CHRISTIAN
A noite passa sem intercorrências, com Jack me ligando aqui e ali para me informar que as estradas estão limpas. Mandei um dos caras pegar as coisas de Anastasia em casa e deixar por aqui.
Mesmo com ela insistindo que não era necessário, eu vejo um pouco da tensão sair de seus pequenos ombros apertados.Ela sempre me diz que está bem e que não tem
medo. Que quem quer que sejam esses caras, eles vão se foder, e ela sabe como se proteger. Eu não pergunto, mas vejo como seus olhos vão para as portas e janelas a cada barulhinho. A maneira como sua mão se move em direção à cintura,
me faz perceber que ela já carregou uma arma antes. Por alguma razão, isso faz o meu peito doer ao imaginar, de uma forma que nunca doeu antes por mim ou pelas minhas experiências neste
mundo.Na manhã seguinte, eu a ouço malhando silenciosamente – pela sua respiração suave e rápida e as leves batidas de seu tênis no chão de madeira do quarto de hóspedes.Depois disso, ela toma banho e aparece revigorada e sorrindo, mas eu só consigo processar o quão real o medo é para ela.
Por alguma razão, isso me faz querer protegê-la mais. Na intimidade estranha e afetada da cabana, tenho o desejo – duas,três vezes por dia – de contar a ela por que foi, de verdade, enviada
para cá. Sim, a vida dela corre perigo. Sim, os homens atrás dela e a ameaça que representam são tão reais quanto nós.Havia um preço pela minha proteção. Quando me imagino falando essas palavras com ela, não é arrependimento, raiva ou tristeza que sinto - é vergonha. Eu praticamente comprei você. Claro, seu pai não expressaria dessa forma. Até onde eu
sabia, Anastasia havia sido informada e havia concordado. Mas a garota que está vivendo bem no final do corredor tem tanto noção disso quanto uma corça na mira de um caçador.Sem a menor noção, talvez. Mas não inocente e certamente não fraca. Nos dias que se seguem, aprendo a observá-la sem que ela perceba. Ela é inteligente e rápida, mais observadora do que eu gostaria. Mas existem momentos de vulnerabilidade, e eu aprendi a usá-los quando posso. Normalmente, surgem quando ela está
tirando fotos, ou sentada no sofá editando-as em seu telefone, ou quando ela está colada ao velho computador monolítico no final do corredor.Às vezes, acontece quando estamos atirando no campo,descendo a colina – mas isso é diferente. Não há suavidade para ela quando está atirando, apenas uma determinação fria e distante.
Instinto assassino.
Não é algo que todos neste ramo de trabalho tenham. Meu pai não tinha, mas dizia que sim. Me surpreende encontrar isso em Anastasia. Ela sai quase indiferente às vezes, com a cabeça nas nuvens e presente em um mundo totalmente diferente do resto de nós. Mas o instinto está lá, zumbindo como um terceiro trilho em um trem,
escondido do olho nu, mas letal para aqueles que se aproximam demais.Os dias passam tão facilmente que é quase cruel. Não há merda suficiente acontecendo na cidade para que eu mesmo precise cuidar e, pela primeira vez, não estou com vontade de fazer isso. Jack e os caras administram bem, e o resto mantém os olhos nas estradas, nos hotéis, nos esconderijos das florestas e nos trens, táxis e aviões nas cidades. Se José está planejando entrar em Plockton sem que eu saiba, é melhor ele ter uma boa ideia de como fazer isso.
Talvez ele tenha, uma pequena voz no fundo da minha mente diz. Ele não era mais forte do que eu, mas José sempre foi mais inteligente, não foi?
Tento ignorar essa voz. Porém, já tarde da noite, quando Anastasia adormece no sofá, ou quando uma expressão de medo cruza seu rosto com o barulho abrupto do meu telefone vibrando na
mesa, não posso deixar de me perguntar se isso procede.
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Possessão
FanfictionChristian Poder. É um vício. Do tipo que surge de forma tão natural quanto o oxigênio. Entre ele e as pernas de uma bela dama em volta do meu pescoço, Eu não sei qual me deixaria mais duro. Não faz parte da minha reputação me "aquietar", Mas foda-s...