- 𝐇𝐨𝐩𝐞 -

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Todos os dias, Laura e eu íamos à propriedade que antes pertencera à Tom

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Todos os dias, Laura e eu íamos à propriedade que antes pertencera à Tom.  A visão da grande mansão, mas agora negligenciada, sempre me deixava dolorida com uma estranha mistura de nostalgia e perda.  Mas, mesmo com a melancolia sempre presente que perdurava em meu coração, eu me recuso a deixar que o passar do tempo me impedisse de tentar entrar.

No entanto, as autoridades sempre ficavam do lado de fora dos portões para impedir a invasão, e sempre éramos forçadas a nos virar e sair.  Mas, com o passar dos meses, minha determinação só ficava mais forte, e eu me recusei a perder a esperança de que acabaria encontrando uma maneira de entrar.

Finalmente, chegou o dia em que conseguimos passar pelos guardas e entrar no terreno da mansão, agora abandonada. Passamos pela grama seca, pela piscina agora vazia e pelos canteiros de flores vazios, com o coração pesado de emoção e a mente disparada com perguntas e especulações.  Cada centímetro do lugar estava coberto por grossas camadas de poeira e sujeira, a outrora majestosa mobília agora dilapidada e esquecida.  O lugar inteiro carregava uma pesada aura de derrota e decadência. Laura ficou ao lado de fora enquanto eu vagava pelos corredores, o som de meus passos ecoando no vazio. Enquanto caminho pelo corredor principal, mal iluminado, a visão que recebo faz meu coração afundar. Cadeiras quebradas e mesas estilhaçadas cobrem o chão, criando um perigoso labirinto de entulho que parecia zombar de mim a cada passo. Mas foram as manchas de sangue que realmente me gelaram até o âmago. Era uma colagem macabra, cada mancha um reflexo da dor que permanecia, uma lembrança constante do horror que acontecera nesse mesmo espaço.

Apesar do medo que ameaçava me consumir, eu me dirigi para as escadas que levavam ao segundo andar.  Lá, no quarto que ele uma vez chamou de seu, eu espero encontrar as respostas que me iludiram por tanto tempo.  As escadas eram uma prova da antiga glória desta propriedade.  Sua superfície de mármore branco brilhava na luz fraca, seu brilho ainda intacto apesar do tempo de abandono.  Corro os dedos pela pedra lisa do corrimão, sentindo o peso de tudo o que acontecera dentro dessas elegantes paredes. A cada passo, sinto meu coração batendo cada vez mais forte no peito, incitando-a a voltar atrás, a abandonar essa missão tola.  Mas eu segui em frente, determinada a encontrar a verdade, não importa o custo.

Eu vim aqui hoje, finalmente, para enfrentar a memória, para tentar dar sentido a tudo isso.  Eu sei que por trás dessa porta estão as respostas que estou procurando. A chave para entender aquela noite.

Por fim, parei diante da porta do quarto dele, o peso do momento me pressionando enquanto tentava reunir coragem para entrar. Hesito por um momento, minha mão estendida para girar a maçaneta, antes de finalmente reunir coragem para abrir a porta. As dobradiças rangeram quando o pesado carvalho balançou para dentro, revelando o interior do quarto, que estava cheio de memórias do tempo que passamos juntos e da tragédia que acabou com tudo. Lentamente, com os olhos arregalados, contemplo a cena que estava diante de mim. É como se o tempo tivesse congelado, como se tudo tivesse sido preservado exatamente como naquele momento terrível em que tudo desmoronou.  A sala está quase inalterada, com apenas a poeira e a decadência do abandono para estragar sua outrora elegante beleza.  Mas eram os móveis partidos e os cacos que pareciam assombrar o espaço, como se fossem fantasmas de um passado que se recusava a ser lembrado. A mancha de sangue na parede, os espelhos quebrados e os sonhos despedaçados pareciam gritar para mim, implorando para que eu entendesse o que havia acontecido aqui. Eu tenho que saber a verdade, não importa o quanto isso vá doer.  Meus olhos examinam a sala, observando cada detalhe, cada nuance.  É tudo tão familiar, mas agora está manchado com as memórias sombrias que eu tenho passado meses tentando me lembrar.

Oblívio - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora