11

4.5K 425 217
                                    

METRALHA

Esses dias eu tenho andado um pouco apreensivo sobre os acontecimentos do morro. Hoje foram encontrados 4 corpos de uns adolescentes no meio da calçada, eu conhecia só 2 deles, que eram aquele Emo cabeludo e o cabeça. Aqueles 2 sempre foram confusão na quebrada, roubo, assalto, tiveram porte de arma aos 13 anos de idade, já foram pego pelos miliciano quando foram tentar assaltar no asfalto, só saíram porque eram menores de idade. Eles devem ter morrido por alguma divida não quitada, sempre foram desses, dançavam na cara do perigo e não aguentavam o tranco depois.

Mas, isso foi muito brutal por apenas uma dívida, não conheço nenhum trafica aqui que teria culhão pra isso, pode ter sido algo grande... bem grande.

Há uns anos atrás, quando eu nem era dono do morro ainda, quando o morro era comandado pelo Perigo, existia uma gangue de tráfico humano na favela, os cara sequestravam crianças e mulheres na calada da noite, com permissão do Perigo. Depois mandavam pra tudo que é lugar, México, EUA, Chile, até pra Rússia os cara tinha audácia de vender. Na época ninguém sabia dessa facção, somente eu, Galo e o 06. Tudo isso era comandado por um maluco chamado Farias, o cara era sangue ruim, não tinha um pingo de compaixão no coração, se aproveitava do dinheiro e das mulheres que o proporcionavam, não morava na favela, mas tinha  infiltrados morando aqui. Felizmente eu acabei com a porra toda quando tomei posse da favela, enviei tropas pra matar o desgraçado, dei um tiro na cara do Perigo e expus tudo que eles estavam fazendo, acabei com a merda toda.

Ou, pelo menos, achei que tinha acabado.

Mas, no momento não é hora de pensar nisso, só quero encher o pote hoje.

Coloquei uma camisa preta com estampa do Flamengo, uma calça jeans preta com um coldre de perna, realcei com um Rolex dourado no pulso, uma corrente de prata groumet grossa, um cinto o qual era mais escuro que a calça e um tênis Olympikus cinza.

Hoje decidi ir todo de preto, dar uma impressão mais fechada.

Pego um casaco bem grosso, daqueles de andar de moto e uma luva sem dedos, também pra andar na moto, mas eu não tenho essas frescuras, é só por estilo.

Saio do quarto em um andar largado, desço da escada, lá de baixo vejo Galo e 06 conversando, esses cara parece velcro, não desgruda nunca, que porra é essa?

- levanta o cu daí, caralho! - dou um tapa na cabeça deles.

- Aí! Faz isso não chefe, acabei de dar uma cheirada. - Galo diz, reviro os olhos e vou até a porta, eles pegam os seus rifles e me seguem.

Eu saio da casa e olho pro lado, vendo o Dênis dar uma geral no carro.

- Ei, senhor, posso ligar o carro? - Ele diz enquanto parava na minha frente.

- Não, tá de boa, nós vai de moto daqui. - eu ia sair, até que paro e o encaro, ele estava me olhando como se quisesse pedir algo. - Ah, caralho. Coé, tá a fim de ir, fogão?

- Obrigado, chefe! - ele sai e pega a magrela que estava encostada na parede, o desgraçado já veio pronto na intenção de ir.

Subo na moto e acelero, indo voando que nem uma águia subindo o morro.




                                               RICARDO

Olho pra frente e vejo que começamos a ouvir o pesadão tocando, tão alto que parecia estourar os ouvidos de quem estivesse sujeito a chegar perto.

- Que isso! Que baixaria é essa? Cadê meu piseiro? - Fabiane diz.

- Gata, nosso "piseiro" é feito pra sarrar em quem tiver na frente, e sentar em quem tiver atrás, pega a visão. - Marcos diz.

O dono do morro e a luz da serra (Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora