Capítulo 12

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ANASTASIA

Um jogo.

Finalmente, algo que posso fazer direito. Não me permito olhar para Christian, para seu rosto sangrando e machucado, ou para seus olhos - flamejantes, perigosos e cheios de fogo. É minha culpa estarmos nessa bagunça. Por minha culpa, ele já tinha caído em uma armadilha. É minha culpa estarmos aqui agora. Eu nunca deveria ter me permitido chegar perto dele.

Eu nunca deveria ter me apaixonado por ele.

Tudo o que ele fez foi me colocar em primeiro lugar. Não confiei nele para me proteger, e agora olhe onde estamos. Entre nós dois, acabamos nos sabotando perfeitamente. Poderíamos até ter
matado um ao outro.

Não se eu puder evitar.

José está me olhando com frieza, com uma pergunta em seus olhos.Ele sabe que estou jogando com ele - ele só não sabe como ou por quê. "Você quer me ver lutar contra seu novo namorado até a morte?"

Não olho para Christian, mas o conheço. Seu corpo, sua mente, sua força. José é um pouco mais jovem, um pouco mais ágil.Mas ele não tem o impulso cego que Christian tem; isso ficou claro para mim desde que nos conhecemos. José tem uma linha de autopreservação que Christian não possui. Christian - meu Christian - morrerá antes
de perder, se isso significar proteger minha vida.

E possivelmente a do nosso filho.

Christian me pediu para confiar nele. Repetidamente, ele me pedia, e eu concordava, mas alguma vez, realmente, verdadeiramente, fiz
isso? Eu disse que confiava nele, mas uma parte de mim nunca chegou a confiar.

Eu não sou seu pai. Não, ele não é. O que ele diz, é exatamente o que ele tem intenção de fazer. E se ele estava me deixando mais cedo para enfrentar José de uma vez por todas, era porque ele sabia que poderia fazer isso com sucesso.

Ou pelo menos matar José no processo.

"Ele não é meu novo namorado", eu digo calmamente. "Eu disse que tínhamos terminado. Era apenas sexo, de qualquer maneira."

"Você é uma boa mentirosa." Os olhos de José brilham com diversão.

"Sim. Eu sou, mas não estou mentindo. Estive nisso minha vida toda, talvez tanto quanto você. Eu sei como funciona. Eu conheço muito pra me apegar. E sei que não significa nada para nenhum de vocês - você, Christian, meu pai ou os inimigos dele. Eu sou a carga, colateral. Não importa com quem eu esteja no final do dia. Contanto que eu esteja viva."

Sinto os olhos de Christian em mim. Eu não os encontro. Pelo que sei,ele está comprando o jogo que estou jogando. Ou, pior, ele sabe que estou jogando e está implorando para que não o faça. Afinal, ele não queria que eu me envolvesse. Mas aqui estou.

José passa por Christian e vem até mim, se ajoelhando. Ele olha para o meu rosto. "Você está me dizendo", ele diz suavemente,levantando uma sobrancelha, "que se eu vencer e matar o grande
Christian ali, você vai sair daqui comigo?"

Um arrepio desce pela minha espinha, mas não demonstro meu medo. Confie em Christian. Acredite que ele pode fazer isso. "Sim."

"Mentira."

"Não é."

"Você está me dizendo que não dá a mínima de maneira alguma se esse cara morrer? José aponta sua arma para Christian, e o frio se espalha mais, entorpecente e amargo. Eu ignoro isso. Não deixe
que eles vejam você suar. "Você está me dizendo que tem transado com esse cara, ficado com ele, passado todos os dias com ele e não tem nenhum sentimento por ele?"

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