Sem fugir

663 90 111
                                    

— Caramba, Nishimura...

Shotaro estava abismado com a mudança no cabelo de Riki, que brincava com os fios escuros e meio embaraçados enquanto Haku abriu a boca e ficou daquela forma como se a tela tivesse travado, até assustar os dois rapazes praticamente gritando.

— Ficou muito bonito e combinou mais que o loiro, mas por que estamos ignorando que ELE QUASE BEIJOU O SUNOO?

Riki automaticamente retirou os fones do ouvido e os colocou de volta ao recuperar o ritmo padrão dos batimentos cardíacos.

— Não precisa gritar não. — ele massageia o próprio peito. — Foi ele quem quase me beijou.

— O que importa é que quase rolou um beijo, Riki! — estava tão pasmado que sua voz saía mais estridente.

— Eu já falei, Haku. — o mais novo suspira para reunir paciência e explicar novamente seu ponto de vista — Ele só estava confuso, achou que deveria me beijar para agradecer o apoio que eu estava o dando, entende?

— Não acho que tenha sido só isso. — Shotaro se posiciona e Haku balança a cabeça, concordando com sua fala.

— Ele gostar de garotos não significa que ele gosta especificamente de mim.

Independente do que os rapazes dissessem, Riki não conseguia acreditar que Sunoo poderia ter desenvolvido sentimentos românticos por ele após passar uma quantidade considerável de tempo o tratando de maneira horrível.

Para ele, não passava disso: sentimentos confusos, e que Sunoo estava apenas querendo retribuir tudo que ele estava fazendo e achou que beijá-lo seria a forma mais correta de demonstrar sua gratidão.

— Você não disse que ficou parado, esperando que ele simplesmente beijasse? — Haku relembrou, voltando a teorizar.

— Eu não sabia o que fazer!

Seus amigos ainda não estão convictos de sua justificativa, mas não prolongam o assunto para evitar causar uma discussão, visto que a raiva já começava a se manifestar em Riki.

Se a teoria deles estivesse correta, Sunoo não teria voltado a tratá-lo de maneira estranha toda vez que se viam depois do ocorrido na casa de Jungwon, sempre se calando mais, evitando contato visual e cortando as conversas pela metade.

Sunoo só visualizava as mensagens do grupo e nunca mais enviou nenhuma para Riki, que se recusava a colocar o orgulho a parte e tomar uma iniciativa, mas também respeitava o tempo e o espaço de Sunoo, esperando que ele conseguisse organizar os sentimentos dele e decidir o que realmente queria.

[...]

Lá se foram mais duas tortuosas semanas quais Riki fingiu que o afastamento de Sunoo não lhe machucava, mas usava o cabelo preto para esconder os olhos decepcionados toda vez que notava o mais velho se distanciar e guardar as palavras dentro de si.

Até a manhã em que ele se retirou da sala de aula para usar o banheiro e andou receoso pelo corredor largo, sentindo que algo estava errado. Cogitou descartar a ideia e retornar para a sala quando escutou algumas pancadas vindas de trás da porta pesada junto a alguns barulhos não identificáveis, até ouvir o nome de Sunoo ser mencionado entre as vozes desconhecidas.

Riki empurrou a porta e adentrou o local, capturando o exato momento em que Sunoo estava sendo encurralado no canto da parede pelos dois altos jogadores de basquete que sempre faziam um barulho infernal nos intervalos, enquanto o mais baixo deles estava mais afastado, observando a cena e mexendo nos dedos apreensivos, mas não conseguia recordar os nomes deles.

O de cabelo platinado cutucava suas costelas e mostrava, através de risadas maldosas, que estava se divertindo com a expressão apavorada de Sunoo, enquanto o de cabelo preto tentava arrancar de suas mãos um caderno com quase o mesmo tom de rosa de seu cabelo.

com amor, sem dor • sunkiOnde histórias criam vida. Descubra agora