III - Vá e chore, pequeno garotinho.

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Bem vindos ao terceiro capítulo de Flores em Outubro! ☆

Hoje teremos nosso primeiro p.o.v do Jeongoo, amaram? Vamos conhecer um pouco mais a fundo da vida da nossa duplinha favorita.

Lembrem-se de VOTAR e COMENTAR nos capítulos! Isso me faz entender que vocês estão gostando da história! Eu realmente AMO ler comentários ao longo do capítulo e ficaria feliz se vocês fizessem comentários pelos parágrafos. 🫶

Boa leitura!

Jimin

Em questão de segundos minha felicidade e paz sumiram como num passo de mágica. É incrível como meu pai traz uma energia horrorosa com si em todo lugar que chega. Chega a ser assustador. É como se ele trouxesse o preto e branco para um lugar colorido, retirando toda a magia, matando todas as flores que lutaram tanto para crescerem, trazendo tempestades de chuva com raios, matando toda aquela flora que ali havia. E eu me sinto como a jovem flor que pensou que estava indo bem em sua vidinha mágica e cheia de cor, quando de repente tudo se torna escuro.

Parece dramático, não é? Mas não é exagero, eu realmente me sinto assim. Tudo que fiz foi pegar meu lanche e tentar correr para meu quarto antes que ele percebesse minha presença ali, mas eu demorei demais.

— Jimin? — Ele me chamou. Eu engoli em seco e me virei lentamente, encontrando seu olhar frio.

— Papai. — Respondi.

— Comendo besteiras de novo? Vai engordar desse jeito. — Ele jogou suas chaves sobre a cômoda que havia ao lado da porta principal  e afrouxou sua gravata.

— Estava cansado, quis comer algo mais rápido... e faz tempo que não como coisas assim. — Falei num volume fraco, abaixando um pouco meu olhar.

— Cansado? De que? Quem está cansado sou eu que passei o dia todo trabalhando para manter sua vidinha fácil enquanto você apenas estuda e nem isso faz direito. — Ele aumentou o tom de voz.

E lá vamos nós. Pela milésima vez.

— Eu tive teatro hoje também. — Comentei.

— E o que muda? Você nem pra atuar presta. — Riu num sopro, então se jogou no sofá de forma desleixada e pegou seu celular.

— Eu só preciso ensaiar mais, subir no palco leva tempo, papai. — Respirei fundo. Eu queria sair dali, me esconder em qualquer lugar e só sair no dia seguinte. Mas sei que se eu fizer isso sem ele ter terminado uma conversa, irá ser pior.

— Você faz essa merda desde os quatro anos e nunca fez algo útil naquele palco, acha mesmo que vai ter um futuro nisso? Acorda, garoto! Você não tem talento algum, a única coisa que faz é jogar meu dinheiro fora assim como sua mãe fez. — Ele acendeu um cigarro e o colocou na boca.

— Desculpa. — Eu senti meus olhos arderem e minha voz começar a falhar, minha respiração já não estava estável porque eu estava nervoso. Eu estava sentindo tudo desabar de novo. Já não bastava eu escutar isso do meu professor, ainda tenho que escutar do meu próprio pai?

— Desculpas não vão trazer tudo que já gastei com você, não vai te fazer um grande ator e nem um bom aluno. Não sei por que caralhos sua mãe não ficou com sua guarda quando nos separamos, deve ser porque nem ela te aguenta. — Ele se levantou e foi para a cozinha. — Suba e vá estudar. Agora! E acho bom você não terminar isso tão cedo. — Ele gritou da cozinha e eu me encolhi um pouco. Odeio gritos, odeio com todas as minhas forças.

Subi ao meu quarto cabisbaixo, sem meu ânimo de antes, sem minha mente tranquila, sem fome, sem absolutamente nada além de culpa, medo e raiva.
Quando cheguei, vi Haru sair de sua cama e correr para mim. Ele sempre ficava no meu quarto até eu voltar, nunca entendi o porquê dele nunca ir correndo para a porta principal como os outros cachorros, mas assim está ótimo. Eu me agachei e deixei que ele subisse em meu colo, então deixei o que eu comia antes em cima de minha cômoda e fui para minha cama com ele, me sentando ali e começando a acariciá-lo. Haru se deitou de barriga para cima esperando por mais carinho e assim eu fiz. Eu estava me sentindo péssimo, um completo idiota e inútil, lagrimas ja escapavam de meus olhos mas ele ainda sim me tirava sorrisos e risadas apenas existindo. Às vezes sinto que só estou aqui por ele, porque se não sou eu para cuidar, ele morreria em pouco tempo, já que ninguém faz nada por ele além de mim.
Haru foi um presente de um tio que infelizmente já faleceu faz dois anos. Ele era o único que eu realmente sentia que cuidava de mim, que me amava. E depois que ele se foi, é como se ele tivesse vindo para o corpo de Haru para que pudesse cuidar de mim de alguma outra forma. E minha mãe? Ela não é alguém ruim, mas nunca esteve tão presente emocionalmente, ela fazia o básico e nada a mais. Não era uma mãe ruim, tenho boas memórias com ela, mas não me sentia tão acolhido e protegido ao seu lado. Diferente de quando eu estava com meu tio, que sempre que podia me trazia presentes mesmo que simples, fazia brincadeiras improvisadas, me contava inúmeras histórias para dormir e me trazia o que eu mais amava: Flores. Sempre fui apaixonado por flores e todo mês ele me trazia um buquê ou pelo menos algumas daquelas flores que eram especificamente de amarilis brancas, que se tornaram as minhas prediletas ao longo dos anos. Meu tio dizia que elas costumavam florescer em outubro para o meu aniversário, eu amava isso! Ele era simplesmente incrível e deixou comigo algo mais ainda: meu cachorrinho. Eu cuido dele com minha vida. Me lembro que pouco tempo antes dele falecer, ele me disse para eu não ficar triste porque eu encontraria outro alguém que me desse flores todos os meses, assim como ele fez. Então ele segurou minha mão, a apertou uma última vez, sorriu para mim e enfim descansou.

Flores Em 𝖮𝗎𝗍𝗎𝖻𝗋𝗈 - 𝗃𝗂 𝗆𝗂𝗇 '& 𝗃𝗎𝗇𝗀 𝗄𝗈𝗈𝗄. | hiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora