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                                                METRALHA

- Tá aqui, um bife grelhado com farofa e cuscuz. - ele diz de uma forma seca pondo a comida na minha frente. - e um pastel de frango. - o 06 endireitou a coluna, ah mas eu mato.

Enquanto comia, o observava atender as mesas, pensando em como o conquistaria, se soubesse que homem era mais difícil que mulher, eu faria uma cura gay.

- Valeu Beb... Cara - ele percebeu que eu o encarava.

06 sempre foi assim, viu uma bunda já vai farejando que nem cachorro, mas nunca se envolveu com sentimento. Se ele conseguisse pegar o turista, comeria e dispensaria no mesmo dia, ele é meio filho da puta, mas acho que isso acontece dês do ocorrido que ele me contou da adolescência dele.

Não posso discordar que sou assim.

Vejo que o Paraíba conversava com a dona Malva, decidi ir lá pra estressar ele um pouco.

- E aí coroa, tudo em cima? - quando ela me vê, da um sorriso.

- Oi meu filho, tudo bem com você? - ela segura em meu rosto e me dá um beijo na testa, eu dou um beijo na sua mão, as vezes sou meio cavalheiro.

- só nos corre né tia. - coloco meu braço em volta do ombro dela, o turista me olhava como se eu fosse inconveniente.

- Oh meu filho, tava conversando aqui com o Ricardo, você sabia que o Marcos vai voltar? - eu a olho com a sobrancelha arqueada.

- Quem? - depois de perguntar eu acabo lembrando, não falava muito com o Marcos, nunca fui muito chegado.

- Oxi - já tá falando que nem o turista - Marcos, o Marquitos, meu neguinho.

- Ah, sei sei. Aquele comedia. - ela me dá um tapa no braço - O que?!Só falei a verdade, ele nunca foi com a minha cara mesmo.

- te alui muleque. - ela me diz. que?

- Hum?

- significa: Presta atenção, jegue. - o Ricardo vira pra mim e me diz, com os braços cruzados e aquela cara de filho da puta afrontoso que me deixava louco.

- Tu olha como fala comigo, Paraíba. - tiro o braço da Malva e fico frente a frente com ele, tendo que olhar pra baixo pois esse desgraçado parece um anão campista. Com uma expressão seria, empurro 2 dedos no meio do seu peito, o fazendo se afastar um pouco e apoiar um pé atrás para se equilibrar. Ele me olhava com aquela cara de songamonga.

Pude sentir seu cheiro, ele exalava um leve aroma de colônia Ekos, precisei chegar muito perto para sentir, completamente falsificado, mas gostoso.

Eu desci meu olhar para os seus lábios, minha vontade de o beijar violentamente estava subindo a cabeça. Seus lábios tinham o formato cupid-lips, era levemente rosada e dava pra ver seus dentes da frente por estar com a boca levemente aberta. A tensão entre nós aumentou e ele abaixou a cabeça, virando o rosto pro lado. Tive a impressão de suas bochechas ficarem rosadas, o que me fez sorrir de lado. Ele não é de abaixar a cabeça assim tão fácil, pareceu ter ficado envergonhado e não intimidado.

Me afastei dele e olhei para minha tia, que nos olhava com uma sobrancelha arqueada. O Ricardo saiu e foi para dentro da despensa. Eu fiquei ainda conversando com a dona Malva.



                                                   RICARDO

No momento em que ele se aproxima de mim daquele jeito, pude sentir de perto o aroma do seu perfume, que parecia ser Malbec, um aroma amadeirado e bem forte. Seu olhar de repente desce para meus lábios, sua expressão séria e dominante me deixou com uma sensação de inferioridade, eu nunca gostei de me sentir inferior, mas por algum motivo, agora, senti arder um fogo dentro de mim, meus olhos brilharam e senti minhas bochechas esquentarem, eu abaixo a cabeça de vergonha, estava preocupado que ele percebesse algo.

O dono do morro e a luz da serra (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora