Desde o momento em que fixou os olhos nela, linda enquanto se perdia entre os passos da coreografia de balé, Jungkook soube que seria ela. Seria ela a pessoa que gastaria todas as energias para ter em mãos, ela que iluminaria os cantos de escuridão...
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◞／❥ 𝑷𝒆𝒅𝒂𝒄̧𝒐 𝒅𝒆 𝑪𝒆́𝒖: 🦢ᵎ ִֶ
↝✯ 𝐽𝑒𝑜𝑛 𝐽𝑢𝑛𝑔𝑘𝑜𝑜𝑘
Eu ainda me lembro do dia da morte da minha mãe.
Dos sapatos vermelhos escorregando do corpo pendurado ao lado da janela do seu pequeno quarto, do cabelo negro cobrindo o rosto pálido, pendido no pescoço enrolado pelos lençóis da sua cama. Se eu fechasse bem os olhos e parasse para analisar por um estante, estaria de novo dentro daquela casa minúsculo, seu cheiro doce empestando o cenário de seu suicídio, o sol brilhante e vívido entrando pela janela aberta e tocando a pele fria.
Ainda vejo o meu eu de dezesseis anos parado por vários minutos na soleira da porta, percebendo que o mundo real é somente mais um pedaço do inferno, meus olhos fixos na pessoa que jamais sorriria para mim de novo, na única pessoa que já sorriu para mim, naquela que iluminava a escuridão do meu coração e fazia parecer que viver e não apenas existir poderia ser possível um dia.
Conseguia sentir o peso da mochila escapando do meu ombro enquanto meus pés finalmente conseguiram se mexer, ainda conseguia sentir o terror de quando percebi que ela realmente havia se enforcado, tirado a própria vida e me abandonado de vez em meu inferno particular.
E quando finalmente a toquei por um milésimo de segundo, e só senti a frieza da sua mão, vi diante dos meus olhos todos aqueles pequenos pedaços de felicidade desmoronarem bem na minha frente.
Eu e minha mãe vivemos toda a vida que tivemos juntos na pequena casa construída às pressas no terreno da Mansão Jeon. O lugar perfeito para estar sob os olhos do meu pai e de todo o seu controle, e ao mesmo tempo escondidos de todos e mantendo sua honra intocável.
Sua amante e seu filho bastardo presos na gaiola de sua ira.
"- Fique aqui e eu darei uma chance de futuro ao garoto". Foi o que ele disse para convencê-la a viver aquela vida que só a destruiu, enquanto buscava pela mínima possibilidade de eu de fato alcançar algum tipo de dignidade.
Ele me colocou nas mesmas escolas e aulas extracurriculares que o meu irmão mais velho, mas eu jamais fui capaz de usar meu sobrenome verdadeiro ou ao menos de comentar algo sobre nosso parentesco. Tudo o que ele fazia de bom para mim, vinha de um preço mortal a ser pago.
Via nos olhos da minha mãe a tristeza retorcida em sua alma ao perceber em que tipo de futuro se enfiou, ao notar a sentença que estava prescrita para sua infeliz existência. Me lembro do meu próprio ódio também, ao pensar que se eu não tivesse nascido, nada mais a prenderia a aquele inferno na terra que ela chamava de vida.
Tudo porque meu pai se apaixonou por ela, Yoon Minah, a bonita e inocente cantora de bar, que fez com que seus olhos brilhassem desde a primeira vez que a viu.
