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Preparem-se ;)
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RICARDO

- mas assim, não pense que é só pagar um açaí pra mim, que você vai conseguir alguma coisa de mim. - Ele dá uma risada sem som e passa a língua nos dentes.

- Não esquenta, eu sei que você não é qualquer um. - ele passa a mão no cabelo e olha pros lados. - E não vai ser só um açaí. - por um momento eu me senti uma mulher fina e rica que faz homem de capacho e gasta o dinheiro dele. - Talvez sejam dois... e uma balinha de uva. - Foi por água abaixo.

- Palhaço. - dou um tapa no peito dele enquanto ele ria. Eu o ignorei e fui atender ao 06 e o galo que estavam ali.

- Eu tô te falando cara você tem que parar com essa parada de cheirar. - 06 Fala pro galo que estava de cabeça baixa. Eu me surpreendi com os assuntos deles. - isso vai acabar com a tua vida seu desgraçado!

- Eu já te falei que não dá! Por que não entende isso? - Galo fala virado pra ele, gesticulando com as mãos.

- Por que? Você nunca me diz. Tá sempre agindo estranho pra cima de mim! - Galo parece ter ficado um pouco quieto.

- Você não entende, eu só faço isso porquê... - eles percebem que eu estava ali, com o bloco na mão e me olham em silêncio.

- Ah... perdão. Querem o que? - encosto a caneta no papel.

- É... uma feijoada com torresmo. - ele fala sem graça e se vira pra frente. Eu viro o olhar para o Galo que olhava pro lado, como se estivesse magoado... ou, guardando algo.

- Nada, valeu. - ele diz desanimado. 06 olhou pra ele sério, como se quisesse continuar o assunto.

- Não, trás um prato completo de bife acebolado pra ele. Eu pago. - ele fala com uma expressão furiosa e cruza os braços, encostando as costas na cadeira.

Galo vira pra ele com uma expressão indignada, mas não diz nada. As vezes parece que ele tem medo do 06 ou vive atrás dele como um servo.

Mas, não sei do que exatamente ele tem medo. Afinal, 06 não parece ser agressivo, nem fisicamente nem verbalmente.

Do que ele tem medo? Eu me pergunto.

Bom, enfim.

- E você. - viro pro Metralha.- te decidiu, oh, poderoso chefão?

- Hum... vou querer o cuscuz da casa, com uma porção de frango a passarinho. - eu dou um leve sorriso.

- Vai pedir cuscuz de novo é? Tu não disse que não gostava? - apoio a mão no quadril e sustento o peso do corpo numa perna.

- Quem disse que eu gosto? Peço por dó. - dou uma lapada nele com o bloquinho.

Mesmo ele com aquele jeito grosseiro e babaca, eu sabia que era mentira. Mas mesmo assim eu fingia acreditar, já entendia esse lado meio irônico dele.

- Uma hora dessa macho! Te alui! - faço uma expressão raivosa e bato nele com a caneta. O que pareceu ter doído pois ele se esquivou e passou a mão em cima.

- Coé menor! respeita, porra! Sou o dono do morro! - ele fala de uma forma sarcástica e autoritária. Algumas pessoas olharam, provavelmente pensando "ele é louco de fazer isso"

- Meu amor, pode ser dono do mundo que tu não vai falar da minha comida desse jeito! Senta o rabo ali e te aquieta. - aponto pra cadeira dele com a caneta e me viro, saindo dali.

Metralha olha pras pessoas que fofocavam.

- Posso saber qual a conversinha dos filho da puta? - os homens que estavam na mesa se assustam e abaixam a cabeça, ficando quietos. Metralha se vira novamente e senta na cadeira.

O dono do morro e a luz da serra (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora