de memória do canivete nas mãos de Hal me dez arregalar os olhos. Como ainda estávamos vivos era um verdadeiro mistério.
— O quê...
— Ele vai deixar a gente em paz. _ Franklin resmungou olhando em direção a porta do quarto apenas escorada, já que os trincos tinham se soltado. _ Você tem sorte quatro olhos, muita sorte!
— Eu vi toda minha vida passar diante dos meus olhos. _ resmunguei alisando o rosto, me sentindo péssimo.
— E valeu a pena no final?
— Merda nenhuma. _ praguejei e ele riu me estendeu seu cigarro.
Suspirei olhando para o objeto e o peguei. O dei uma boa tragada, e engasguei, batendo em meu peito. Era horrível, torci a cara ainda em meio a tosse e prometi a mim mesmo que nunca mais aceitaria nada vindo de Franklin.
O devolvi, e ele apagou o cigarro no cinzeiro ao lado de sua cama.
— Tem certeza que o Hal vai deixar a gente em paz?_ perguntei receoso e Frank deu de ombros.
— Quem sabe. Nada é de graça por aqui. Um dia a conta chega.
— Tenho medo do valor dessa dívida. _ sussurrei rouco alisando meus cabelos para trás e os esfreguei _ Merda! Quanto mais eu tento sair daqui, mais me sinto afundando.
— Bem-vindo a realidade. _ Franklin praguejou_ Você causou essa bagunça, você fala com o senhor Shelby sobre a porta.
Arregalei os olhos o encarando aturdido.
— E o que eu digo?
— Se vira!_ Franklin se levantou, enfiando as mãos no bolso de seus jeans com alguns rasgados, sua pulseira que parecia um arame farpado entorno de seu pulso deixou um sonido e ele se foi pelo corredor.
Alisei meu rosto olhando fixamente para a parede. Hoje era sábado, e duvidava muito que senhor Shelby estaria aqui. Peguei o livro, olhando para a capa e abri com cuidado para não amassar nenhuma página.
Era melhor ler logo antes de Nahí viesse o cobrar de volta.Hal
O vento batia intenso em meu corpo enquanto rodava a estrada até o presídio. Eu disse que não ia deixar passar, e eu mal podia esperar para despejar algumas coisas para meu pai.
Na minha mente, a imagem decadente e machucada de Nahí piscou. E apertei fundo o acelerador, fazendo o vento balançar minha camiseta e erguer quase contra minhas axilas.
***Meu pai estagnou ao me ver sentado no outro lado da mesa metálica da sala privativa de visitação. Ele olhou para o guarda e voltou a me encarar, e sentou na cadeira. Suas mãos estavam algemadas.
— Eu pensei que tinha ficado louco, mas você realmente teve coragem de vir aqui. _ ele sussurrou e ergui meus olhos por baixo dos cílios o encarando de forma entediada.
— Quero que passe algumas coisas para o tio Ranks. _ disse ríspido e meu pai arqueou a sobrancelha, olhando de esgueira para o guarda e voltou a me olhar com um mover de seus olhos.
— Não vão crescer e deixar essas implicâncias de lado? Ranks disse que cada dia que passa ela fica mais bonita._me pai balançou as sobrancelhas sugestivo, mas continuei o encarando da mesma forma de antes.
— Nahí anda saindo as escondidas todos os dias. _ disse firme e meu pai se calou.
— Você sabe que ela vai ao hospital quase todos os dias, não é? Josie está com câncer já há algum tempo...
Algo em mim se afundou com aquela notícia e fiquei estagnando apenas respirando fundo, olhando nos fundos dos olhos do meu pai.
— Eu não sabia que...
— Eu achei que você tinha vindo aqui para me ver. _ meu pai se levantou, indo em direção à porta e torci o rosto.
— Eu ouvi a voz dela. _ sussurrei e meu pai parou, se virando de lado para me encarar aturdida _ E a primeira coisa que ela disse foi: “Cale a boca!”
O rosto de meu pai ficou vermelho e como esperado ele explodiu em uma risada alta.
— Espere até Ranks ouvir isso._Me levantei, passando por meu pai, e ele me acompanhou em silêncio._ Não veio aqui para contar que ela falou com você. _ meu pai sussurrou e parei no corredor
— Não! Eu só queria pegar um ar. E como não tinha nenhum lugar interessante para ir, então apenas resolvi olhar para você por um segundo depois de tantos anos.
— Foi bom ver você também, filho rebelde...
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The Villains School
Teen FictionSpencer, um jovem rapaz ansioso para ingressar em uma universidade, acaba por dar ouvidos aos seus pais que inocentemente não sabem para onde realmente mandaram o filho. O rapaz, se encontra em uma delicada situação ao descobrir a verdadeira naturez...