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Yuta mora em um apartamento relativamente, não, não... grande até demais. Faz sentido, afinal, ser um parente tão próximo de pessoas famosas deve te render um dinheirinho de graça..., mas é difícil não se se surpreender com a diferença existente entre nós – financeira, é claro. Não me atenho aos pequenos detalhes; como o fato de ele ter um cartãozinho magnético para abrir as portas de vidro, os grandes jardins de inverno no hall de entrada... o fato de que ele tem um andar inteiro só para ele (no caso, a cobertura) e as maçanetas trancadas com digital. Ah, eu nem sabia que isso existia.
–Vou cadastrar a sua ainda hoje – Yuta sorri, indicando o sensor digital da maçaneta, e abre espaço para que eu entre primeiro em seu apartamento. O pequeno corredor tem paredes de pedra clara enfeitada por um jardim vertical e luzes no canto do assoalho de madeira. Hesitante, apenas o encaro. – Aí você pode vir sempre que quiser sem nem avisar. A casa é sua, de qualquer forma.
–N-não é assim que funciona, sabe...
–É sim. – Me puxando para dentro pelo pulso, Yuta fecha a porta e me abraça por trás, deixando seu queixo apoiado em minha cabeça. Mal consigo me concentrar nos arredores graças às batidas retumbantes de meu coração e... o cheiro tão presente dele. – Você é minha parceira, não é? Tudo o que é meu, é seu, inclusive a casa. E eu adoraria uma visita surpresa.
Estremeço. Seus dígitos invadem minhas roupas, roçando contra a pele de minha cintura de modo firme e gentil, um gesto bobo e que poderia ser inocente se não estivesse tão entregue aos meus próprios instintos no momento.
É difícil não ter vontade com o objeto de todos os meus desejos me atiçando de todas as formas possíveis.
–Conto com você quando meu cio chegar, também.
Aquilo me faz salivar. Eu quase me esqueci disso.
–Está perto...?
–Provavelmente... mas deve demorar uns dias ainda.
—Oh – Suprimo a decepção murcha e finjo não estar nem um pouco interessada em vê-lo sem controle. –Quanto tempo...? Para eu me preparar, sabe...
— Talvez uma semana... é volátil. Difícil ser certeiro. – Yuta coloca uma mão na base de minhas costas e me guia pelo apartamento.
Uma semana. É bom já conversar com alguém experiente e me preparar bem.
Alfas também tem a sua fase complicada, apesar de esta ser bem mais branda e controlável. O cio é comum tanto para Alfas quanto para Ômegas – é o instinto de sobrevivência por trás do desejo voraz de ter um companheiro e se reproduzir. Enquanto Ômegas experienciam o primeiro cio sexual entre os 15-17 anos, Alfas o tem só depois de acharem seu parceiro... ou como reação aos feromônios de um Ômega qualquer (antes de ser reivindicado). O organismo passa a tentar se moldar de acordo com o ciclo do Ômega, alinhando os cios para aumentar as chances de gravidez ao potencializar o efeito.
Por enquanto, Yuta ainda está “desregulado". O seu primeiro cio pode ocorrer entre uma a três semanas, contando a partir do meu último dia.
Estou ansiosa, mas preciso me concentrar no aqui e agora.
Passamos pelo hall de entrada e eu tento manter os olhos quietos na medida do possível. O estilo da decoração é moderno e minimalista, não variando muito as cores entre o preto, branco e cinza. Tem muito vidro em todo canto, inclusive os espelhados... Não fique olhando tanto, Asuka, que situação chata.
Seguimos por mais um corredor até a última porta. O quarto de Yuta ... é uma bagunça. Abro um sorrisinho discreto, caminhando em direção à cama amontoada de travesseiros, almofadas e cobertores. As cortinas estão fechadas, mas tudo se ilumina quando ele acende as luzes. Sem uma abertura para o ar circular, o cheiro dele é bem mais forte aqui dentro.
—Ah, eu-... – Yuta olha ao redor, transtornado e mordiscando o interior das bochechas. – É, não repara na bagunça. Eu só... é. É. É isso.
E ele sai andando, abre as cortinas e janelas dizendo que vai preparar nossa comida enquanto eu tomo um banho. Fico ali, parada, enquanto o Alfa percorre o quarto inteiro: pega uma toalha ali, abre uma porta lá, chinelos em um armário... e uma muda de roupas em outro. Não sei como me sinto, mas acho meio estranha a ideia de tomar banho na casa dele...
—Você... não quer ajuda pra fazer o almoço?
—Hein? Não...
—... Arrumar seu quarto?
—N-não! – Ele sacode as mãos. – Tá tão ruim assim? Eu arrumo, se você quiser!
Sacudo as mãos de volta.
—Não é isso! Só não quero parecer folgada, eu acho!
“Folgada”. Vejo espanto e preocupação escrito em seu rosto.
—Não pensa assim. Eu só queria fazer as coisas pra você, sabe...? – Ignorando o rubor nas bochechas, ele prossegue – tipo, uhm, mimar e tal. Você se importa?
Com a mente em branco, nego. Ele me mostra a suíte e me deixa ali para começar o almoço. A timidez só vem depois, fecho a porta arrepiada da cabeça aos pés e observo meu reflexo no espelho. Claro, estou vermelha e vivendo um sonho. Tiro as roupas e passo algum tempo decifrando os botões da ducha vertical. A semelhança com um painel de elevador (ou uma nave espacial) é gritante e eu me pergunto a necessidade desse tanto de... variações disponíveis. Certo, a torneira da água, depois do aquecimento e...
Abro o chuveiro, quase me afogando com a potência da água no processo, que força respingos dentro de minhas narinas. Engasgo e solto um gritinho ridículo, mais parecido com o guincho de um porco. Todos os botões do painel estão ligados, essa deve ser a configuração normal dos banhos de Yuta.
Jatos bem potentes de água!
Desconfiguro tudo, diminuindo a potência e a quantidade de jatos para tomar o banho mais gostoso que tive em tempos. Saio dali com o cheiro dele na pele e cabelos, cafungando o blusão que me foi emprestado até chegar à cama bagunçada e me emaranhar ali. É tão gostoso... mesmo não estando no cio, o cheirinho dele continua sendo tão... viciante. Tem algumas peças de roupa perdidas no meio do edredom, as quais puxo para mais perto.
Logo, Yuta me chama para almoçar e me olha todo sorridente em sua cama. “No fim, você gostou da bagunça, né?”. Comemos arroz, batatas com carne cozida, salada e grão de bico (o que mostra que ele planejou tudo isso ontem). Depois, ele me deixa de novo no quarto e vai tomar o próprio banho. Penso no quão acostumada já estou à essa situação toda; ainda não disse que o amo nem nada do tipo, mas poderia viver uma vida de casados facilmente ao lado dele.
Ser parceira de alguém... é isso, né. Talvez devesse ser mais romântica já os sentimentos são inevitáveis, então beijar na boca agora não vai ser um problema, certo? Puxo meu telefone e chamo minha irmã para conversar sobre o assunto.

Puppy Eyes, Okkotsu YutaOnde histórias criam vida. Descubra agora