II

882 140 6
                                    


Pensou em dar meia volta e nem falar com Yoko aquela hora, mas já havia adiado bastante.

-Olá Yoko.

Yoko se vira rápido e fica olhando para Enid.

-Nossa!!! Olha só quem deu o ar da graça.

Não estava tendo um dia nada bom e o sarcasmo dela só piorava seu humor.

-Eu venho todo dia no trabalho, então não comece com essa ironia.

-Você sabe que não estou falando disso. Poxa, estou te ligando a três dias seguidos e nada de você atender.

-Ando ocupada com a mudança e com o trabalho.

-Trabalha tanto assim que não tem nem tempo para me mandar um simples SMS?

-Deveria ficar contente, afinal, você é sócia daqui, quanto mais trabalho, mais a gente lucra.

-Agora quem esta sendo irônica é você.

Estava estressada e faminta, e a ultima coisa que desejava naquele momento era uma briga com Yoko. Passou por ela e foi até a geladeira pegar uma maçã, enquanto estivesse comendo poderia evitar falar.

Yoko parecia mais magoada do que brava. Isso fez com que consciência de Enid ficasse pesada.

--Desculpa Yo, eu deveria ter te ligado, fui muito mau educada com você.

Agora as duas estavam sentadas frente a frente na mesa da copa, Yoko estendeu a mão e segurou a de Enid.

-Achei que a gente estava tendo um lance legal. Mas ai de repente você some.

-Yo, eu te avisei que não queria nenhum compromisso, foi legal, mas acabou.

Ela solta a mão de Enid e levanta rápido, quase derrubando a cadeira, vai até a janela da copa e fica olhando para fora por um tempo. Quando volta a olhar, Enid nota que ela fazia força para segurar as lagrimas. Pensou em desespero: " por favor que ela não chore na minha frente, por favor." Não suportava ver alguém chorando, isso quebrava todas as suas defesas.

-Então é isso Enid? Pra você o que a gente teve não significou nada?

-Claro que significou, mas não te enganei, disse que não queria nada serio.

-Você é uma filha da puta arrogante e pegadora. Só me usou.

Fez o possível para manter tudo num nível civilizado, mas agora Yoko acabou com sua calma de vez.

-Calma lá, eu não usei você, até por que foi tudo bem consentido, você teve tanta satisfação quanto eu, foi uma troca de experiências.

A xícara que Yoko antes usou para tomar café voou em direção a cabeça de Enid, por sorte estava com os reflexos bons, seria um estrago se aquilo acertasse sua testa, como era a intenção da outra. O barulho da xícara se espatifando na parede chamou a atenção de Divina.

-Gente do céu, o que ta acontecendo aqui???

Nessa hora Yoko simplesmente bateu a porta na cara de Divina impedindo que ela entrasse, sentiu medo que algo mais voasse na sua direção, por sorte ela não tinha mais nada a mão.

-Sabe de uma coisa Enid, você nunca deve ter amado ninguém e nem nunca vai amar, você é insensível demais. Tomara que alguém um dia ainda quebre em mil pedaços esse seu coração de gelo.

Abriu a porta e saiu bufando, deixando Enid perdida em lembranças.

Sim ela já havia amado alguém a muito tempo atrás e seu coração de gelo já tinha se partido em mil pedaços, que ela colou de qualquer jeito e prometeu a si mesma que nunca mais iria acontecer e desde então é ela que quebra o coração dos outros, mesmo sem querer.

A Mulher do Pastor- Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora