Minha mãe me levou ao aeroporto com as janelas do carro abertas. Fazia 24 graus em Tóquio, o céu de um azul perfeito e sem nuvens. Eu estava com minha camiseta preferida — branca de mangas longas, com gravuras em japonês; eu a vesti como um gesto de despedida. Minha bagagem de mão
era um moletom.Em algum lugar próximo de Tokyo, existe uma cidadezinha chamada Musutafu, quase
constantemente debaixo de uma cobertura de nuvens. Chove mais nessa cidade insignificante do que em qualquer outro lugar do Japão. Foi desse lugar e de suas
sombras melancólicas e onipresentes que minha mãe fugiu comigo quando eu tinha apenas alguns meses de idade. Nessa cidade eu fui obrigado a passar um mês a cada verão até ter 14 anos.Foi então que finalmente bati o pé. Nos últimos três verões, meu pai, Hisashi, passou duas semanas de férias comigo na Capital. Era em Musutafu que agora eu me exilava — uma atitude que assumi com muito pavor. Eu detestava Musutafu. Eu adorava Tóquio. Adorava o sol e o calor intenso.Adorava a cidade vigorosa e esparramada.
— Deku — disse minha mãe, pela centésima vez, antes de eu entrar no avião —, você não precisa fazer isso.
Minha mãe é parecida comigo, a não ser pelo cabelo longo e pelo rosto risonho e redondo. Senti um espasmo de pânico ao fitar seus olhos arregalados e infantis. Como eu podia deixar que minha mãe amorosa, instável e descuidada se virasse sozinha? É claro que ela agora tinha o Toshinori, então as contas provavelmente seriam pagas, haveria comida na geladeira, gasolina no carro e alguém para chamar quando ela se perdesse, mas mesmo assim...
— Eu quero ir — menti. Sempre menti mal, mas ultimamente ando contando essa mentira com tanta frequência que agora parecia quase convincente.
— Diga a Hisashi que mandei lembranças.
— Vou dizer.
— Verei você em breve — insistiu ela. — Pode vir para casa quando quiser... Eu volto assim que você precisar de mim.
Mas eu podia ver, nos olhos dela, o sacrifício por trás da promessa.
— Não se preocupe comigo — insisti. — Vai ser ótimo. Eu te amo, mãe.
Ela me abraçou com força por um minuto e depois entrei no avião, e ela se foi.
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De Tóquio a Saitama são quatro horas de voo, outra hora em um pequeno avião até Shinjuku, depois uma hora de carro até Musutafu. Voar não me incomodava; a hora no carro com Hisashi, porém, era meio preocupante. Ele foi realmente gentil com tudo aquilo. Parecia realmente satisfeito que eu, pela primeira vez, fosse morar com ele por um período mais longo. Já me matriculara na escola e ia me ajudar a comprar um carro. Mas sem dúvida seria estranho com Hisashi. Não éramos o que se chamaria de falantes, e eu não sabia se havia
alguma coisa para dizer. Sabia que ele estava bastante confuso com minha decisão — como minha mãe antes de mim, eu não escondia o fato de detestar Musutafu.Quando pousamos em Shinjuku, estava chovendo. Não vi isso como um presságio — era apenas inevitável. Eu já tinha dado adeus ao sol. Hisashi me aguardava na radiopatrulha. Eu também esperava por isso. Hisashi é o chefe de polícia Midoriya para o
bom povo de Musutafu. Minha principal motivação por trás da compra de um carro, apesar da verba escassa, era que me recusava a circular pela cidade em um carro com luzes vermelhas e azuis no teto. Nada deixa o trânsito mais lento do que um policial.Hisashi me deu um abraço desajeitado com um só braço quando eu cambaleei para fora do avião.
— É bom ver você, Izu — disse ele, sorrindo enquanto automaticamente me segurava e me firmava. — Você não mudou muito. Como está a Inko?
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Twilight | •BakuDeku•
Fanfiction[Concluído] • • •「◆」• • • Nunca pensei muito em como morreria - embora nos últimos meses tivesse motivos suficientes para isso -, mas, mesmo que tivesse pensado, não teria imaginado que seria assim. Olhei fixamente, sem respirar, através do grande s...