Parte 2

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 Acordei mais cedo que o normal com a campainha tocando. Abri e era ele, mas ele parecia muito mal.

-Meu Deus Lucas, o que houve?

-Eu tenho asma, tive uma crise, por favor, me ajuda.

Levei-o até o sofá e o deitei. Peguei um equipamento pra asma e dei pra ele puxar. Quando ele se recuperou, pude ver sua cor mudar, e ele melhor. Preparei o café e pus a mesa.

-Vem Lucas, toma um café, vai te fazer bem.

-Obrigada Luisa, você é um anjo.

Sorri. Ele tomou café e subiu se trocar. Senti umas sensações desconhecidas, que me abalaram totalmente. Será que aquela paixão de infância ainda estava dentro de mim? Eu espero que não, mas e se eu tiver? Vou fazer o que? Vou focar em mim e fingir que ele nunca existiu pra mim. 

Fui até o meu quarto, me troquei, peguei minhas coisas e sai. O dia estava mais frio que o normal, e chegando a recepção, recebi o garoto da floricultura novamente, com tulipas amarelas, lindas. Peguei, agradeci, e fui olhar o cartão.


"Bom dia flor do frio de maio, como você esta? Obrigada por ter cuidado de mim esta manhã. Ah, e você fica linda com o cabelo bagunçado e de pijama. Tenha um bom dia. Um grande beijo.             

                                                                                                                                       -Lucas "


Fiquei envergonhada, ainda bem que ninguém viu. Mas ele é um conquistador barato, porém, criativo, bonito, e tem um sorriso lindo de morrer.

Saindo do prédio percebi que ele vinha me acompanhando, e chegou ao meu lado.

-Gostou das flores?

-Adorei, são lindas.

-Tomara que minha namorada não descubra.

-Você tem namorada?

-Sim, começamos ontem.

-Parabéns, felicidades pra você. –Me deu flores e esta namorando outra? Ele não presta mesmo.

-Obrigada Lu, mas você não tem namorado, nem nada?

-Não Lucas, eu prefiro focar nos estudos, já me machuquei demais.

Ficamos em silêncio, entramos na faculdade e cada um foi pra sua sala.

O professor entrou e nos mandou para o auditório que a coordenadora tinha que dar um comunicado. Depois de estarmos acomodados ela começou seu discurso.

-Alunos, sabemos que já estamos no meio do ano, no último semestre da faculdade de vocês. Então já teremos que organizar os preparativos para a formatura de vocês. Pois bem, comecem a encontrar um par para a valsa dos formandos. Alguma pergunta? Não? Estão dispensados.

No corredor para voltar a sala, Lucas me alcançou.

-Flor de maio?

-Oi Lucas.

-Você quer ser meu par no baile de formatura?

-Tudo bem Lucas.

Fomos para a sala e o assunto morreu entre nós. Já na saída da faculdade, ele se encontrou com uma garota, que suponho ser sua namorada. Eles estavam felizes. Fui direto para a minha casa. E já dentro dela chorei, chorei muito, não sei o que eu sentia, mas estava deprimida. O acontecimento de anos atrás, voltou a tona na minha cabeça.


"-Lu, meu amor, o que você acha de nos casarmos no último ano de sua faculdade?

-Esta me pedindo em casamento amor?

-Estou. Casa comigo Luisa? Quer se tornar esposa do melhor cantor de Rock da Europa?

-Claro meu amor, aceito."


Chorei de felicidade, eu estava noiva, até a noite da tragédia.


"-Alô?

-É Luisa?

-Sou eu mesma, aconteceu alguma coisa?

-Sou do corpo de bombeiros, e o Gustavo sofreu um acidente de carro. Você é algo dele?

-Sou noiva.

-Por favor, venha até o hospital principal para reconhecer o corpo.

-Meu Deus, o que aconteceu?

-Ele sofreu um acidente de trânsito, bateu de frente em um caminhão e não resistiu."


Essas lembranças me atormentam desde aquele dia. Meu eterno amor morreu em um acidente, e até hoje não me conformo com isso. Meus olhos estão fechados. Não consigo abrir. Estou em um estado tão dolorido, que não sei o que vai ser de mim aqui sozinha.

A campainha tocou, tocou e tocou. Não abri. Porém, a porta se abriu. Lucas e sua namorada entraram e me encontraram jogada no chão em pranto. Ela me deu um calmante e acordei muito tempo depois na cama, com eles ao meu redor. Ele pegou minha mão e me olhou.

-Esta tudo bem Lu?

-Esta sim. Só tive uma crise. Nada fora do normal.

-Quer contar pra nós?

-Não Lucas, melhor não. Não agora pelo menos. Obrigada por terem me ajudado, mas agora quero ficar um pouco sozinha.

Eles saíram e eu fiquei pensando. Será que será sempre assim? Será que não vou conseguir amar ninguém mais? Resolvi descansar.

Frio de MaioOnde histórias criam vida. Descubra agora