Capítulo 7

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CHRISTIAN

" O que diabos eu devo fazer com isso?" Eu perguntei, correndo uma mão sobre meu rosto cansado. Um sangue pegajoso sai dele. Não o meu – o deles. Eu olho para Ethan, que está enviando mensagens de texto rapidamente. Seus olhos estão arregalados e atormentados, seu rosto cinza. Não esperávamos matar um bando de idiotas que não tinham conhecimento dessa reunião. Um tiroteio, talvez. Mas isso não. "Ele está bem?"

Ethan balança a cabeça, deslizando o telefone no bolso da jaqueta. Ian está andando entre os corpos – quatro no total – e agachando para revistá-los, verificar os pulsos,examinar carteiras
em busca de identidades ou telefones que não estejam bloqueados.

"Jack acabou de falar com ela. Ela está bem. Nada do lado deles."

Eu aceno, um pouco da tensão na minha espinha diminuindo. Eu lhe disse que tinha tudo sob controle mas, claramente, não tinha. Achava que contanto que só a minha vida estivesse em perigo, estaria tudo bem. Contanto que ela esteja segura, o que quer que aconteça comigo não importa.

Estúpido, diz a voz no fundo da minha cabeça. Você é quem deveria protegê-la. Se algo acontecer com você, quem vai salvar Anastasia?

Eu ignoro a voz, embora esteja certa.

Eu ando ao longo do asfalto preto, o vento frio cortando através dos enormes contêineres de armazenamento que se aninham nesse canto abandonado da baía.Está muito frio para ter moscas, mas conforme o dia passa, vai esquentar, assim como os corpos. Devíamos despejá-los e limpar tudo. Mas meu instinto dizia para não perder tempo; eu precisava voltar para ela. Mesmo que José não esteja lá, ele também não está aqui. Isso é motivo de preocupação mais do que suficiente.

E de qualquer maneira, José sacrificou estes homens inexperientes, portanto ele deve compensar desse custo pessoalmente. Eu cutuco um com a minha bota. É um cara jovem,talvez na casa dos vinte anos, olhos arregalados e vidrados, sangue escorrendo de uma narina.Tinham começado a disparar no minuto em que saímos do carro para o asfalto frio e preto. Não consigo
imaginar que Leith achou que eles iam suceder.

Então, qual era o objetivo?

"Vamos", eu digo e viro minhas costas para os corpos.

***


"Ele não estava lá", eu digo, pendurando minha jaqueta no gancho e então fechando e trancando a porta atrás de mim. O caminho de acesso está como eu deixei – totalmente patrulhado com carros e homens postados. A luz do sol brilha através das árvores, lançando sombras dançantes contra as janelas da cabine. Anastasia está
percorrendo as fotos em sua câmera.

Ela não levanta os olhos quando eu entro. "Eu sei."

Eu congelo. Coloco minhas mãos sob a bica da pia, sangue flui para fora delas e em espiral pelo ralo. Eu estava perto de um dos homens que morreram, vestígios dele se grudaram no meu
pescoço e no meu cabelo. Eu consigo apagar, esquecer tudo isso – o eco forte de tiros, gritos agudos de dor, o ruído gutural da bala atingindo a carne – e escuto apenas o silêncio severo que cai entre Anastasia e eu.

Enxugo minhas mãos e entro na sala de estar. Ela está dobrada sobre o sofá, com os pés enfiados debaixo dela. A calma em pessoa. "Você sabe?"

Seus olhos se elevam ao mínimo, breves e cheios de gelo, e então voltam para a câmera. "Ele esteve aqui."

Meus joelhos ficam fracos, minha cabeça zumbindo. "Ele..."

"Esteve aqui", ela terminou, gesticulando irreverente na sala. "Ele me fez café."

Eu me movo rigidamente para o sofá, afundando na frente dela. Meu coração parece uma pedra, fria, dura e sem vida em meu peito. "Me diz o que aconteceu. Exatamente o que aconteceu."

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