Sem cura

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— Isso é um grande avanço!

Shotaro comemorava com algumas palmas, se mostrando muito mais animado que o próprio Riki, enquanto Haku apenas ria de jeito convencido.

— Eu falei que aquela raiva toda não passava de paixão encubada. — ele disse passando a língua no interior da bochecha e balançando positivamente a cabeça.

— Você parece Konon e Sola falando assim. — o mais novo revira os olhos — Não gosto de Sunoo, somos apenas amigos.

— Não foi você quem disse que nunca mais queria estar perto dele? — Haku colocou o indicador no queixo e olhou para cima, fingindo que estava pensativo — E que depois de descobrir o segredo, iria dar no pé?

Shotaro observou o pequeno debate com um sorriso que fez seus olhos reduzirem de tamanho, aguardando pela resposta de Riki, mas o mais novo apenas suspirou derrotado e levou a mão até o pescoço, escolhendo uma alegação incontestável que seria capaz de calar Haku.

— Sunoo é menos pior do que pensei. — sua voz fica mais grave devido à entonação utilizada — Ele só precisa de um incentivo para experienciar as coisas, sabe?

— Você está conseguindo, Riki. — Shotaro o determina — Comparando o Sunoo de antes com o de agora, de acordo com sua descrição, é nítido que você pode mudar ele.

Riki estava sendo o maior responsável por influenciar Sunoo a se arriscar mais, assim como fazia com Shotaro no Japão. O que ele fez em, aproximadamente, um mês, Jungwon não fez em anos de amizade. Não porque é um incompetente, mas, sim, porque é responsável e um pouco intranquilo.

O Yang não conseguia dormir à noite, sabendo que o Kim poderia estar correndo perigo, ou antes de receber uma confirmação de que tudo estava bem para sossegar a cabeça no travesseiro.

Havia atividades que Riki e Sunoo realizavam juntos que precisavam esconder de Jungwon, pois o conheciam o bastante para saber que ele poderia surtar e dar uma palestra interminável sobre os mais variados perigos que poderiam correr.

Todavia, era necessário ter cautela ao idealizar suas palavras e ações, pois Sunoo poderia ser extremamente instável e isso poderia ser perigoso até mesmo para Riki. Era como pisar em ovos o tempo inteiro, qualquer passo em falso acabaria destruindo tudo.

Pensando como John Green pensou quando descreveu Miles e Alasca em Quem é você, Alasca? Se as pessoas fossem chuvas, Riki seria uma garoa e Sunoo um furacão.

Batidas na porta do quarto interromperam a chamada do trio e Riki permitiu a entrada de quem estava do outro lado. Sola empurrou a madeira até conseguir se esgueirar para dentro do cômodo e balançou uma folha de papel com um pequeno sorriso no canto da boca, trazendo problemas consigo.

— A primeira tarefa de Física do mês. — havia um tom maligno presente em sua voz.

Riki grunhiu de raiva da sua versão passada mesmo sabendo que isso aconteceria e jogou o corpo para trás até as costas baterem na cabeceira da cama.

— Aceitou, agora aguenta. — ela colocou o papel sobre a cama — Não vai querer que eu conte para a mamãe que...

— Me contar o quê? — a mulher, que estava passando pelo corredor, ouviu essa última parte e se encostou no batente da porta.

Ela alternou o olhar entre seus dois filhos, aguardando por uma explicação, enquanto eles engoliram em seco sem conseguir armar uma desculpa persuasiva com tanta rapidez.

— É que... — Riki começa e lança um sorriso nervoso para Sola.

— O Riki, ele... — a mais nova tenta auxiliar, enrolando para entregar uma justificava razoável — Ele anda comendo sorvete antes da janta, acredita nisso, mamãe?!

com amor, sem dor • sunkiOnde histórias criam vida. Descubra agora