Almas gêmeas existem, só são muito difíceis de encontrar.
Asuka vive em um mundo em que muitas coisas são determinadas pelo sangue. Dentre elas, a dominância e subordinação é o que atualmente molda a sociedade. Sendo uma Ômega, por natureza submissa...
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A revelação é um impacto pesado, como se fosse atropelada por um caminhão de carga ou pior. Brigas entre Alfas não são de todo uma ocorrência incomum, mas Yuta me pareceu uma exceção à regra até o momento. A natureza não perdoa.
–Disputa de território...? – Chuto tentativamente, curiosa demais para abandonar o assunto esquisito e desconfortável. Mal gosto de me lembrar do quão machucado ele ficou após a briga com Kosei; quem dirá imaginá-lo quase cometer um assassinato.
Maki balança a cabeça e grunhe, desviando o olhar como quem não tem muito gosto pelo assunto, diferente de Nobara.
–Então, meio que não dá pra saber o reaaal motivo. Foi bem de repente. – A morena faz pose para o espelho, de frente e, então, de costas para analisar a forma como a renda contorna as nádegas. – 'Tava tudo certo até descobrirmos que o Yuta 'tava amassando no soco um Alfa qualquer em uma sala deserta. Foi uma gritaria sem igual, mas eu passo pano; o cara era um babaca. Nesse caso, o motivo não importa muito.
–Fato. Mas não deixa de ser estranho vindo daquele... palerma, com todo o respeito. – Maki dá tapinhas em minhas costas, mas não demonstra qualquer traço de remorso pelas palavras. – Normalmente ele não faria mal a uma mosca... eu acho.
–Acredite, estamos com ele há bastante tempo; Yuta é um brotinho de felicidade e mansidão. Um Golden Retriever... ou um Husky siberiano!
–Bom, não é como se pudéssemos entender a cabeça de um Alfa, de qualquer jeito. – Maki dá de ombros. – Eles funcionam na base da violência.
Fico em silêncio dessa vez. Nobara mudou de assunto rapidamente depois de vestir um conjunto rosa particularmente chamativo e, eu, desisti das minhas perguntas. Elas deixaram claro que não teriam as respostas mais claras.
Mas as palavras de Maki ficam gravadas em minha mente. "Eles funcionam na base da violência". Não consigo evitar e penso em Kosei, no quão quieto ele está mesmo depois de toda aquela confusão.
Yuta e eu nos despedimos dos outros antes das luzes para a noite serem acesas. Não conto a ele minha conversa com suas amigas, mas passo a observá-lo com um pouco mais de atenção – é difícil ignorar que seu namorado quase matou uma pessoa e ninguém sabe o motivo certo. Mesmo que tenha sido um Alfa, é desconfortável.
Yuta me acompanha até em casa, implorando para que permaneça apenas aquela noite ao seu lado. Nego, ele faz bico e só vai embora quando aceno e fecho a porta de casa. Não sou recepcionada por ninguém, então tomo um banho e vou procurar eu mesma por Haruka em seu quarto de princesa.
–Opa – Ela cumprimenta sem erguer o olhar do livro. Deitada em sua cama, ela balança a perna cruzada ansiosamente. – 'peraí que você chegou na melhor parte do livro.
Reviro os olhos e subo na cama para deitar ao seu lado. Mesmo forte, já estou acostumada ao seu cheiro e me sinto bem ao me agarrar a seu corpo em busca de conforto e segurança. Ela me dá tapinhas leves na cabeça e me deixa ali.
