Capítulo VI

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- Gyu, abre essa porta, por favor - pediu, dando o sexto 'toquinho' na madeira da porta do quarto do garoto. - Quero conversar contigo, me deixa entrar? - continuou, com uma paciência absurda.

Beomgyu queria ficar sozinho. Sentia-se chateado, humilhado e pisado. Nunca pensou que Peter e os outros pudessem fazer algo assim consigo. Continuava checando as atualizações do instagram do pessoal e confirmou que aquele ambiente era a casa de Peter e que a festa era sem nenhuma comemoração importante, apenas um evento casual, e mesmo assim, preferiram isso a comparecer em sua festa.

Cansado de chorar, o garoto foi até a porta, a abrindo sem esconder as lágrimas. Yeonjun entrou, o abraçando apertado.

Beomgyu correspondeu ao abraço, chorando ainda mais sentido.

O agente deixou que ele levasse o tempo necessário, enquanto mantinha-se o segurando firme com um dos braços, acariciando as madeixas lisas e longas com a mão livre.

Quando notou que o choro diminuía, soltou-se do abraço, levando ambas as mãos ao rosto dele, segurando as bochechas quentes. Observou os olhos lacrimejantes, penalizado.

- Por que eles fizeram isso comigo, Yeonjun? - questionou, com a voz entrecortada.

Yeonjun respirou fundo, meneando o rosto.

- Porque nunca foram teus amigos de verdade, Gyu. - disse em voz baixa, o vendo abaixar o rosto. - Me desculpa dizer as coisas dessa forma, mas eu não vou ficar mentindo pra ti que eles esqueceram que era tua festa ou inventar outra coisa pra livrar a barra deles. São um bando de merdinhas que não merecem a tua amizade.

Beomgyu suspirou, levando as mãos até os pulsos dele, retirando seus dedos do rosto.

- Que sejam, Yeonjun! Ainda assim, eu não esperava que fossem fazer essa maldade enorme comigo. Que vergonha, que humilhação, uma festa toda pra ninguém... - disse sentido, voltando a chorar - E eu fiz as lembrancinhas pensando em todos eles. Por que o Peter fez isso comigo? Só por que eu sou gay e gosto dele? - questionou, levando a mão ao peito. - Tá vendo Yeonjun? Ser gay é uma doença, ninguém quer ficar perto de mim. As pessoas se afastam! O Peter deve ter nojo de mim, é essa a verdade.

Yeonjun o observava, incrédulo. Não pensou que ele fosse se atacar diante do crime dos outros. As pessoas não haviam vindo até a festa por pura maldade e Beomgyu culpava a si mesmo. Ser gay, sua sexualidade, era o motivo de sua festa ter sido um fiasco, e não o fato daquela gente ser a escória da humanidade.

Entreabriu a boca na tentativa de contra-argumentar, mas sabia que Beomgyu estava extremamente abalado. A julgar pela forma com que deixava que aquela gente pisasse em si, não era de se estranhar que fosse pegar a culpa que não lhe pertencia.

- Devem estar tirando sarro da bichinha enquanto curtem a festa... não me convidaram... não queriam que eu contaminasse o ambiente... é por isso que nunca me ouvem, Yeonjun. Eu não tenho o direito de falar nada porque sou um viadinho. - disse com a voz chorosa, suspirando.

Yeonjun se aproximou dele na primeira oportunidade, o trazendo pra perto novamente. Precisava fazer algo, mas não sabia exatamente o que.

- Escuta, enquanto tu tá aqui perdendo teu tempo vendo essas merdas de fotos no teu celular, tem duas pessoas ali embaixo, na tua festa, esperando por ti. Vieram, trouxeram presentes e o mínimo que merecem é que tu faça teu papel de anfitrião. - disse sério.

- Quem convidou eles foi você, Yeonjun... por mim eles não teriam vindo, você sabe. - murmurou, soltando um suspiro.

- Tá vendo, Beomgyu? Esse que é o teu erro, tu escolhe as pessoas erradas pra chamar de "amigo". Os dois sabem que tu é gay e não se importaram. Vieram! Tão aqui! - disse enérgico, apontando a porta.

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