Sem admitir o erro

1K 116 206
                                    

— Estou te falando, cara!

Riki contava para Haku a experiência estranha e ligeiramente embaraçosa que vivenciou com a dupla mais cedo, assim como o contava cada mínima coisa que acontecia em sua vida.

— Eles são... tipo Yin e Yang, não? — Haku comenta, fazendo Riki arquear a sobrancelha — Faz sentido, porque Yang é o sobrenome de um deles, e eles têm personalidades opostas.

Haku era sempre imprevisível e isso o cansava um pouco, porque era praticamente impossível ler sua mente indecifrável e ler seus movimentos, Shotaro costumava dizer que nem mesmo um vidente conseguiria prevê-lo.

— Aquele garoto me tratou como lixo só porque esbarrei nele sem querer — continuou reclamando disso — Se eu soubesse que isso aconteceria, teria feito pior. Teria derrubado ele na frente de todos.

— Qual é, Iki — Haku inclina a cabeça para o lado — Nem você acredita nisso.

— Como assim? — Riki percebe seu sorriso debochado.

— Não querendo ofender, mas você é tipo — ele fez um gesto com os dedos, insinuando que Riki era minúsculo — E não tem força suficiente para derrubar alguém, você até foge de brigas!

— Fica quieto, vai — ele revira os olhos ao escutar a risada do mais velho pelos fones de ouvido — Mas ele foi muito exagerado, fez toda aquela cena por ciúmes também.

— Se alguém chegasse com toda essa intimidade para cima de mim e Shotaro, você reagiria igual.

— O quê? — sentiu-se genuinamente ofendido com o comentário — Nunca! Porque sei que sou o favorito de vocês, e outra, Jungwon quem chegou na maior intimidade!

Haku deu de ombros, percebendo que Riki tinha razão e odiava admitir isso. Do trio, apenas Shotaro tinha coragem suficiente para reconhecer quando errava, mas Haku era tão orgulhoso quanto Riki e ambos nunca davam o braço a torcer.

Era inesquecível a vez em que ficaram cerca de uma semana inteira sem se falar porque Haku não quis admitir que roubou no Uno, escondendo metade das cartas no bolso do moletom, e Riki, sendo o garoto mais competitivo do mundo para jogos, começou a ignorá-lo até que Shotaro o fizesse confessar a trapaça para instalar a harmonia no trio novamente.

Uma das poucas vantagens positivas de ter se mudado é que Haku não poderia trapacear em jogos virtuais, assim não ocasionaria brigas pela conquista da vitória, talvez apenas um celular ou computador quebrado, bloqueio em redes sociais, nada além disso.

— Como um garoto tão legal quanto Jungwon é capaz de ser amigo de um garoto tão insuportável quanto Sunoo?

— Só pode ser paixão encubada.

— O quê?

— Você está reclamando desse menino há meia hora, Riki.

Haku apenas chuta a quantidade de tempo, pois, com certeza, fazia muito mais do que apenas trinta minutos. Aquilo ofende Riki muito mais que o comentário anterior e ele sequer soube como responder, apenas abriu a boca desacreditado, observando as expressões exageradas do japonês pela tela.

— Você acha que eu, Nishimura Riki, me submeteria a gostar de alguém como Kim Sunoo? — aponta para si mesmo enquanto indaga.

— Acho.

— Está achando errado! — a forma curta e direta como Haku o responde lhe dá nos nervos — Nunca mais quero ficar perto desse menino.

E assim, ele encerra a chamada de vídeo antes que acabasse se irritando ainda mais com Haku caçoando de sua cara e toda aquela situação, mas permanece com aquele questionamento preso na cabeça.

com amor, sem dor • sunkiOnde histórias criam vida. Descubra agora