Agora?

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Los Angeles - California
4 semanas depois:

A porta do meu apartamento batia insistentemente e eu não queria ver ninguém.

Hoje era um daqueles dias que você acorda e só quer ficar rolando na cama até a hora de dormir de novo. E eu estava assim.

Minha cabeça estava uma bagunça, pesava entre "levanta dessa cama agora e vai viver" ou "você pode ficar, talvez ninguém perceba"

O problema é que o lançamento do meu livro, é hoje.

Tinha que estar na livraria The Last Bookstore às 13:00 da tarde.

Num pulo de coragem, levanto da cama com um cobertor enrolado nas costas e vou até a porta, descalça, descabelada e com o rímel borrado, com certeza

Puxo a maçaneta e a abro, dando de cara com ele

O fantasma que eu achava já estar enterrado a muito tempo dentro de mim

- Chris?

- Oi Mia. - Ele suspira, ansioso - Podemos conversar?

O ponto de interrogação deve estar explícito na minha testa agora

- Nós dois temos alguma coisa pra conversar?

- Só... - Ele fecha os olhos, implorando por atenção - Por favor, preciso falar com você.

- Tá, tá bom.

Cedo a passagem e ele entra um pouco afobado, passando por mim esperando eu fechar a porta

- Senta aí, quer beber alguma coisa? - Pergunto vendo ele se sentar em uma das pontas do sofá e balançar a cabeça em negativo

Eu mesmo assim, caminho até a cozinha e pego uma garrafa de vinho pra mim, sem taça nem nada, esse tipo de conversa que viria com certeza iria precisar de álcool

- Então, o que foi? - Me sento ao seu lado, me jogando no sofá sentindo meu corpo afundar ali

Ele me olha surpreso pela proximidade e pela garrafa na minha mão, mas dá de ombro e apoia a cabeça no encosto do sofá

Quando as palavras começam a sair da sua boca, a minha secava.

Chris me explicava o que tinha acontecido em relação ao seu agente

As ameaças, a gravação que ele também me mostrou, os documentos da sessão com a juíza, e o valor que eu iria receber de indenização que era absurdo

Eu não sabia o que responder, não sabia o que fazer

Só sentia uma vontade absurda de vomitar.

- Quando ele ameaçou você, eu precisei falar aquelas coisas. - Ele diz apoiando o cotovelo sobre as pernas - Precisei ir embora porque não podia deixar alguma coisa acontecer com você.

- Porque não confiou em mim e me contou? Talvez eu pudesse-

- Você ia me deixar ir embora se eu contasse?

- Não! Ma-

- Tem sua resposta então. - Ele pega a garrafa de vinho da minha mão e dá um gole - Eu não quero desistir de você, Mia. Foi necessário. Mas não quis dizer nada daquilo, eu amo você.

Um silêncio ensurdecedor toma conta da sala de casa, a única coisa que faz barulho é o relógio de parede conforme os ponteiros andavam

Eu não tinha raciocínio lógico agora, minha cabeça martelava com pensamentos aleatórios e meu coração estava disparado. Sentia como se fosse desmaiar a qualquer momento

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