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"Dar boas-vindas ao novato". Kosei diz aquilo sorrindo de orelha a orelha e seus amigos riem da "piada" interna como se fosse algo engraçado. Já fui grandemente infeliz por presenciar muitas dessas boas-vindas, apesar de todos os Alfas no caso terem sido completos desgraçados, ver um abuso tão sério não é algo gostoso para se guardar na memória. A situação sempre piora quando a outra parte não cede – algo assim ocorreu ano passado, quando uma Alfa mulher decidiu que seria dona de tudo. Fora o espancamento em grupo, ouvi que Kosei tinha tirado dela sua "dignidade" e o ato foi o suficiente para fazê-la mudar de unidade com o rabo entre as pernas.

Não quis entrar mais a fundo e descobrir o que aquela tal "dignidade" significava. Fiz bem.

A ideia de ver qualquer coisa minimamente horrenda acontecer com aquele sujeitinho de aparência tão sensível me faz querer correr para longe dali. Por mais que não tenha ido com a cara de Yuta (não de todo), não estou muito à vontade com a ideia de fazê-lo sofrer por nada. Meu coração frágil e traidor decidiu simpatizar pelo Alfa de olhos azuis mais que o necessário.

Bom, posso ser muitas coisas, mas não um monstro.

A sala continua quieta, fora a conversação de Kosei com seus cães fiéis. Enquanto nenhum novo professor substitui a última, ele me tem por perto para esbanjar de minha presença como um troféu para o restante dos alunos. Inclusive, não duvido que Kosei queira me usar para afetar o garoto novo de alguma forma. Ainda mais tendo um ego e masculinidade tão frágil, exibir suas propriedades é o que o deixa mais tranquilo.

Mas não pertenço a ele. Nunca pertenci e nunca vou pertencer.

–T-tenho – começo, cerrando os dentes para que meu coração não pule fora de minha boca. Odeio a minha voz mansa e trêmula, o medo espinhoso em meu peito, mas não deveria ficar dando sorte ao azar desse jeito; Kosei não é muito fã de ser questionado tal qual eu detesto apanhar. Melhor baixar a cabeça a perdê-la na guilhotina. – Tenho mesmo que ir? N-não me importo com ele, então...

Com um olhar rápido, avisto Kazuya e Momoko em frente à porta. A dupla tem o olhar fixo em mim e Kosei, em especial Kazuya, que prometeu à minha irmã mais velha que faria de tudo pra me livrar de problemas. Ele é um Ômega franzino e baixinho com seus meros 1,59, mas, graças à autoridade dada pela minha irmã (antes conhecida como o "terror do campus"), ele consegue fazer alguns poucos Alfas baixarem a cabeça.

Kosei não é um deles, infelizmente. O Alfa arqueia uma sobrancelha em minha direção, alheio aos olhares de meus dois amigos. Ele não poderia se importar menos.

–Tem. – Responde simplesmente antes de me puxar para mais perto de seu corpo. Sua colônia é forte, fragrância amadeirada meio ardida. Combina muito bem com ele; algo sem sutileza e marcante. Kosei penteia os cabelos negros lotados de gel para trás – Precisamos ver as intenções dele, certo? Fora que você pareceu muito interessada mais cedo... – Kosei acaricia minha bochecha com o polegar e me olha cheio de intensidade, insinuando ao sorrir.

Puppy Eyes, Okkotsu YutaOnde histórias criam vida. Descubra agora