01.

471 41 148
                                    

დ

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Pessoalmente, gosto muito de cores. Talvez por isso tenha o costume de associá-las a tudo, buscando interesse nesse mundo tão triste. Vejo a sala de aula como um ambiente em cinza claro, neutro no início da manhã pelo vazio, mas que se torna vivaz com a chegada dos alunos.

Como uma selva ou um campo de batalha.

Cada alma brilha a seu modo. Gosto de me sentar paralela à porta e, como sempre sou a primeira a chegar no inferno, aproveito para observar cada estudante infeliz que adentra na sala de aula. Muitos vêm cabisbaixos, submissos à manhã cansada e cinzenta, já treinando a atitude escravizada que terão de tomar com a chegada dos Alfas. Ômegas tem a essência tragicamente azul; azul gelo, pálido e sem graça de quem teve a personalidade enjaulada pelo medo. Assim como eu, todos de minha "laia" chegam cedo e ocupam os primeiros lugares em silêncio e obedientes.

Excessivamente cinza, azul e sem graça. A sala exala o aroma doce e enjoativo de nossa natureza passiva, calma e "gentil". Os submissos.

Mais próximo do início das aulas, é vermelho que inunda o ambiente. Vermelho tirano, esnobe e violento, que late e rosna feito um cão de caça. Alfas tem, por natureza social e até biológica, traços dominantes ideais para um líder, mas agem como detentos em seus piores dias na prisão. Que alma marcada pelo medo não se encolhe diante de uma presença tão miseravelmente cruel? Os dominantes chegam rindo e gargalhando, abrindo espaço entre as carteiras com brutalidade, enquanto os Alfas que seguem atrás são aqueles que se submeteram à conquista dos baderneiros.

Não se engane ou tenha dó desses cães encoleirados; a perda do território não os torna dóceis ou menos nojentos.

São perdedores que se aliaram aos mais fortes, mas continuam sendo opressores de gente como nós.

Alfas se sentam atrás; são cães pastores cercando o rebanho de ovelhas, olhos famintos sempre atentos a cada movimento. Terá sorte se não começarem a infernizar você como fazem comigo. Kosei é o pior de todos – ele destruiu a sala no primeiro dia de aula em sua ridícula disputa de território. Saindo como o vencedor, apontou o dedo na cara de cada Ômega que ele desejava e as obrigou a fazer parte de seu harém, ameaçando as poucas que se rebelaram de reivindicá-las a força.

Tendo em mente o quão horrível seria estar presa a um chorume como Kosei pelo resto da vida, optei por aceitar a coleira espiritual até o fim de meus anos escolares. Se um Ômega é marcado – uma mordida bem dolorosa na nuca –, este ficará preso para sempre ao Alfa que o fez. O indicado é fazê-lo com alguém decente e que você tenha total certeza que será feliz ao lado do sujeito. Ou seja? Nunca se permita ser marcado, de preferência. Mas a natureza é ridícula e cruel de vez em quando. Durante o cio (que ocorre de três em três meses), ômegas sofrem de um "efeito colateral" que os deixa extremamente sensíveis e necessitados, visto que o corpo já se prepara naturalmente para reproduzir (até a exaustão, para ser bem sincera). Nesse curto período de três dias, os feromônios que são expelidos têm o péssimo (e ridículo) efeito de atrair Alfas e levá-los à loucura.

Puppy Eyes, Okkotsu YutaOnde histórias criam vida. Descubra agora