Almas gêmeas existem, só são muito difíceis de encontrar.
Asuka vive em um mundo em que muitas coisas são determinadas pelo sangue. Dentre elas, a dominância e subordinação é o que atualmente molda a sociedade. Sendo uma Ômega, por natureza submissa...
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Em situações normais, Alfas costumam marcar seus Ômegas durante o sexo. O motivo disso é simples: a dor é insuportável. A mordida deve ser forte ao ponto de tirar sangue e criar uma cicatriz para a vida toda e, como os dentes da espécie humana não são de todo pontiagudos, a ação fica ainda mais difícil de ser executada. No entanto, os feromônios e a adrenalina liberados durante o sexo servem de anestesia, na verdade, tornam a reinvindicação em algo prazeroso e que passa a ser repetido toda vez – possessividade disfarçada de carinho e adoração.
Esse não é o caso, claramente.
Dor é tudo que sinto e vejo; como um filtro diante de meus olhos, ela retorce o cenário em ondas vagarosas e estranhas, nauseantes até. Os sons são abafados, mas sei que estou gritando pela ardência pungente em minha garganta já seca. Estou enjoada, muito enjoada. Me apoio no chão com as duas mãos, lágrimas caindo diretamente em meus dedos. Não posso me mover muito com os dentes dele me segurando dessa forma tão dolorida.
Sinto raiva e repulsa, ao ponto de tentar estapeá-lo no meu último impulso.
Mas tudo acaba de repente.
E tenho paz.
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Acordo aos prantos na enfermaria, presa em minha própria mediocridade para me mover mais que um milímetro na maca. Ela tinha acabado de enfiar a agulha em meu braço para me lotar de supressores – a única coisa que poderia normalizar a queimação crescente em meu corpo se não o contato físico com meu mais novo parceiro. É normal ter os feromônios descontrolados depois da marca, mas a enfermaria cheirava a sexo por minha causa e isso é extremamente aversivo. Vomitei duas vezes antes do supressor começar a fazer efeito e eu me acalmar outra vez.
–Vai ficar tudo bem, querida, agora descanse. – A enfermeira puxa um lençol branco e cobre meu corpo trêmulo com delicadeza. Percebo que estou limpa, sem nem um traço de suor ou vômito; devo ter desmaiado de novo sem perceber. Gostaria de agradecê-la, mas o ato exige muito de mim. Falar é muito difícil quando sua garganta arde tanto quanto as brasas do inferno. – Vou chamar seu namoradinho pra ficar do seu lado.
