Sem outras intenções

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— Isso é tão coisa de dorama.

Haku continuava criando ilusões com a cena descrita por Riki, onde Jungwon dividiu seu guarda-chuva e o acompanhou até em casa, insistindo que aquela era a oportunidade perfeita para vivenciar um daqueles romances clichês dos anos 2000 que Shotaro adora.

— Ele só estava sendo gentil.  — Riki diz como se fosse óbvio — Não consegui descobrir muita coisa. O que tem a ver Sunoo ser "diferente" — fez aspas com os dedos — e inseguro, com o segredo envolvendo meu nome?

— Também não entendi essa parte. — Haku nega com a cabeça — Mas, pelo menos, agora sabemos que eles não namoram.

Ele demonstrava ter uma impaciência maior que a de Riki para descobrir o que escondiam, como se envolvesse o seu nome também.

Odiava insistir na mesma coisa diversas vezes, e mesmo com a curiosidade o consumindo para fazer Sunoo e Jungwon confessarem algo, estava exausto de brincar de gato e rato, perseguindo uma verdade oculta.

— Vou tentar amanhã de novo, mas caso eu não consiga, vou desistir.

Haku não tenta convencer Riki a prosseguir com aquele plano e apoia sua escolha de abandonar aquela caçada interminável pelo segredo, mesmo que isso pudesse matá-lo de curiosidade.

Pouco antes da voz da mãe de Haku ser ouvida no fundo da chamada de vídeo, Riki nota que atrás do amigo, na parede cinza, há um novo desenho de alienígena grudado junto aos outros.

Não entendia essa obsessão que ele possuía por alienígenas, sempre tendo um emaranhado de rascunhos inacabados ou desenhos coloridos deles em vários estilos, pelúcias, chaveiros e até mesmo um óculos que ele sempre carregava dentro da bolsa para encontrar a oportunidade perfeita de usá-lo.

Nunca esquecia da vez em que Haku se recusou a deixar a loja de conveniências sem uma pelúcia de alienígena que viu dentro da máquina do lado de fora, mas o dinheiro já havia acabado, então sua brilhante ideia foi se abaixar e enfiar o braço dentro do compartimento onde as pelúcias caíam.

Ele o estendeu o máximo que pôde e Riki, sendo um ótimo e racional amigo, o auxiliou nesse plano e começou a balançar a máquina, aproveitando que a pelúcia estava próxima de ser apanhada, enquanto Shotaro olhava em volta para assegurar que ninguém os pegaria fazendo aquilo.

Após falharem no esquema, Haku desistiu e deitou no chão com todos os membros esticados, choramingando enquanto Shotaro tentava o consolar e Riki chutava a máquina como uma punição por ter magoado seu amigo.

No dia seguinte, Shotaro passou por lá com dinheiro a mais no bolso e todos os truques que aprendeu na internet para conseguir derrotar aquela maldita máquina e conquistar a pelúcia de alienígena para Haku, que ficou tão feliz que começou a chorar, o agradecendo continuamente.

— Mais tarde a gente se fala, Iki. — ele acena para a câmera e põe um fim na ligação.

Riki continua arquitetando uma forma de adquirir uma confissão, mesmo sabendo que a verdade é revelada espontaneamente, e não adquirida através da força e da insistência.

Era errado pressioná-los dessa forma, mas a partir do momento em que mencionaram seu nome, se tornou um direito dele descobrir o que era, certo?

[...]

Riki não imaginou que acordaria tão desmotivado no dia seguinte, mesmo decidido a tentar, pela última vez, conversar com Jungwon e Sunoo sobre aquilo.

O céu continuava cinzento como se estivesse deprimido, não podia fingir que tinha a capacidade de animá-lo, mas, pelo menos, não havia previsão de chuva e isso serviu para tranquilizá-lo um pouco.

com amor, sem dor • sunkiOnde histórias criam vida. Descubra agora