violeta & sua cor favorita

81 9 2
                                    

violeta & sua cor favorita

Não era verde, nem azul. Não era exótico como rubi, esmeralda ou carmesim. Não tinha nome, na verdade. Não tinha cheiro, endereço, rótulo ou data de fabricação, mas sabia que tinha dono. Era baixo, criança como si, perdido em sua bolha de inocência, amigos que um dia esqueceria. Ele, porém, também não tinha nome. A cor se perdia nos olhos da criança. Envolvia a pinta preta no centro da íris, onde Violeta encontrou sentido pela primeira vez. Amor infantil! Amor a primeira vista! Afundou na carteira escolar, sete anos de vida. Achava que conhecia todas as cores, até a vida revelar que nem todas estavam no arco-íris, pelo menos não as que valiam a pena observar. Era como assoprar velas no próprio aniversário, ir ao aquário na primeira infância ou se desafiar a pintar dentro das linhas. Era um copo d'água no meio da madrugada, chuva na piscina, cheiro de cloro e protetor solar no verão. Procurou resposta nos olhos que nunca a fitariam de volta, coração acelerado. Estaria ela tendo um infarto? A menina abaixou os olhos, portal da alma, caderno da mente. Retirou do estojo uma caneta roxa, prima de seu nome e, com caligrafia feia, escreveu em seu pulso poucas palavras. Não era vermelho, nem amarelo. Não era estranho como falu, incamadine ou âmbar-bastardo. Era só castanho castanhola.

CASTANHO CASTANHOLAOnde histórias criam vida. Descubra agora