ANASTASIA
Isto é loucura.
Estou ficando louca, andando pela sala como tenho feito nas últimas semanas, me sentindo mais encurralada e indefesa do que nunca. Eu congelo, capturando meu reflexo no espelho através da porta do banheiro. Na penumbra, pareço selvagem, com medo.
Eu pareço uma presa.
Minha mão cai sobre minha barriga, plana como sempre foi –mas em breve, não mais. Grávida. Sempre fui cuidadosa. Mas com Christian, tudo aconteceu tão rápido, tão selvagem e fora dos trilhos. Meu Deus, é quase como se eu quisesse que acontecesse.
Eu não estou acostumada com isso. Não estou acostumada a ser a garota irresponsável, a garota imprudente,a garota doente pelo... o quê? Desejo? Afeição? Amor?
De jeito nenhum. É cedo demais para isso. E de qualquer maneira, Christian... ele é tudo que eu odeio.
É? É mesmo?
Eu lentamente afundo na beirada da cama, tocando meu abdômen. Eu sei que é muito cedo para pensar em uma criança saindo daqui. É muito cedo para imaginar: uma vida com um
bebê, uma vida com Christian... e eu não posso desejar isso. Eu não posso. Certo?Eu nunca irei controlar você. E ele não o fez. Quase tudo que pedi, ele me deu. Respostas. Transparência. Proteção. Instrução. Ele próprio. Eu deito na cama e olho impotente para o teto branco e vazio.
Eu estou dizendo a mim mesma que o odeio desde o início porque ele vem do mesmo mundo que o meu pai. O mesmo mundo do qual cresci odiando e fugindo; o mundo que tirou minha mãe de mim.
Mas se eu virar as costas para o meu passado e olhar para Christian, olhar de verdade para Christian, que semelhanças existem entre ele e
meu pai? Meu pai nunca me escuta, muito menos dá crédito aos meus conselhos ou pensamentos. Ele não se oferece para me ensinar a me proteger. Não, esse trabalho é delegado a outros, a
homens e pessoas mais capazes.Christian me trata como se eu fosse capaz. Porra, às vezes ele me trata como se eu fosse mais capaz do que ele. Ele fala comigo com respeito. Ele não me coloca de lado, menospreza ou me comanda.
Ele não tinha que admitir a verdade sobre meu propósito aqui, mas ele o fez, e o único prejudicado com isso foi ele próprio.Eu não esperava me apaixonar por você.
Um arrepio desce pela minha espinha quando ouço essas palavras novamente. Eu fecho meus olhos e lembro de seu toque, seu corpo, seus lábios e sua voz.Todo esse tempo ele não se
escondeu de mim. Ele é rude e masculino e às vezes frio, mas houve tantos momentos de vulnerabilidade entre nós...Ele quer isso, eu percebo de repente. Realmente,
verdadeiramente, de fato deseja isso.Ele não quer nenhum casamento arranjado, ou um escambo, ou uma incubadora para seus filhos. Ele me quer. Ele não imaginava querer, mas quer.
Ele me escolheu.
Uma lágrima escorre pela minha bochecha, quente e pungente. Eu a afasto. Minha garganta está apertada, meu coração martela. Não me abro para alguém há muito tempo – talvez desde
que era criança. Talvez desde que minha mãe ainda estava viva,mas de alguma forma, Christian atravessou minhas defesas, o meu humor, minhas paredes, minhas regras, e meus preconceitos. De
alguma forma, ele fez com que eu me apaixonasse por ele também.Ele me escolheu e eu vou perdê-lo. O frio desliza pela minha espinha.Ele está lá agora, vai enfrentar José e provavelmente vai morrer. Tudo para me proteger. Tudo porque ele está apaixonado por mim.
Christian, eu penso. Seu idiota.
Eu me sento. Não posso deixar ele fazer isso. Mesmo que ele esteja decidido a morrer por mim, não vou deixar isso acontecer assim. José é um jogador. Sem dúvida, ele já está dez movimentos
à frente. Se isso for verdade, talvez já seja tarde demais. Mas tenho que tentar.Reúno minha coragem, me levanto e me olho no espelho. Pelo Christian. Por mim. Pelo futuro que podemos ter.
Abro a porta e congelo.
"Desculpe, Anastasia."
O frio me atravessa, me enraizando no lugar. Não é Christian diante de mim, mas José. Ele me dá um sorriso frio e preguiçoso. Ele está vestindo um capuz, jaqueta preta, e metade do seu cabelo preto arenoso puxado para trás. As argolas em suas orelhas brilham e seus olhos são penetrantes.
"O nosso Christian", José diz, "Ele nunca aprende, não é?"
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Possessão
ФанфикChristian Poder. É um vício. Do tipo que surge de forma tão natural quanto o oxigênio. Entre ele e as pernas de uma bela dama em volta do meu pescoço, Eu não sei qual me deixaria mais duro. Não faz parte da minha reputação me "aquietar", Mas foda-s...